NELSON DE SÁ
PEQUIM, CHINA (FOLHAPRESS)
A Força Aérea chinesa, parte do Exército de Libertação Popular, divulgou nesta terça-feira (5) a primeira fotografia do caça J-35A, que será apresentado numa feira bienal do setor a partir do dia 12, no sul do país. O anúncio coincide com o dia da eleição presidencial nos Estados Unidos, rival estratégico da China.
O jornal Global Times, ligado ao Partido Comunista da China, destacou que o país passa a ser o segundo a ter dois jatos de quinta geração ou furtivos, projetados para não serem detectados por radar, J-35A e J-20. Os EUA também têm dois em operação, F-22 e F-35.
Os dois chineses devem dividir as atenções em Zhuhai com outro caça do gênero, o Su-57, da Rússia, cuja aterrissagem no norte da China, no domingo, foi mostrada pela rede CCTV. É o segundo voo internacional do Su-57, depois de uma viagem à Síria.
Um protótipo do J-35A, desenvolvido pelo Instituto Shenyang, já havia sido revelado na feira há dois anos, com a designação FC-31. A Marinha chinesa também estaria se preparando para receber um avião derivado do protótipo, para uso em porta-aviões.
Além da única foto, o Departamento de Equipamentos da Força Aérea só forneceu informações básicas sobre o J-35A, como a descrição de ser um avião de combate de tamanho médio, para tarefas múltiplas, e que estará na 15ª Exposição de Aviação e Aeroespacial da China, que vai até o dia 17 em Zhuhai. A apresentação coincide com o 75º aniversário da Força Aérea, no dia 11.
De acordo com a fabricante do novo avião, a estatal Avic, ele tem como missões “alcançar e controlar superioridade aérea, eliminar caças hostis de quarta e quinta geração e forças de defesa aérea terrestres e de superfície, bem como interceptar alvos aéreos hostis, incluindo caças, bombardeiros e mísseis de cruzeiro”.
Também serão apresentados pela China, no evento, um novo drone de reconhecimento e o sistema de mísseis terra-ar HQ-19.
O jornalista Hu Xijin, que havia sido suspenso por três meses de sua coluna no mesmo Global Times e dos perfis em mídia social chinesa, voltou nesta semana à plataforma Weibo e abordou o novo avião.
Segundo ele, agora “os países não ocidentais também veem a esperança de que o monopólio dos EUA nos jatos de quinta geração será quebrado”. Acrescentou que “a subjugação militar, o domínio e a chantagem da China não são mais uma opção a ser tentada no mundo”.
Hu, hoje sobretudo um influenciador, mas também o mais conhecido jornalista chinês, foi punido após uma postagem em agosto. Nela, teria afirmado equivocadamente que uma menção à propriedade estatal havia sido retirada do comunicado final da Terceira Plenária, uma reunião do partido. Ele teria elogiado a decisão, como sinal de maior abertura à iniciativa privada.