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Oceanos registraram novo recorde de temperatura em 2022, dizem especialistas

Os oceanos absorvem mais de 90% do excesso de calor provocado pelos gases de efeito estufa, gerados pela atividade humana

Redação Jornal de Brasília

11/01/2023 12h46

APTOS, CALIFORNIA – JANUARY 10: Gulls fly above breaking Pacific Ocean waves on January 10, 2022 in Aptos, California. The San Francisco Bay Area and much of Northern California continues to get drenched by powerful atmospheric river events that have brought high winds and flooding rains. The storms have toppled trees, flooded roads and cut power to tens of thousands. Storms are lined up over the Pacific Ocean and are expected to bring more rain and wind through the end of the week. Mario Tama/Getty Images/AFP (Photo by MARIO TAMA / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP)

Os oceanos do mundo, que absorvem a maior parte do calor causado pelas mudanças climáticas, estabeleceram novos recordes de temperatura no ano passado — revela um estudo publicado nesta quarta-feira (11).

“Os oceanos continuam aquecendo globalmente”, afirmam os autores deste relatório internacional, publicado na revista Advances in Atmospheric Sciences.

“O aumento inexorável das temperaturas oceânicas é resultado inevitável de um desequilíbrio energético da Terra, associado, principalmente, a uma crescente concentração de gases de efeito estufa”, descreveram os 24 autores de universidades americanas, chinesas e italianas.

Os oceanos absorvem mais de 90% do excesso de calor provocado pelos gases de efeito estufa, gerados pela atividade humana.

“A tendência de aquecimento em todo mundo é tão regular e robusta que, todos os anos, os recordes são batidos”, alertam esses especialistas procedentes de 16 centros de pesquisa.

O calor total contido nos oceanos, entre a superfície e uma profundidade de 2.000 metros, aumentou no ano passado em 10 zettajoules, ou seja, 1 joule (medida básica de calor) seguido de 22 zeros. Esse número é equivalente a cerca de 100 vezes a produção de eletricidade em todo mundo em 2022.

“O aquecimento global continua e se manifesta em níveis recordes de calor nos oceanos, bem como em níveis extremos de salinidade”, disse Lijing Cheng, principal autor do estudo.

O aquecimento das águas leva a um aumento de sua salinidade e à sua estratificação (separação em diferentes camadas). 

Isso significa que a acidez das águas aumenta e, ao mesmo tempo, não se misturam tão facilmente.

“Este último ponto confirma que as zonas salgadas são cada vez mais salgadas”, acrescentou Cheng.

Ambos os fenômenos podem alterar a troca de calor, carbono e oxigênio entre os oceanos e a atmosfera. Isso, por sua vez, tem consequências para a vida marinha e os ciclos da água.

Um pesadelo ecológico

“Os oceanos absorvem quase todo calor causado pelas emissões de CO2 da humanidade”, lembrou Michael Mann, professor da Universidade da Pensilvânia, coautor do estudo.

“Esse aquecimento continuará até atingirmos a neutralidade de carbono, então continuaremos quebrando recordes”, previu.

“Conhecer melhor os oceanos é a base das ações de combate às mudanças climáticas”, acrescentou Mann.

O fenômeno de aquecimento começou a ser detectado no final da década de 1950.

Conforme a água fica mais quente, o nível de oxigênio cai, o que é “um pesadelo não apenas para a vida e os ecossistemas aquáticos, mas também para os humanos e nossos ecossistemas terrestres”, demonstram os pesquisadores.

Um estudo do programa europeu de mudanças climáticas Copernicus revelou na terça-feira (10) que os últimos oito anos foram os mais quentes até o momento. Durante o período entre 2015 e 2022, cada ano registrou um aumento de pelo menos mais de 1°C em sua temperatura média, na comparação com a média pré-industrial.

Publicado pela resseguradora Munich Re, um outro relatório indicava que as catástrofes naturais causaram prejuízos avaliados em US$ 270 bilhões em 2022, um valor inferior ao registrado em 2021, de US$ 320 bilhões.

© Agence France-Presse

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