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Em Londres, Zelensky pede a aliados ocidentais aviões de combate contra a Rússia

Depois, diante dos parlamentares reunidos em um lotado Westminter Hall, ele insistiu em que isso deveria incluir caças 

Redação Jornal de Brasília

08/02/2023 16h33

Foto: Sergei SUPINSKY / AFP

Em sua segunda viagem ao exterior desde o início da invasão russa, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, pediu a seus aliados ocidentais em Londres, nesta quarta-feira (8), que lhe forneçam aviões de combate, o que o Reino Unido vai analisar, mas “a longo prazo”.

Durante uma reunião com o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, Zelensky destacou a “importância de a Ucrânia receber as armas necessárias dos aliados para deter a ofensiva russa”.

Depois, diante dos parlamentares reunidos em um lotado Westminter Hall, a enorme sala onde o funeral da rainha Elizabeth II foi realizado em setembro, ele insistiu em que isso deveria incluir caças. 

“Peço a vocês e ao mundo palavras simples, mas muito importantes: aviões de combate para a Ucrânia, asas para a liberdade”, acrescentou.

“Não excluímos nada”, inclusive o envio de aviões, assegurou Sunak durante uma coletiva de imprensa que se seguiu à visita com Zelensky a um centro militar em Dorset, no sul da Inglaterra, onde o exército britânico treina militares ucranianos.

O Reino Unido é o segundo país que Zelensky visita desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro de 2022. 

Ele iniciou, assim, um mini-giro europeu que, à noite, o levará a Paris, onde se reunirá com o presidente francês, Emmanuel Macron, e o chefe de governo alemão, Olaf Scholz. Na quinta-feira, seguirá para Bruxelas, onde começará uma cúpula de líderes da União Europeia.

“Vamos nos reunir com os líderes europeus amanhã”, disse Zelensky. “Quando você tem apenas dez veículos armados da Otan contra dezenas de milhares de tanques russos, quais são as suas chances?”, perguntou.

A Alemanha concordou recentemente com o envio de veículos de combate e na terça-feira anunciou, juntamente com a Holanda e a Dinamarca, o envio de “pelo menos 100 tanques Leopard 1 A5” nos “próximos meses”. Mas outros países que tinham se comprometido parecem estar demorando-se.

Especialistas acreditam que a Rússia esteja preparando uma grande ofensiva para o final do inverno, ou início da primavera (Hemisfério Norte), com o objetivo de conquistar todo o Donbass, hoje ocupado parcialmente pelas forças russas. 

Mapas atualizados da Rússia, incluindo regiões da Ucrânia que Moscou afirma ter anexado — Zaporizhzhia, Kherson, Luhansk e Donetsk — foram colocados à venda nas livrarias de Moscou na terça-feira.

Meses ou anos para treinar pilotos

O Reino Unido, até agora relutante em fornecer caças Typhoon e F-35, afirmou que analisá essa possibilidade, embora não a considere imediata. 

“O primeiro-ministro instruiu o ministro da Defesa a analisar quais aviões poderíamos fornecer, mas esta é claramente uma solução de longo prazo, e não uma capacidade de curto prazo, que é o que a Ucrânia mais precisa no momento”, disse um porta-voz.

Após o anúncio, a Rússia prometeu “uma resposta a qualquer medida hostil que a parte britânica tomar”, anunciou a embaixada russa em Londres, em nota transmitida pelas agências de notícias russas. 

Segundo a fonte, Londres será responsabilizada por uma “colheita sangrenta”, assim como pelas consequências “políticas e militares resultantes” para o continente europeu e o mundo. 

Na semana passada, Sunak considerou que os pilotos ucranianos precisariam de “meses” ou mesmo “anos” para aprender a pilotar os caças usados pelos países da Otan.

No entanto, nesta quarta-feira ele propôs ampliar o treinamento que já oferece às tropas ucranianas, “estendendo-o aos pilotos de caças para garantir que a Ucrânia possa defender seu espaço aéreo no futuro”. 

Isso “permitirá que os pilotos conduzam aeronaves de combate sofisticadas” do tipo que Zelensky reivindica, disse Downing Street.

Cerca de 10.000 voluntários ucranianos já foram treinados “para o combate” nos últimos seis meses, graças ao programa britânico, que deve chegar a outros 20.000 este ano. 

O Reino Unido forneceu 2,3 bilhões de libras (US$ 2,8 bilhões) em ajuda militar à Ucrânia em 2022 e prometeu manter o mesmo nível este ano, o segundo maior no mundo depois dos Estados Unidos.

Coincidindo com a visita de Zelensky, o governo britânico, que já sancionou mais de 1.300 indivíduos e entidades russas desde a invasão da Ucrânia, reforçou essas sanções para incluir “seis entidades fornecedoras de material militar” e “oito indivíduos e uma entidade ligada a redes financeiras” próximas ao Kremlin.

O presidente ucraniano também foi recebido pelo rei Charles III, a quem agradeceu “pela calorosa acolhida e por ajudar os cidadãos ucranianos que se refugiaram da guerra no Reino Unido”.

© Agence France-Presse

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