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EUA, Europa, Japão e China apostam corrida mirando Marte

Os chineses, com o pouso bem-sucedido de seu rover em Marte na sexta (14), colocam-se numa trilha alternativa para recolher amostras do planeta vermelho

Redação Jornal de Brasília

22/05/2021 12h59

Salvador Nogueira
São Paulo, SP

Uma missão não tripulada com amostras de Marte é considerada por muitos como o “santo graal” da pesquisa marciana. Muitas das respostas às perguntas que temos sobre o passado do planeta vermelho, incluindo a possibilidade de que tenha havido vida por lá, só devem aparecer quando conseguirmos analisar as rochas escolhidas por lá com nossos melhores equipamentos daqui. E agora múltiplos países estão nessa trilha.


Os que mais falaram disso foram os americanos. Até porque, até semana retrasada, até o pouco do rover chinês, a Nasa era a única organização que já tinha realizado uma missão de solo bem-sucedida em Marte. E múltiplas vezes. Mas o desafio de chegar ao planeta vermelho fica pequeno perto do trabalho que seria voltar de lá.


Os primeiros estudos internacionais pintaram em 2006, e no fim Nasa e ESA, agências espaciais americana e europeia, decidiram fazer uma parceria para a missão. Em 2018, ambas assinaram uma carta de intenções, e em 2019 propuseram uma arquitetura para que amostras fossem trazidas de volta -em 2031.


É o plano que foi colocado em movimento com o pouso da missão Mars 2020, em fevereiro deste ano, levando o rover Perseverance e o mini-helicóptero Ingenuity à cratera Jezero, em Marte. Caberá ao jipe robótico colher diversas amostras ao longo de sua missão e armazená-las em tubinhos, que depois serão deixados todos juntos na superfície de Marte. Começará então a “operação de resgate”.


Uma missão dupla a ser lançada em julho de 2026 levaria ao solo marciano um pequeno foguete de dois estágios instalado em um módulo de pouso e um rover desenvolvido pela ESA capaz de colher as amostras e acondicioná-las no foguetinho.


O lançador colocaria então uma cápsula com o material na órbita de Marte, onde ele seria capturado por um orbitador desenvolvido pela ESA, com motor capaz de levá-lo até Marte e depois trazê-lo de volta. Essa nave-mãe seria lançada em outubro de 2026 e chegaria a Marte em 2027, reduzindo sua órbita até chegar ao ponto em que poderá se encontrar com a cápsula, em julho de 2028. O retorno à Terra exigiria uma espera para o alinhamento adequado dos planetas, o que faria a chegada ocorrer em 2031.


Há muita coisa ainda a ser desenvolvida e vários modos pelos quais o plano pode dar errado. Daí que alguns outros países pensaram em iniciativas diferentes.


A Jaxa, agência espacial japonesa, pretende lançar em 2024 a missão MMX (Exploração das Luas Marcianas). O planeta vermelho tem duas, Fobos e Deimos, bem menores que a nossa Lua. A ideia é usar a experiência adquirida pelos japoneses com as missões Hayabusa e Hayabusa2, que trouxeram amostras de asteroides, para fazer o mesmo na lua marciana Fobos.


Embora não seja o mesmo que trazer uma amostra do solo de Marte, é fato que impactos de asteroides no planeta devem ejetar meteoritos marcianos, e alguns deles vão parar na superfície de Fobos. Então não é inconcebível que algum material marciano venha junto com o punhado de farelos que a MMX pode recolher em Fobos. E essa amostra estaria de volta à Terra em julho de 2029.


Os chineses, com o pouso bem-sucedido de seu rover em Marte na sexta (14), colocam-se numa trilha alternativa para recolher amostras do planeta vermelho.


É verdade que eles mal operaram o rover Zhurong após o pouso, mas eles se aproveitam do avanço tecnológico das últimas décadas para queimar etapas. Seus cientistas dizem estar em busca de evidências de vida pregressa no planeta vermelho, mas ninguém sabe ao certo quais são os planos dos chineses.


Ocupação é ditada pelo Tratado do Espaço de 1967


Ninguém pode declarar posse ou soberania de qualquer território em qualquer corpo celeste, mas não há veto expresso ao uso de recursos locais ou estabelecimento de bases. Países como EUA e Luxemburgo têm passado leis nacionais para reger a propriedade de recursos extraídos do espaço, para garantir que uma amostra coletada por uma empresa seja dela, mas ainda falta um conjunto de regras internacional mais claro.

As informações são da Folhapress

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