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EUA esperam ataque do Irã contra Israel no curto prazo e enviam reforços ao Oriente Médio

A preocupação se justificava devido ameaças iranianas de retaliação ao bombardeio contra seu consulado na Síria

Redação Jornal de Brasília

12/04/2024 20h51

Foto: LOUAI BESHARA/AFP

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Em dia de alta tensão no Oriente Médio, Israel realizou nesta sexta-feira (12) uma série de bombardeios à Faixa de Gaza e foi alvo de foguetes do Hezbollah libanês. As agressões se deram enquanto Tel Aviv especulava junto com os Estados Unidos e outros países do Ocidente um possível ataque do Irã a seu território.

A preocupação se justificava devido ameaças iranianas de retaliação ao bombardeio contra seu consulado na Síria. A ação, em 1º de abril, matou sete integrantes da Guarda Revolucionária, incluindo dois generais. Teerã atribuiu o bombardeio a Tel Aviv, que não confirmou envolvimento, mas continua a ser responsabilizada.

Na quarta (10), o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, reiterou que Israel “será punido”. E o movimento libanês Hezbollah, apoiado pelos iranianos, anunciou que o disparo de “dezenas de foguetes” contra posições israelenses nesta sexta fez parte de uma resposta aos ataques de Tel Aviv no sul do Líbano.

Para os governos israelense e americano, após a ameaça iraniana, cresceu o risco de uma eventual escalada regional da guerra em Gaza. A Casa Branca afirmou que as ameaças de um ataque do Irã contra Israel são “críveis” e “reais”. Pouco depois, os EUA anunciaram o envio de reforços ao Oriente Médio devido ao risco de escalada da guerra.

O presidente americano, Joe Biden, reforçou seu apoio veemente a Israel. O movimento se deu após as tensões entre o democrata e o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, por divergências sobre a guerra em Gaza, especialmente em relação ao estabelecimento de um novo cessar-fogo no conflito e as dificuldades para a entrada de ajuda humanitária no território palestino.

Biden disse acreditar que o Irã atacará Israel no curto prazo e alertou Teerã para não prosseguir neste rumo. “Minha expectativa é que [o ataque] seja mais cedo ou mais tarde”, disse. Perguntado sobre a mensagem que gostaria de transmitir a Teerã, respondeu: “Não o faça! Ajudaremos Israel a se defender e o Irã vai fracassar.”

Desde quinta (11), o ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, está em contato com o chefe do Pentágono, Lloyd Austin, sobre os preparativos para um ataque iraniano contra Israel. “Se o Irã atacar de seu território, Israel vai responder e atacar o Irã”, alertou o chanceler israelense, Israel Katz.

Gallant afirmou ainda que Israel e EUA estão lado a lado frente à ameaça. “Nossos inimigos pensam que podem separar Israel e EUA, mas é justamente o contrário: estamos nos unindo e fortalecendo nossos laços”, disse.

Países como EUA, Índia, França, Alemanha e Rússia alertaram seus cidadãos contra viagens à região, que já está sob tensão por causa da guerra em Gaza, agora em seu sétimo mês. Os militares israelenses disseram que não tinham emitido novas instruções para os civis, mas que suas forças estavam em alerta máximo e preparadas para uma série de cenários.

“A vingança virá”, escreveu o maior jornal diário de Israel, Yedioth Ahronoth. “No momento, a premissa é que será muito em breve, nos próximos dias.”

Para Raz Zimmt, pesquisador sênior do Instituto de Estudos de Segurança Nacional de Israel, “será muito difícil para o Irã não retaliar”. “Ainda acredito que o Irã não quer se envolver em um confronto militar direto e em grande escala contra Israel, e certamente não com os Estados Unidos. Mas ele precisa fazer alguma coisa.”

Apesar das tensões crescentes, autoridades iranianas e diplomatas dos EUA dizem que o Irã sinalizou a Washington o desejo de evitar uma escalada. Segundo o jornal Financial Times, autoridades do país no Oriente Médio disseram a aliados e nações ocidentais que a retaliação será feita de maneira “calibrada” para evitar um “conflito regional total”. Isso indica que Teerã provavelmente não irá mirar instalações diplomáticas israelenses na região.

Serviços de inteligência dos EUA indicam que qualquer ataque iminente deve ser cuidadoso e específico, de acordo com as autoridades informadas sobre a situação, dando a Israel uma janela para preparar suas defesas.

Apesar das declarações públicas de lideranças iranianas sobre revidar o ataque sofrido, contatos diplomáticos no Irã indicaram que Teerã está preparando uma resposta para demonstrar força dissuasiva enquanto também mostra restrição.

Uma autoridade do regime em Teerã disse que o Irã espera maximizar o impacto político da resposta, buscando deliberadamente exaurir Israel, tanto criando incerteza psicológica quanto forçando o país a permanecer em alerta máximo.

Apesar dos sinais de cautela, observadores ocidentais e israelenses acreditam que ainda há o risco de que qualquer resposta saia do controle.

Uma vez que Teerã considerou o ataque à embaixada como equivalente a um ataque em seu próprio território, um ataque direto em solo israelense pelo próprio Irã é uma possibilidade real, disse o pesquisador do Instituto de Estudos de Segurança Nacional de Israel.

“O risco de uma retaliação israelense contra o Irã, que seria sem precedentes, é certamente algo que não podemos descartar”, acrescentou.

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