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Israel diz que guerra entrou em nova fase e que Cidade de Gaza já é campo de batalha

A ação ocorre pouco após Daniel Hagari, porta-voz dos militares, voltar a fazer um ultimato para que a população deixe o norte

Redação Jornal de Brasília

28/10/2023 15h39

Foto: AFP

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

As Forças de Defesa de Israel voltaram a escalar a ameaça sobre uma iminente invasão da Faixa de Gaza. Panfletos foram lançados sob a Cidade de Gaza, a mais populosa da região, neste sábado (28), afirmando que a área é agora “um campo de batalha”.

“Os abrigos no norte de Gaza e na Cidade de Gaza não são seguros”, diz o Exército no material despejado por aviões de combate. Os militares instam moradores a “esvaziarem imediatamente” toda a região e se deslocarem em direção ao sul da faixa, que faz fronteira com o Egito.

A ação ocorre pouco após Daniel Hagari, porta-voz dos militares, voltar a fazer um ultimato para que a população deixe o norte. Em vídeo publicado nas redes sociais durante a tarde (manhã em Brasília), ele disse que civis devem partir para o sul “imediatamente”. “Não é mera precaução, é uma recomendação urgente para a proteção dos civis.”

Os avisos ocorrem em meio a uma ação terrestre no norte de Gaza ao longo deste sábado (28), realizada pelo terceiro dia consecutivo. O território palestino segue sob um blecaute que impede a comunicação de residentes e organizações humanitárias com o exterior.

O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, disse que o conflito “passou para uma nova fase” após Tel Aviv afirmar ter bombardeado ao menos 150 alvos subterrâneos do grupo terrorista Hamas.

“Bombardeamos acima e abaixo do solo, atacamos agentes terroristas de todas as categorias, em todos os lugares”, disse o ministro em um comunicado enviado ao Times of Israel. “E o comando para nossas forças é claro: a operação continuará até uma nova ordem.”

O chefe do Estado-Maior, tenente-general Herzi Halevi, argumentou que a ação por terra é a única saída para desmantelar o Hamas e recuperar os cerca de 200 reféns israelenses e estrangeiros mantidos pela facção. “Os objetivos da guerra exigem a entrada por terra. Não há conquistas sem riscos, e não há vitória sem que se paguem preços.”

O Exército afirma que, nesta incursão -que ainda não caracteriza como a invasão completa do norte de Gaza que há semanas ameaça conduzir-, ao menos dois membros da alta cúpula do Hamas foram mortos. São eles Asem Abu Rakaba, chefe da rede aérea do grupo terrorista, e Ratab Abu Tshaiban, chefe da força naval da fação.

Rakaba seria o responsável por operar a ação que permitiu que terroristas se infiltrassem no sul israelense usando parapentes, além de liderar os ataques feitos com drones a complexos militares de Israel.

As informações do que ocorre em Gaza são raras em meio ao blecaute na faixa terrestre, que está sem acesso a serviços de internet e de telefonia, o que amplia o temor de organizações internacionais.

O diretor-geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), Tedros Adhanom, afirmou neste sábado que o apagão estava tornando impossível que as ambulâncias chegassem até os feridos.

“A OMS reitera que é impossível retirar os pacientes sem pôr em risco as suas vidas”, disse a organização em uma nota no X, ex-Twitter.

“Os hospitais em Gaza já estão funcionando na sua capacidade máxima devido aos feridos em semanas de bombardeamentos incessantes e são incapazes de lidar com o aumento dramático no número de pacientes, ao mesmo tempo que abrigam milhares de civis deslocados.”

Em uma das poucas informações ecoadas até aqui, um porta-voz do Ministério da Saúde de Gaza afirmou em comunicado televisionado pela rede Al Jazeera que ataques israelenses das últimas horas deixaram ao menos 400 palestinos mortos, elevando o número de vítimas a 7.700, das quais 3.200 seriam menores de idade.

O secretário-geral da ONU, o português António Guterres, por sua vez, voltou a criticar Israel, ainda que sem mencionar o país. No X, disse que observou um consenso crescente sobre a necessidade de um cessar-fogo na região, e que por isso fez coro público ao pedido.

“Mas, lamentavelmente, fui surpreendido por uma escalada de bombardeios sem precedentes, que comprometeu os objetivos humanitários”, acrescentou o chefe da organização, referindo-se ao avanço de Tel Aviv no território palestino.

As declarações de Guterres ao longo da semana foram criticadas pela diplomacia de Tel Aviv, que chegou a pedir que ele fosse retirado da Secretaria-Geral das Nações Unidas.

A Defesa Civil de Gaza, território que é governado pela Hamas, afirma que centenas de edifícios e casas foram destruídos durante a noite de sexta-feira para sábado e que alguns dos bombardeios teriam ocorrido perto de hospitais.

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