“A prioridade agora, havendo identificado as potenciais fontes da doença, é localizar o mecanismo de transmissão”, afirmou o primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown, após presidir a quarta reunião do comitê de crise do Governo desde que o surto foi confirmado.
“A estratégia é conter, controlar e então erradicar a doença”, acrescentou Brown em entrevista à “BBC”. O primeiro-ministro interrompeu suas férias para ficar à frente da crise.
O laboratório de Pirbright, que fica a cerca de cinco quilômetros da fazenda afetada, se transformou na principal pista do Executivo depois que os especialistas confirmaram no sábado que o tipo do vírus encontrado no gado infectado é o mesmo utilizado nesse complexo para a fabricação de vacinas e com fins diagnósticos.
As instalações agora examinadas são compartilhadas pelo Instituto de Saúde Animal (IAH, em inglês), que trabalha para o Governo britânico e a União Européia (UE), e a farmacêutica Merial Animal Health, que utilizou esta variante do vírus numa remessa de vacinas manufaturada no dia 16 de julho.
Segundo Brown, os inspetores da Comissão de Saúde e Segurança (HSE, em inglês) investigam as medidas de biossegurança tanto na empresa farmacêutica como em todo o complexo, e os resultados podem estar prontos em 48 horas.
Além da investigação da HSE, o Governo ordenou uma revisão urgente dos planos de biossegurança da instalação. O especialista em Microbiologia Hugh Pennington disse à “BBC” que a confirmação de que o laboratório é o foco da infecção seria uma boa notícia. Além de se descobrir a origem, se trataria de um vírus de vacina, o que provavelmente é menos grave.
Mas, enquanto não chega essa confirmação, o Governo não quer baixar a guarda. O ministro de Meio Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais, Hilary Benn – que também interrompeu as férias -, pediu hoje aos criadores de gado que permaneçam em alerta.
O Governo aumentou o tamanho das zonas de proteção e vigilância que abrange fazendas numa área de dez quilômetros. Também manteve a proibição do transporte de animais em todo o país, além da suspensão das exportações de gado e produtos animais.
Este é o primeiro surto de febre aftosa no Reino Unido desde a epidemia de 2001, que causou estragos no país, quando entre 6,5 e 10 milhões de cabeças de gado foram sacrificados. A doença gerou perdas de cerca de £ 8,5 bilhões (cerca de € 12,5 bilhões).