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EUA aproximaram ‘bombardeiros invisíveis’ da China antes de crise

Em um sinal de que a crise gerada pela visita de Nancy Pelosi a Taiwan era esperada, os Estados Unidos moveram 20% de sua frota

FolhaPress

04/08/2022 10h50

Foto: Reprodução/ Força Aérea dos EUA/AFP

Igor Gielow
São Paulo, SP

Em um sinal de que a crise gerada pela visita de Nancy Pelosi a Taiwan era esperada, os Estados Unidos moveram 20% de sua frota de bombardeiros furtivos ao radar B-2 para uma base na Austrália, reduzindo em mais do que a metade o tempo em que podem chegar à China.

Pelo menos quatro B-2, segundo análise de imagens de satélite feita pelo site The War Zone, estão na base australiana de Amberley. A Força Aérea americana informou em nota que eles chegaram entre 10 e 12 de julho e ficarão por lá até o fim de agosto.

A viagem de Pelosi só começou a ser especulada na imprensa americana pouco depois disso, no fim de julho, e efetivamente ocorreu na terça (3) e quarta (4), gerando uma forte reação chinesa, agora demonstrada com exercícios militares que simulam o bloqueio e um ataque à ilha que Pequim considera sua.

Os B-2 já estiveram de passagem pela Austrália, mas é a primeira vez que integram a chamada Força-Tarefa de Bombardeiros no país, um dos principais rivais da China, integrante do grupo Quad (com EUA, Índia e Japão) e aliado militar dos EUA no pacto Aukus, com o Reino Unido. Eles foram vistos em treino com caças australianos.

De lá, os aviões têm autonomia no limite para chegar próximo da região de Taiwan e voltar sem reabastecimento aéreo. De sua base original, Whiteman em Missouri (EUA), a distância é o dobro -12 mil km. A Força-Tarefa é um posto avançado de ataque americano, deslocado por territórios do país no exterior, como a ilha no Pacífico de Guam, ou aliados.

O B-2 Spirit é uma das pontas de lança da dissuasão nuclear dos EUA, capaz de levar mísseis com ogivas nucleares ou convencionais. Ele é conhecido popularmente como bombardeiro invisível por usar tecnologias que dificultam sua detecção, como o desenho em forma de asa voadora e o emprego de materiais absorventes de ondas de radar.

É evidente que os EUA não pretendem usar seus B-2, e eles não estão armados com bombas nucleares, dadas as restrições australianas. Mas o deslocamento é simbólico e indica que as preparações para a crise já estavam em curso.

O próprio Departamento de Estado fez vazar a jornalistas a informação de que diplomatas chineses foram alertados no mês passado acerca da intenção de Pelosi, o que Pequim não confirmou. Além dos B-2, na semana passada os EUA deslocaram o porta-aviões USS Ronald Reagan, que fica baseado no Japão, para o mar do Sul da China.

Daquela região contestada, ele foi para a costa oeste das Filipinas, última posição conhecida e próximo de Taiwan e dos exercícios militares chineses. Dois navios de assalto anfíbio, o USS America e o USS Tripoli, também navegam por perto, e nesta quinta (4) um avião-espião P-8 Poseidon voou pela costa sul da ilha enquanto os chineses faziam seus primeiros disparos nas manobras.

Tudo isso leva ao temor, entre analistas, não de que haja uma guerra entre EUA e China sobre Taiwan, mas de que possa haver algum acidente. Em 2001, um caça chinês caiu após abalroar um avião-espião P-3 Orion americano no mar do Sul da China, gerando uma crise diplomática.

A alegada queda de cinco mísseis chineses na Zona Econômica Exclusiva do Japão, motivo de protesto nesta quinta por Tóquio, também ilustra os riscos desses exercícios.

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