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Cúpula do G20 pressiona Rússia para acabar com guerra na Ucrânia

Putin não compareceu a esta cúpula em Bali e enviou seu ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, para resistir às críticas

Redação Jornal de Brasília

15/11/2022 9h52

Foto: AFP

A cúpula do G20 na Indonésia aumentou a pressão internacional sobre a Rússia, com vários apelos nesta terça-feira (15), inclusive de países próximos a Moscou, para encerrar a guerra na Ucrânia, que teve consequências devastadoras em todo o mundo. 

Apesar da divisão internacional em torno da invasão, as delegações, incluindo a Rússia, concordaram com um projeto de comunicado final que sublinha o “imenso sofrimento” causado pelo conflito e observa que “a maioria dos membros condenou firmemente a guerra na Ucrânia”. 

A carta, ainda pendente de aprovação final pelos líderes, declara que o uso de armas nucleares ou a ameaça de recorrer a elas é “inadmissível”, em mensagem velada ao presidente russo Vladimir Putin, mas também reconhece que existem “outros pontos de vista” no bloco. 

Putin não compareceu a esta cúpula na paradisíaca ilha de Bali e enviou seu ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, para resistir à chuva de críticas dos demais líderes.

Ao contrário de uma reunião do G20 em julho, na qual Lavrov saiu da sala, o ministro das Relações Exteriores da Rússia resistiu estoicamente, também quando o presidente ucraniano Volodimir Zelensky discursou por videoconferência. 

“Estou convencido de que agora é a hora em que a guerra destrutiva da Rússia deve e pode terminar”, disse Zelensky. 

Os apelos à paz começaram desde a abertura da cúpula pelo presidente indonésio Joko Widodo, que permaneceu neutro durante o conflito. 

“Temos que acabar com a guerra. Se a guerra não acabar, será difícil para o mundo avançar”, disse Widodo, alertando que o mundo não pode cair “em outra guerra fria”.

O que mata é a fome

A guerra e suas consequências devastadoras no mundo monopolizaram a primeira sessão de debate da cúpula, dedicada à segurança alimentar e energética. 

Após quase nove meses de guerra, a Ucrânia repeliu a tentativa inicial de ataque a Kiev e, nos últimos meses, recuperou áreas significativas de terreno, incluindo a recente reconquista de Kherson, a única capital provincial tomada pela Rússia. 

Com o estrondo das armas no leste da Europa, as consequências do conflito se espalham globalmente, com a inflação afundando milhões de famílias na pobreza e levando vários países à recessão. 

As delegações incluíram no rascunho da declaração final um apelo à renovação do pacto entre Moscou e Kiev para permitir a exportação de cereais ucranianos, que expira em 19 de novembro, pedido ao qual Zelensky se juntou. 

O acordo alcançado em julho com a intervenção da ONU e da Turquia possibilitou o início da exportação das 20 milhões de toneladas de grãos bloqueadas pelo conflito na Ucrânia, um dos maiores produtores mundiais de grãos.

Entre os países do G20 estão alguns dos mais atingidos por essa inflação, como Turquia ou Argentina, onde os preços subiram 66% e podem chegar a 100% este ano. 

“No hemisfério sul, a comida é mais cara ou falta e o que acaba matando não são balas ou mísseis, mas a pobreza e a fome”, disse o chanceler argentino Santiago Cafiero, que substituiu o presidente Alberto Fernández nos debates iniciais porque o mesmo se sentia indisposto. 

“Rússia está muito isolada”

Com tantos países sofrendo as consequências da guerra, mesmo países geralmente próximos a Moscou, como China ou Índia, aderiram aos apelos pela paz, embora sem mencionar diretamente a Rússia. 

Em seu discurso, Xi Jinping expressou sua firme oposição “à politização, instrumentalização e uso de problemas alimentares e energéticos como arma”, embora também tenha criticado as sanções ocidentais contra Moscou. 

No dia anterior, após uma reunião com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, para colocar limites à crescente rivalidade entre as duas potências, Xi concordou com seu interlocutor em denunciar as ameaças de uso de armas nucleares no conflito. 

“Está claro que a Rússia está muito isolada”, disse um alto funcionário de uma delegação ocidental. “Ninguém veio em defesa da Rússia. Há quem não queira atacá-la, mas não houve ninguém que veio em sua defesa”, apontou outra fonte ocidental.

© Agence France-Presse

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