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Epidemia de varíola do macaco recuou, mas não desapareceu

Com mais de 70 mil casos em centenas de países, “uma epidemia de varíola do macaco tão importante em tão pouco tempo é algo nunca visto”

Redação Jornal de Brasília

21/10/2022 16h16

A varíola dos macacos é transmitida pelo vírus monkeypox, que pertence ao gênero orthopoxvirus. Foto: Divulgação/Fiocruz

A epidemia da varíola do macaco está recuando, mas os especialistas e autoridades de saúde dizem que a vitória não deve ser cantada antes do tempo. Apontam que a circulação do vírus nos países africanos, muito antes deste ano, deve ser levada em consideração.

“Estamos caminhando para o fim, mas ainda não chegamos lá”, declara o virologista Jean Claude Manuguerra à AFP.

Com mais de 70.000 casos em centenas de países desde maio, “uma epidemia de varíola do macaco tão importante em tão pouco tempo é algo nunca visto”, relembra Manuguerra, chefe da unidade de Meio Ambiente e Riscos Infecciosos no Instituto Pasteur.

Desde meados de julho, a curva de contaminação diminuiu de forma considerável, especialmente na Europa Ocidental e na América do Norte. Entretanto, alguns países da América Latina enfrentam um aumento.

A varíola do macaco foi eleita emergência internacional de saúde pública pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no dia 23 de julho, e permanece nessa classificação, assim como a covid-19.

“Uma epidemia que desacelera pode ser mais perigosa, pois você pode pensar que a crise acabou e abaixar a guarda”, o diretor geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou no início desse mês.

Apesar disso, segundo especialistas, o declínio da epidemia se deve em grande parte às mudanças de comportamento nas comunidades de risco, embora a imunização também tenha desempenhado um papel importante.

Os comportamentos evoluíram graças ao papel “das associações, talvez mais ouvidas que as autoridades e mais envolvida com o terreno”, sugere Manuguerra.

Em relação à vacinação, “ajudou, mas o número de doses disponíveis segue sendo baixa”, diz Carlos Maluquer de Motes, professor de virologia na universidade britânica de Surrey, à AFP.

A vacina continua sendo recomendada para prevenção e pós-exposição. Segundo a Agência Europeia de Controle de Doenças (ECDC, na sigla em inglês), sua eficácia clínica ainda não é sustentada por “dados definitivos”, mas apresenta resultados preliminares positivos.

“Ainda há incertezas significativas sobre a evolução da epidemia”, destaca a agência europeia.

A epidemia, mais letal, se deve principalmente ao contato com a vida selvagem nas áreas rurais dos países endêmicos da África Central e Ocidental.

Nos últimos meses, “foi visto novamente que as estratégias globais só são implantadas quando os países do norte são afetados, o que não isenta as autoridades de saúde africanas”, diz Maluquer de Motes.

O vírus não possui fronteiras e a resposta deve ser local, insistem os defensores da abordagem “One Health”, que combina saúde humana, animal e ambiental.

Seus especialistas traçam quatro cenários, dois desfavoráveis que representam um rebote da epidemia relacionado com o retorno de comportamentos de risco ou uma circulação reduzida do vírus com surtos esporádicos.

As duas situações favoráveis envolvem o declínio contínuo da epidemia ou a erradicação da doença na Europa.

Evitar que a varíola do macaco, causada por um vírus de DNA maior e com menos chance de mudanças genéticas brutais do que o vírus de RNA, se torne mais perigosa ou se instale em países sem casos permanece como o prinicipal objetivo.

© Agence France-Presse

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