FERNANDA PERRIN
WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – O governo dos Estados Unidos está aumentando a pressão sobre Israel para reduzir a intensidade de suas operações na Faixa de Gaza e, em especial, a morte de civis.
Falando sob condição de anonimato, membros do governo americano disseram que o conselheiro especial de segurança da Casa Branca, Jake Sullivan, que está em visita à região nestas quinta (14) e sexta (15), discutiu com Tel Aviv a transição de operações militares de larga escala para uma estratégia mais cirúrgica, voltada para alvos prioritários, como infraestruturas militares.
Neste primeiro dia de viagem, Sullivan teve encontros com o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, e com o ministro da Defesa, Yoav Gallant, entre outras autoridades. Além de discutirem a mudança no escopo da campanha militar, os americanos também abordaram as expectativas para Gaza após o fim do conflito.
O teor das conversas foi confirmado pelo porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby.
Oficiais do governo, no entanto, não confirmam que tenha sido estabelecido um cronograma para essa transição nas operações -relatos na imprensa americana afirmaram que o pedido era que isso ocorresse ainda neste mês.
“Nós não estamos ditando os termos para os israelenses sobre quanto tempo isso pode durar, e isso deve ser o quanto eles acharem ser necessário para que consigam eliminar essa ameaça. Mas, obviamente, todos nós queremos que isso seja o quanto antes possível”, afirmou Kirby.
O presidente Joe Biden também falou sobre o assunto durante um discurso em que, originalmente, estava falando sobre os custos de medicamentos. “Quero que eles [Israel] se concentrem em como salvar vidas de civis -não parem de perseguir o Hamas, mas tenham mais cuidado”, disse o democrata.
Na terça-feira (12), Biden fez duras críticas a Netanyahu, disse que Israel está perdendo apoio da comunidade internacional em razão do que chamou de “bombardeio indiscriminado” a Gaza e afirmou que Tel Aviv não quer uma solução de dois Estados -uma alternativa que vem perdendo força inclusive entre israelenses e palestinos.
As declarações, feitas durante um evento com doadores de campanha na terça, são uma ruptura com a linha de apoio total que Washington havia adotado desde a eclosão da guerra, em 7 de outubro.
Nesta sexta, Sullivan vai a Ramallah, na Cisjordânia, onde deve se encontrar com o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, para discutir opções para Gaza pós-guerra.
Os EUA se opõem às intenções ventiladas por Israel de manter o controle sobre o território e buscam viabilizar a formação de forças de segurança lideradas por palestinos. Uma das opções é que isso seja colocado de pé por membros da ANP, em substituição ao Hamas.
Outros temas debatidos por Sullivan com o governo israelense nesta quinta foram o impacto das operações militares sobre a população civil de Gaza -que já mataram mais de 18 mil palestinos, segundo autoridades locais- e a entrada de mais ajuda humanitária.