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Mundo

Menina de 6 anos desaparece em Gaza após bombardeio israelense

Os combates agora se intensificam no sul. Na Cidade de Gaza, no norte da Faixa, corpos foram deixados abandonados nas ruas

Redação Jornal de Brasília

06/02/2024 9h54

Foto: AFP

Hind Rajab, de 6 anos, estava em um carro com a família quando foram atingidos por disparos de tanque em Gaza. A menina sobreviveu e desapareceu. Assim como os socorristas que partiram em sua procura e de quem ninguém mais teve notícias.

Na Faixa de Gaza, devastada pela guerra com Israel, o misterioso desaparecimento desta pequena palestina assombra o seu avô, Baha Hamada, que não dorme há uma semana.

“Queremos saber o que aconteceu com ela, seja lá o que for. Não consigo imaginá-la entre os cadáveres, sem comida nem água e no frio extremo. Os cães e gatos comem os cadáveres”, diz este homem de 58 anos, agora deslocado para Rafah, no extremo sul da Faixa de Gaza.

“Fiquei assustada, apavorada e tive ferimentos nas costas, nas mãos e nos pés”, acrescenta ele, aos prantos.

A Cidade de Gaza está praticamente isolada do resto do território palestino há semanas.

As Nações Unidas denunciaram a impossibilidade de entregar ajuda humanitária às centenas de milhares de pessoas que permanecem no norte da Faixa, gravemente danificada desde o início da guerra, em outubro.

Os combates agora se intensificam no sul. Na Cidade de Gaza, no norte da Faixa, corpos foram deixados abandonados nas ruas e outros permaneceram presos sob os escombros dos prédios desabados.

No carro estavam a pequena Hind e Bashar, irmão de Hamada, sua cunhada e muitas outras crianças.

Eles tentavam fugir das forças israelenses no bairro de Tel al Hawa, mas encontraram tanques que supostamente abriram fogo.

Sem conexão

“Liguei para meu irmão e sua filha Layan atendeu. Ela me disse que seus pais e três irmãos morreram e que ela estava viva com Hind. Tentamos acalmá-la dizendo que chamaríamos uma ambulância”, disse o avô à AFP.

Hind então falou com sua mãe ao telefone. A menina disse que viu a ambulância chegando. “A mãe dela ouviu o som de uma porta de carro se abrindo e depois perdeu a conexão”, acrescenta.

Desde então, nada.

Layan, de 15 anos, morreu como todos os outros no carro. Mas e a pequena?

O Exército israelense não respondeu às perguntas da AFP sobre os disparos contra um carro cheio de civis. Nem sobre o destino da menina ou de quem foi procurá-la.

O Crescente Vermelho palestino confirmou que uma telefonista estava com Layan na linha e ouviu o som de tiros.

Ninguém viu os dois socorristas que foram procurar a menina, Yusef Zeino e Ahmed al Madhon, enviados ao local em uma ambulância.

“Apelamos à comunidade internacional para que intervenha imediatamente para pressionar as autoridades ocupantes (Israel, ndr) para que expliquem o que aconteceu à pequena Hind e à equipe” do Crescente Vermelho, afirmou esta organização no sábado.

“Os tanques se aproximavam”

A guerra eclodiu em 7 de outubro, após um ataque sem precedentes em solo israelense por comandos do grupo islamista palestino Hamas infiltrados a partir de Gaza, que resultou na morte de mais de 1.160 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses.

Em resposta, Israel lançou uma ofensiva militar que causou até agora quase 27.500 mortes na Faixa de Gaza, a grande maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do Hamas, que governa o território.

Hamada explica que a imagem de Hind o assombra.

“Hind é minha primeira neta, ela faz parte de mim”, afirma, ao mostrar fotos em que a menina aparece sorridente. Tempos que hoje parecem irreais.

Incapaz de conter as lágrimas, Hamada se lembra de suas últimas palavras.

“Ela me disse que estava com medo e com fome, e me pediu para ir buscá-la. Ela me disse que os tanques se aproximavam”.

© Agence France-Presse

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