Menu
Mundo

Órfãos da guerra na Ucrânia são resgatados por seus parentes

Após 17 meses de conflito, a quantidade de órfãos na Ucrânia transbordou o sistema de adoção – que já necessitava de uma grande reforma

Redação Jornal de Brasília

25/07/2023 11h15

Foto: Oleksandr GIMANOV / AFP

“Eu e papai comíamos salsichas”, diz Karina, de sete anos, que se lembra bem de sua vida antes da ofensiva russa. Depois de perder os pais enquanto fugia da guerra, Karina vive agora com sua tia, em Kiev.

Após 17 meses de conflito, a quantidade de órfãos na Ucrânia transbordou o sistema de adoção – que necessitava de uma grande reforma mesmo antes da guerra.

De acordo com os serviços sociais ucranianos, mais de 9 mil crianças ficaram órfãs devido ao conflito.

O pai e a mãe de Karina morreram quando a família tentava fugir da atacada região de Chernihiv, no norte do país, logo após o início da ofensiva em 2022.

O carro explodiu possivelmente por uma mina ou projétil e apenas Karina sobreviveu, apesar de ter sido arremessada pela janela do veículo e ter tido uma concussão, segundo sua tia, Ruslana Nosenko.

“Nas costas (…) ela tinha queimaduras roxas. Não cicatrizaram totalmente”, acrescentou a mulher de 22 anos que cuida de Karina desde que ela deixou o hospital.

“Fisicamente, acho que ela teve muita sorte, mas psicologicamente sofreu muito”, acrescentou ela.

Acordar chorando

Antes da invasão, mais de 100.000 crianças já viviam em orfanatos na Ucrânia. É o maior número do continente europeu, atrás apenas da Rússia, outro país onde essa questão se tornou um problema social

Atualmente, as autoridades ucranianas tentam colocar crianças órfãs em abrigos e com famílias, em troca de uma compensação financeira para quem aceitar cuidar delas. Eles também tentam facilitar o processo de adoção.

Apesar de todas essas medidas, a adoção continua impossível para a tia de Karina. “Precisa declarar renda, o que não é o meu caso. Não posso adotá-la porque ainda sou estudante”, explica Ruslana, mãe de uma criança.

Na ausência de adoção, a tia atua como tutora de Karina e a hospeda em seu apartamento em Kiev, onde a menina aprende a tocar piano.

Ruslana conta que foi ela quem teve que anunciar a morte do pai e da mãe para a menina, um mês depois do ocorrido.

“Estava muito nervosa e chorava muito” disse a tia, que lembra das noites que Karina acordava em prantos no meio da noite.

A primeira-dama ucraniana, Olena Zelenska, disse recentemente que proteger as crianças das consequências psicológicas da guerra é um desafio para a Ucrânia. Ela se mostrou preocupada com o “grande número de crianças que, como os adultos, sofrem de transtornos de ansiedade”.

© Agence France-Presse

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado