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Dificuldades técnicas atrasam plano nuclear do Irã

Arquivo Geral

11/07/2006 0h00

Dificuldades técnicas parecem ter atrasado o programa de enriquecimento de urânio do Irã e ter frustrado, case pharm por enquanto, a intenção do país de expandi-lo, afirmaram diplomatas hoje.

O país, enquanto isso, mantém conversações com a União Européia (UE) a fim de discutir uma oferta de incentivos, elaborada com o intuito de convencê-lo a paralisar o enriquecimento de urânio, solucionando uma crise em torno da suspeita de que os iranianos tentariam, secretamente, desenvolver armas atômicas. A reunião de hoje terminou sem indícios claros de um resultado.

Em abril, pela primeira vez, o Irã enriqueceu urânio até o nível necessário para utilizá-lo em usinas nucleares mas, até agora, não conseguiu obter urânio suficientemente enriquecido para ser usado na construção de uma ogiva nuclear.

O país, no dia 6 de junho, deu início a um segundo ciclo de colocação de urânio nas centrífugas responsáveis por enriquecê-lo.

Desde então, diplomatas ocidentais alocados na Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), em Viena, disseram que problemas técnicos parecem ter surgido na cascata de 164 centrífugas montada pelo país na usina-piloto de Natanz, impedindo a produção de mais urânio enriquecido.

"Recebemos as informações sobre os problemas de pessoas familiarizadas com o processo. Trata-se de um atraso no procedimento, apesar de ainda não termos sido capazes de quantificá-lo", afirmou um diplomata que, como todos os outros, pediu para não ser identificado.

"Ouvimos que os planos para a construção de uma segunda e uma terceira cascatas de 164 centrífugas foram suspensos e que a taxa de atrito na primeira cascata é relativamente alta", disse um outro diplomata.

O primeiro diplomata afirmou que, conforme informações não confirmadas, a primeira cascata, a base para os planos do país de colocar em funcionamento 3.000 centrífugas, apresentou uma taxa de "fracasso de até 50%".

Segundo esse diplomata, parecia que os aparelhos mostravam certa fragilidade, depois de terem sido acelerados a taxas supersônicas pela maior parte dos últimos meses, e que a natureza dos materiais usados nele, eventuais impurezas no urânio, também poderia ser danosa.

"Os motivos para o atraso não são, certamente, políticos. Não se trata, portanto, de um sinal de boa vontade no momento em que o Irã se reúne com a UE", afirmou.

Mark Fitzpatrick, analista ao Instituto Internacional para Estudos Estratégicos (IISS), em Londres, também afirmou que o programa de enriquecimento do Irã enfrentava problemas.

Questionadas sobre essas informações, autoridades iranianas presentes em Bruxelas para participar do encontro entre o negociador Ali Larijani, do país islâmico, e o chefe da área de política externa da UE, Javier Solana, não quiseram se manifestar.

Autoridades da AIEA também preferiram não responder, afirmando que o órgão só pode divulgar informações no momento em que leva a público seus relatórios periódicos.

Um diplomata que trabalha junto à AIEA não quis confirmar nem negar as informações sobre os problemas no programa nuclear iraniano.

"É difícil fazer um julgamento desse tipo, porque o Irã não forneceu à agência um cronograma sobre o que pretendia com relação a isso (a atual rodada de enriquecimento)", afirmou.

As centrífugas estão sujeitas a falhas em virtude do excesso de vibração ou pressão e em virtude das oscilações de temperatura. O Irã teria de deixar milhares de centrífugas em funcionamento durante meses ou anos, antes de provar que pode enriquecer urânio em quantidades significativas.

Sérios problemas no domínio da tecnologia de enriquecimento podem diminuir o sentimento de urgência a respeito do caso iraniano, sentimento alimentado principalmente pelos Estados Unidos, mas questionado pela Rússia e pela China, contrários à adoção de sanções contra o Irã.

Os EUA e seus aliados da UE vêem a atividade nuclear iraniana como uma ameaça iminente à paz internacional, apontando para o fato de o país ter acobertado seu programa no passado e já ter defendido a destruição de Israel.

O chefe da AIEA, Mohamed ElBaradei, afirmou que o Irã não representa um perigo imediato. Na semana passada, ele disse que as potências mundiais tinham tempo suficiente para resolver a crise diplomaticamente.

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