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Cidade da Ucrânia tenta nova evacuação após cessar-fogo ser desrespeitado

Rússia e Ucrânia trocaram acusações sobre os ataques realizados neste sábado, a prefeitura pediu aos moradores que retornassem aos abrigos

FolhaPress

06/03/2022 6h57

A Câmara Municipal de Mariupol anunciou que uma nova tentativa de evacuação será feita ao meio-dia deste domingo (6), no horário local (7h em Brasília), após um desrespeito ao cessar-fogo impedir a continuidade da operação no dia anterior.

O plano é que a retirada de parte dos 400 mil moradores cercados por forças russas na cidade portuária acontecesse neste sábado (5). Ataques ao longo da rota do corredor humanitário, porém, impediram a operação de continuar. A previsão é que o cessar-fogo temporário dure até às 21h, na Ucrânia (16h em Brasília).

Além de Mariupol, a evacuação também foi interrompida em Volnovakha, segunda cidade ucraniana onde estava prevista ação similar e que também está cercada pelas tropas de Vladimir Putin. Ainda não foram anunciados, no entanto, planos para uma nova retirada.

Rússia e Ucrânia trocaram acusações sobre os ataques realizados neste sábado. Ainda pela manhã, o Legislativo de Mariupol acusou as tropas russas de não respeitarem o prometido e, depois, a prefeitura da cidade pediu aos moradores que retornassem aos abrigos “por razões de segurança”.

“Apelamos à Rússia que acabe com o bombardeio e devolva o cessar-fogo para que crianças, mulheres e idosos possam deixar os assentamentos”, disse Irina Vereshchuk, ministra para Territórios Ocupados, sobre a situação em Volnovakha, segundo o jornal Pravda da Ucrânia.

Moscou, por sua vez, disse que o acordo não foi cumprido pelos ucranianos. Em uma conversa com as funcionárias da Aeroflot neste sábado, Putin negou que forças do país tenham interrompido o cessar-fogo. O presidente russo acusou “bandidos e neonazistas ucranianos” de impedirem as pessoas de sair das cidades. “Estamos em negociação”, disse, sobre as conversas das delegações russa e ucraniana que ocorreram na Belarus.

Mikhail Mizintsev, chefe do Centro de Comando de Defesa Nacional da Rússia, reiterou a posição de Putin e disse que a trégua foi interrompida por “nacionalistas ucranianos”.

O governo ucraniano pretendia, neste sábado, auxiliar a retirada de cerca de 200 mil pessoas em Mariupol e de outras 15 mil em Volnovakha. Ainda não se sabe ao certo quantas conseguiram de fato deixar antes da interrupção da operação.

Considerada estratégica por Moscou, Mariupol é uma cidade portuária no sudeste da Ucrânia localizada a 150 km de Rostov-do-Don, a principal cidade do sul da Rússia. Ela foi atacada desde o primeiro dia da guerra e é um porto importante no mar de Azov, uma divisão secundária do mar Negro. A cidade também é considerada o último ponto de resistência a evitar o estabelecimento de uma ponte terrestre unindo Rostov à Crimeia, anexada em 2014 por Putin.

Rússia e Ucrânia haviam concordado em estabelecer os corredores humanitários na quinta (3), durante encontro de delegações dos dois países para negociações na Belarus. Neste sábado, apesar das trocas de acusações, o conselheiro do Ministério do Interior ucraniano, Anton Heraschenko, disse que mais acordos devem ser estabelecidos para a implementação de novas rotas de saída em outros territórios do país.

O chanceler russo, Serguei Lavrov, também disse ter discutido com seu contraparte belarusso, Vladimir Makei, o estabelecimento de outras rotas, segundo a agência RIA.?

Corredores humanitários ou zonas de segurança implicam cessar-fogo, algo que, como visto na guerra da Bósnia nos anos 1990, é um instrumento muito precário. Além disso, podem ser utilizados para desocupar áreas de civis potencialmente hostis a invasores, sem garantias de que um dia voltarão para suas casas.

O movimento pode facilitar a eventual ocupação militar de territórios e favorecer o plano presumido de Putin de remover a área da soberania ucraniana.

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