Menu
Mundo

Em 1ª viagem à Ásia, Biden reforça vínculos com aliados em oposição à China

Depois de aterrissar na base aérea de Osan, Biden seguiu para a maior fábrica de semicondutores do mundo, pertencente à Samsung

FolhaPress

20/05/2022 12h14

Biden

Photo by SAUL LOEB / AFP

Joe Biden desembarcou nesta sexta-feira (20) na Coreia do Sul em sua primeira viagem à Ásia como presidente dos Estados Unidos, na qual pretende reforçar os vínculos na área de segurança com os aliados regionais, em oposição à China, e em um contexto de preocupação com um possível teste nuclear da Coreia do Norte.

Em uma de suas primeiras declarações após a chegada, o americano disse que o futuro será escrito no Indo-Pacífico e que agora é a hora de os Estados Unidos e de parceiros com ideias semelhantes investirem uns nos outros.

Depois de aterrissar na base aérea de Osan, Biden seguiu para a maior fábrica de semicondutores do mundo, pertencente à Samsung, empresa sul-coreana que tem quase 20 mil funcionários nos Estados Unidos. Na indústria, que fica em Pyeongtaek, ele foi recebido por Yoon Suk-yeol, novo presidente da Coreia do Sul, que tem uma postura pró-EUA.

Chips usados em celulares, 5G, computação de alto desempenho e inteligência artificial tornaram-se um ponto crucial da competição de Washington com a China e das preocupações com interrupções na cadeia de suprimentos global causadas pela pandemia.

Em comentários durante a visita à fábrica, Biden disse que as ondas de choque econômicas da Guerra da Ucrânia reforçaram a necessidade de garantir cadeias de suprimentos críticas, para que a economia e a segurança nacional dos EUA não dependam de países “que não compartilham nossos valores”.

Para alcançar essa autonomia, Biden disse que Washington vai trabalhar “com parceiros próximos” que compartilhem seus valores –e citou a Coreia do Sul.

Yoon, por sua vez, instou Biden a fornecer incentivos para empresas sul-coreanas investirem nos EUA e vice-versa. “Com a visita de hoje, espero que as relações Coreia-EUA renasçam como uma aliança econômica e de segurança baseada na cooperação de alta tecnologia e cadeia de suprimentos”, disse o sul-coreano, lembrando que seu país fabrica quase 70% dos chips utilizados no mundo.

China Combater a presença da China na região é um tema-chave de Biden na viagem, mas o governo sul-coreano provavelmente adotará um tom cauteloso em público sobre o assunto, já que Pequim é o principal parceiro comercial de Seul.

A Coreia do Sul deverá estar entre os membros inaugurais do Quadro Econômico Indo-Pacífico de Biden (IPEF), que será anunciado durante a viagem para estabelecer padrões sobre trabalho, meio ambiente e cadeias de suprimentos.

Questionado sobre a oposição de Pequim ao IPEF, Yoon disse a repórteres nesta sexta-feira que a adesão à estrutura não precisa entrar em conflito com os laços econômicos da Coreia do Sul com a China. “Não há necessidade de ver isso como uma soma zero”, disse.

Os Estados Unidos querem “afirmar a imagem do que poderia ser o mundo se as democracias e as sociedades abertas se unissem para ditar as regras do jogo” ao redor da “liderança” americana, declarou o conselheiro para a Segurança Nacional americana, Jake Sullivan. “Acreditamos que a mensagem será ouvida em Pequim. Mas não é uma mensagem negativa e não está direcionada contra nenhum país”, disse. China e Taiwan, no entanto, estão nas mentes de todos.

No início deste mês, o diretor da CIA, William Burns, disse que Pequim estava observando “com atenção” a invasão russa da Ucrânia para aprender as lições dos “custos e consequências” de uma tomada de controle de Taiwan pela força. Além das conversas com os governantes da Coreia do Sul e do Japão, Biden participará em Tóquio em uma reunião de cúpula do grupo Quad, que inclui a Austrália, Índia, Japão e Estados Unidos.

Coreia do Norte Nesta primeira etapa da visita à Ásia, Biden visitará tropas americanas e sul-coreanas, mas não fará a tradicional viagem presidencial à fronteira fortificada conhecida como DMZ entre a Coreia do Sul e a Coreia do Norte, informou a Casa Branca.

O governo americano declarou várias vezes, em vão, que estava disposto a dialogar com a Coreia do Norte, apesar de o país ter realizado vários testes de mísseis desde o início do ano. Seul e Washington esperam que Pyongyang retome os testes nucleares de maneira iminente, depois de executar seis exercícios entre 2006 e 2017.

O governo dos Estados Unidos considera que há uma “real possibilidade” de que a Coreia do Norte anuncie “um novo lançamento de míssil ou um teste nuclear” durante a viagem, informou Sullivan a jornalistas, a bordo do avião Air Force One.

De acordo com o serviço de inteligência americano, existe uma “possibilidade real” de que a Coreia do Norte tente organizar uma “provocação” após a chegada de Biden a Seul.

Isto poderia significar “novos testes de mísseis, testes de míssil de longo alcance ou um teste nuclear, ou francamente ambos, nos dias anteriores, durante ou depois da viagem do presidente à região”, afirmou Sullivan.

Ele negou que um evento do tipo seria visto como um revés diplomático para o presidente. “Isto ressaltaria uma das principais mensagens que enviamos durante a viagem, a de que os Estados Unidos estão presentes para seus aliados e sócios”, afirmou.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado