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Israel intensifica ofensiva em Gaza, um ‘inferno na Terra’, segundo a ONU

O Ministério da Saúde do território anunciou que 18.412 pessoas morreram desde o início da ofensiva israelense, a maioria mulheres e crianças

Redação Jornal de Brasília

12/12/2023 12h31

Palestinos ao redor de destroços após ataque aéreo na região de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, próximo à fronteira com o Egito – Said Khatib/AFP

A situação na Faixa de Gaza parece o “inferno na Terra”, afirmou nesta terça-feira (12) o diretor da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos (UNRWA), durante uma visita ao território devastado, onde as tropas israelenses e os milicianos islamistas do Hamas travam combates violentos.

Israel bombardeia o pequeno território desde 7 de outubro, em resposta ao ataque executado pelo Hamas contra o seu território, no qual os combatentes islamistas mataram 1.200 pessoas, a maioria civis, e sequestraram quase 240.

De modo paralelo aos bombardeios, as tropas israelenses iniciaram em 27 de outubro uma operação terrestre no território, como o objetivo de “aniquilar” o movimento islamista, que governa Gaza desde 2007.

O Ministério da Saúde do território anunciou que 18.412 pessoas morreram desde o início da ofensiva israelense, a maioria mulheres e crianças.

Os habitantes de Gaza, submetida a um cerco total por parte de Israel, “imploram por segurança e pelo fim deste inferno na Terra”, escreveu Philippe Lazzarini, diretor do UNRWA, na rede social X, durante uma visita ao território.

O Ministério da Saúde de Gaza acusou o Exército israelense de atacar um hospital da Cidade de Gaza, o Kamal Adwanna, que fica na parte norte do território, e de reagrupar os homens, incluindo profissionais da saúde, no pátio do centro de saúde.

O Exército não comentou a denúncia, mas Israel acusa com frequência o grupo islamista de utilizar túneis sob hospitais, escolas e mesquitas, com fins militares. O Hamas nega as acusações.

A Assembleia Geral da ONU deve votar nesta terça-feira uma resolução não vinculante que pede “um cessar-fogo humanitário” em Gaza, onde 1,9 milhão dos 2,4 milhões de habitantes foram deslocados, segundo a organização.

Deslocados, fome e doenças

O ministro israelense da Defesa, Yoav Gallant, reivindicou avanços significativos em Gaza, onde os combates foram ampliados para o sul do território.

“O Hamas está à beira da dissolução, as FDI (Forças de Defesa Israelense) estão ocupando seus últimos redutos”, afirmou na segunda-feira à noite.

As organizações humanitárias alertam que, em breve, o território cercado será dominado pelas doenças e pela fome, e por isso pressionam Israel a proteger os civis.

Os habitantes de Gaza enfrentam uma situação catastrófica, afirmou Josep Borrell, chefe da diplomacia da União Europeia (UE), lamentando que o nível de destruição no território palestino é “equivalente, ou até superior” ao da Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial.

No norte do território, as tropas israelenses “atacaram o hospital Kamal Adwan depois de sitiar e bombardear o local durante vários dias”, afirmou o porta-voz do Ministério da Saúde de Gaza, Ashraf al-Qudra. “Tememos que prendam ou matem os profissionais da saúde”, acrescentou.

“O hospital continua cercado por tropas e tanques israelenses. Há relatos de combates com grupos armados nas suas imediações por três dias consecutivos”, afirmou o Escritório para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) da ONU.

No centro de Gaza, o hospital Al Aqsa recebeu muitas vítimas na segunda-feira, incluindo dezenas de crianças, após os ataques israelenses contra o campo de refugiados Al Maghazi.

No sul, os bombardeios israelenses mataram pelo menos 24 pessoas em Rafah, na fronteira com o Egito, localidade procurada por dezenas de milhares de pessoas para escapar dos ataques aéreos no norte, segundo a agência palestina de noticias Wafa.

Um bombardeio provocou uma cratera e destruiu edifícios próximos. Entre os escombros, alguns adolescentes tentavam resgatar seus pertences.

“Ainda há pessoas lá embaixo”, disse Abu Jazar, de 23 anos. “Pedimos ao povo árabe e ao mundo que pressionem para impedir os ataques contra Gaza”, acrescentou.

Voto na Assembleia Geral da ONU

Os militares israelenses anunciaram nesta terça-feira que bombardearam uma área em Jabaliyia, perto da Cidade de Gaza, de onde foguetes eram lançados contra a cidade de Sderot, no sul de Israel.

O Exército também anunciou que atacou uma sede do Hamas e encontrou armas, além de uma fábrica bélica.

As Forças Armadas informaram que 105 soldados morreram na Faixa de Gaza desde o início da ofensiva, 13 deles vítimas de “fogo amigo” e outros sete em acidentes com veículos ou armas.

A Assembleia Geral da ONU deve votar nesta terça-feira uma resolução para pedir uma nova trégua em Gaza, um pedido que o Conselho de Segurança não conseguiu aprovar na sexta-feira devido ao veto dos Estados Unidos.

O conflito multiplicou a violência na Cisjordânia, ocupada por Israel desde 1967. As forças israelenses mataram quatro pessoas na cidade de Jenin, informou nesta terça-feira o Ministério da Saúde deste território palestino.

O Exército israelense disse à AFP que realizou uma operação nesta cidade e encontrou “dispositivos explosivos colocados sob as estradas para atacar as forças de segurança”.

A guerra também aumentou o receio de que o conflito se alastre a outros países da região, com trocas de tiros todos os dias na fronteira entre Israel e Líbano.

 

© Agence France-Presse

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