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Nova troca de reféns por prisioneiros entre Hamas e Israel antes do fim da trégua

Desde 24 de novembro, o acordo de trégua permitiu a libertação de 70 reféns israelenses e de 210 palestinos, estes últimos mulheres ou menores de 19 anos

Redação Jornal de Brasília

30/11/2023 0h11

Mohamed Abed/AFP

Um novo grupo de dez reféns israelenses foi libertado nesta quarta-feira (29) pelo Hamas em troca de 30 prisioneiros palestinos, poucas horas antes do fim da trégua entre Israel e o movimento islamista no poder em Gaza, que os Estados Unidos pressionam para prolongar.

Os dez reféns israelenses e quatro tailandeses libertados chegaram a Israel depois de passarem pelo Egito, informou na madrugada desta quinta-feira o escritório do primeiro-ministro israelense.

Cinco dos dez israelenses libertados têm dupla cidadania (um neerlandês, um americano e três alemães). Anteriormente, o Hamas havia libertado duas cidadãs russas fora do acordo.

Pouco depois, a autoridade penitenciária de Israel anunciou a libertação de mais 30 prisioneiros palestinos. Segundo o Catar, principal mediador das negociações, são 16 menores e 14 mulheres.

Este é o sexto intercâmbio desse tipo desde o início da trégua na sexta-feira passada.

As autoridades israelenses estimam que cerca de 240 pessoas foram sequestradas durante o sangrento ataque lançado pelo Hamas da Faixa de Gaza, que resultou na morte de cerca de 1.200 pessoas em Israel, a grande maioria civis.

Israel prometeu “aniquilar” o movimento islamista, no poder desde 2007 na Faixa de Gaza, e desde 7 de outubro até o início da trégua, realizou bombardeios contínuos no território palestino, resultando em 14.854 mortes, também em sua grande maioria civis, segundo o governo do Hamas.

A trégua, inicialmente de quatro dias e prorrogada por mais dois até esta quinta-feira, permitiu a entrada em peso de ajuda humanitária no território palestino, que enfrenta “uma catástrofe humanitária monumental”, denunciou o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres.

Blinken pressiona para prolongar trégua

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, chegou a Israel para tentar estender a trégua, que “permitiu a libertação de reféns e trabalhar na assistência humanitária para aqueles que precisam desesperadamente”, declarou nesta quarta-feira em Bruxelas.

Blinken planeja se encontrar em Tel Aviv com o presidente de Israel, Isaac Herzog, e com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. Ele também irá a Ramallah, sede da Autoridade Palestina na Cisjordânia ocupada.

Desde 24 de novembro, o acordo de trégua permitiu a libertação de 70 reféns israelenses e de 210 palestinos, estes últimos mulheres ou menores de 19 anos.

Entre os últimos prisioneiros libertados estava Ahed Tamimi, uma ativista de 22 anos que é símbolo da causa palestina contra a ocupação israelense.

Além disso, 27 reféns estrangeiros, em sua maioria tailandeses que moram em Israel, foram libertados fora do acordo.

O Hamas indicou que a maioria dos reféns está sob seu poder, mas também há reféns nas mãos de outros grupos armados palestinos.

Netanyahu prometeu novamente na terça-feira “libertar todos os reféns” do Hamas, um movimento considerado uma organização terrorista pelos Estados Unidos, União Europeia e Israel.

As discussões se anunciam complexas.

Uma fonte do Hamas indicou que o movimento islamista considera insatisfatórias as propostas israelenses para a extensão do acordo.

“A próxima etapa das negociações deve se concentrar na troca de prisioneiros com mais de 18 anos, e a resistência está preparada para essa etapa”, afirmou, acrescentando que tanto o Hamas quanto outros grupos armados palestinos estão “preparados para todas as opções”.

Um líder do Hamas também indicou que o movimento islamista está disposto a liberar os soldados israelenses sequestrados em troca da libertação de todos os palestinos detidos em Israel.

Por outro lado, o Exército israelense afirmou estar investigando um relatório do braço militar do Hamas sobre a morte em Gaza de um bebê de 10 meses, seu irmão de 4 anos e sua mãe, que estão na lista de reféns capturados pelo movimento islamista.

Na Cisjordânia, território palestino ocupado por Israel desde 1967, a Autoridade Palestina indicou que uma criança de oito anos e um adolescente de 15 anos morreram pelas mãos do Exército israelense no centro de Jenin.

Também houve confrontos em frente à prisão de Ofer na Cisjordânia antes da última libertação de prisioneiros, resultando em cinco palestinos feridos por tiros, sendo um deles gravemente, segundo o Crescente Vermelho.

“Risco de fome”

Apesar da chegada de centenas de caminhões carregados de ajuda humanitária através do Egito desde 24 de novembro, a situação continua sendo “catastrófica”, afirmou o Programa Mundial de Alimentos (PMA), que alertou para o “risco de fome”.

Segundo um funcionário da Casa Branca, a quantidade de ajuda humanitária que chega por estrada é de 2.000 caminhões de alimentos, combustível, medicamentos e equipamentos necessários ao funcionamento da infraestrutura de dessalinização da água do mar.

O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, considerou que uma pausa humanitária duradoura “é possível” com a condição de que “aqueles que têm influência a levem a sério”.

“A maior preocupação da OMS segue sendo ajudar o sistema de saúde de Gaza”, acrescentou. Somente 15 dos 36 hospitais do território funcionam, mas estão “completamente lotados”.

O Ministério da Saúde do Hamas afirmou nesta quarta-feira que cinco bebês prematuros foram encontrados mortos no hospital Al Nasr, na cidade de Gaza.

Segundo a ONU, mais de metade das casas do território foram danificadas ou destruídas pela guerra, que provocou o deslocamento de 1,7 milhão dos 2,4 milhões de habitantes da Faixa.

© Agence France-Presse

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