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Guerra entre Israel e Hamas já provocou 20.000 mortes em Gaza, segundo o Hamas

Cerca de 8.000 menores e 6.000 mulheres perderam a vida por causa das operações e bombardeios do Exército israelense em Gaza, segundo o Hamas

Redação Jornal de Brasília

20/12/2023 15h00

Palestinians inspect the rubble of destroyed houses and buildings in Rafah in the southern Gaza Strip on December 18, 2023, amid continuing battles between Israel and the militant group Hamas. (Photo by MOHAMMED ABED / AFP)

A ofensiva israelense na Faixa de Gaza provocou a morte de 20.000 palestinos desde 7 de outubro, anunciou nesta quarta-feira (20) o Hamas, cujo líder viajou ao Egito para discutir sobre um cessar-fogo.

Segundo a organização islamista palestina, que governa em Gaza, cerca de 8.000 menores de idade e 6.000 mulheres perderam a vida por causa das operações e bombardeios do Exército israelense.

O líder do Hamas, Ismail Haniyeh, radicado no Catar, chegou nesta quarta-feira ao Egito para participar de negociações sobre um cessar-fogo.

Após mais de dois meses de guerra e diante da pressão internacional, as duas partes parecem dispostas a estabelecer uma segunda trégua. A primeira, que durou uma semana, resultou na libertação de 105 reféns sequestrados pelo Hamas e de 240 palestinos detidos em prisões israelenses.

À frente de uma delegação de “alto nível”, Haniyeh deve se reunir com o diretor do serviço de Inteligência egípcio, Abbas Kamel.

As discussões se concentram em “interromper a agressão e a guerra, preparar um acordo sobre a libertação de prisioneiros (palestinos) e acabar com o cerco imposto à Faixa de Gaza”, afirmou na terça-feira à AFP uma fonte do Hamas, classificado como organização terrorista pelos Estados Unidos, pela União Europeia e Israel.

No encontro, serão abordadas “várias propostas, incluindo a de uma trégua de uma semana em troca da libertação pelo Hamas de 40 prisioneiros israelenses”, afirmou outra fonte do grupo islamista, em referência aos reféns mantidos em Gaza.

Um dirigente do Hamas afirmou, contudo, que “um cessar-fogo total e a retirada do Exército de ocupação israelense de Gaza são condições necessárias para qualquer troca” entre reféns israelenses e prisioneiros palestinos.

Segundo uma fonte da Jihad Islâmica, um movimento palestino aliado do Hamas, o líder da organização, Ziad al Nakhala, também viajará ao Cairo na próxima semana.

O presidente de Israel, Isaac Herzog, declarou na terça-feira que o país está “preparado para outra pausa humanitária e uma ajuda humanitária adicional para facilitar a libertação de reféns”.

Já o primeiro-ministro do país, Benjamin Netanyahu, descartou qualquer possibilidade de cessar-fogo sem primeiro ter conseguido “a eliminação” do Hamas.

“Continuaremos a guerra até o fim. Ela continuará até a eliminação do Hamas, até a vitória. Aqueles que acham que vamos parar vivem desconectados da realidade”, disse Netanyahu em um vídeo divulgado por seu gabinete, após as exigências do Hamas de um cessar-fogo para permitir a libertação de reféns.

Israel prometeu “aniquilar” o Hamas, que está no poder em Gaza desde 2007, depois que o movimento palestino atacou o país em 7 de outubro, uma ofensiva que matou quase 1.140 pessoas, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado nos dados oficiais mais recentes divulgados pelas autoridades israelenses.

Quase 250 pessoas foram tomadas como reféns no ataque, e 129 delas continuam em Gaza, segundo o governo de Israel.

Negociações nos bastidores

Segundo o portal americano de notícias Axios, o diretor do serviço de Inteligência israelense Mossad, David Barnea, reuniu-se na Europa com o primeiro-ministro do Catar, Mohamed bin Abdulrahman Al Thani, e com o diretor da CIA, Bill Burns, para discutir um possível acordo de libertação de reféns.

Uma fonte próxima a essas negociações disse à AFP que “as conversas continuam”, depois de “uma reunião construtiva no início dessa semana em Varsóvia”.

“O objetivo é chegar a um acordo sobre a libertação dos reféns (…) em troca de uma trégua e de uma eventual libertação de (prisioneiros) palestinos”, acrescentou.

As negociações também prosseguirão nesta quarta-feira na ONU. Desde segunda-feira, o Conselho de Segurança não consegue votar uma resolução para acelerar o envio de ajuda humanitária à Faixa de Gaza.

A votação foi adiada duas vezes, e os membros do Conselho buscam a fórmula adequada para evitar o veto dos Estados Unidos, principal aliado de Israel.

Crise humanitária

Enquanto as negociações continuam, Israel mantém a ofensiva contra Gaza. Fontes do Hamas afirmaram pela manhã que pelo menos 11 pessoas morreram em bombardeios noturnos em Rafah, Khan Yunis (sul), Deir el Balah (centro) e no norte da cidade de Gaza.

Horas depois, o Ministério da Saúde de Gaza, dirigido pelo Hamas, denunciou que pelo menos 12 pessoas morreram em Rafah.

“Acordamos com uma explosão enorme”, afirmou Samar Abu Luli, que mora no acampamento de refugiados de Shabura, em Rafah, à AFPTV. “Conseguimos escapar por um milagre […] Mas para onde devemos ir? Não há nenhum lugar, nenhuma escola, nenhuma mesquita, clínica, ou hospital. Tudo foi destruído”.

O Exército de Israel, que perdeu 134 soldados desde o final de outubro, disse que, desde terça-feira, bombardeou 300 alvos e que efetuou uma operação em um centro de controle e comando do Hamas em Khan Yunis, no sul do território palestino.

Sob cerco total de Israel desde 9 de outubro, o território palestino enfrenta uma profunda crise humanitária: a maioria dos hospitais está fora de serviço, e 85% de sua população, ou seja, 1,9 milhão de pessoas, fugiu da destruição no norte do enclave para buscar refúgio no sul.

Um relatório do Escritório para a Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU publicado nesta quarta-feira destaca que metade da população sofre de fome extrema, ou grave.

© Agence France-Presse

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