IGOR GIELOW
FOLHAPRESS
A explosão de uma bomba destruiu um trecho da principal ferrovia usada pelos poloneses para enviar ajuda militar à Ucrânia, naquilo o governo de Varsóvia qualificou nesta segunda-feira (17) de ato de sabotagem.
O premiê polonês, Donald Tusk, disse que o incidente, cujos danos foram relatados no domingo (16), foi “um ato sem precedentes”. “Essa rota também é usada para transportar armas para a Ucrânia. Felizmente, não houve uma tragédia, mas as implicações legais do caso são muito sérias”, afirmou em um vídeo.
Ele não apontou diretamente o dedo para a Rússia, mas quase. “Como em casos anteriores, vamos pegar os perpetradores, independentemente de quem os banco”, disse o premiê nesta segunda.
Em outubro, oito pessoas foram presas acusada de planejar sabotagens em nome de Moscou, o que o Kremlin descartou como propaganda russófoba no contexto da Guerra da Ucrânia.
A polícia polonesa também investiga um segundo dano ao sistema de ferrovias do país, segundo ela “quase certamente” uma sabotagem. Ambos ocorreram no ramal que liga a capital à cidade de Lublin, junto à fronteira ucraniana.
O trecho de 120 km que se conecta ao sistema ferroviário ucraniano está sendo submetido ao um pente-fino nesta segunda, segundo o ministro Wladyslaw Kosiniak-Kamysz (Defesa).
O caso é mais um elemento na crescente tensão entre Moscou e a Europa, independentemente de haver culpas estabelecidas de lado a lado. Governos europeus acusam os russos de promover uma guerra híbrida no continente, com incêndios, sabotagens e ataques hacker diversos.
Na mão contrária, o governo de Vladimir Putin acusa o Ocidente de ter explodido em 2022 2 dos 4 ramos do megagasoduto que liga a Rússia à Alemanha. Na semana passada, a autoridade portuária russa disse que cinco pontos do país foram afetados por ataques cibernéticos.
A animosidade é particularmente acentuada no Leste Europeu, até por uma lógica geográfica dada a proximidade da Rússia.
Lá, a Polônia é o Estado-membro da Otan com maior investimento em capacidades militares. Em setembro, mais de 20 drones russos violaram o espaço aéreo polonês, provocando uma grave crise com Moscou, que disse que a ação não foi intencional.