Menu
Mundo

China faz grande incursão aérea contra Taiwan após apoio de Biden

Xi já disse que quer o fim da guerra, mas nunca condenou Putin e ataca o regime de sanções ocidentais aplicado à Rússia

FolhaPress

30/05/2022 14h41

Foto: Reprodução

Igor Gielow
São Paulo, SP

Uma semana depois que o presidente americano, Joe Biden, prometeu defender militarmente Taiwan contra uma invasão chinesa, Pequim fez sua maior incursão militar contra as defesas aéreas da ilha autônoma que considera seu território.

A ditadura comunista enviou 30 aviões, 22 de caça e o restante composto por aparelhos de defesa antissubmarino, alerta antecipado e guerra eletrônica. Foi o maior contingente a testar o sistema de proteção taiwanês desde 23 de janeiro, quando 39 aeronaves fizeram o serviço.

Tecnicamente, foi mais do mesmo. Os aviões voaram em formação e invadiram a chamada Adiz (sigla inglesa para Zona de Identificação de Defesa Aérea) de Taipé, cruzando a linha que divide o estreito de Taiwan.

Os taiwaneses enviaram caças para interceptar os adversários e acionaram suas baterias de mísseis antiaéreos. Eles desviaram e foram embora, tendo no processo obrigado um custo de mobilização que em 2021 foi estimado em US$ 1 bilhão anual, além de testar a rapidez de reação da ilha. A maior incursão até ocorreu com 52 aviões, em outubro passado.

Mas o efeito pretendido principal é político. Em seu giro asiático por Coreia do Sul e Japão, Biden fez diversos gestos de confronto ante a China, segunda economia do mundo atrás dos EUA e sua principal rival estratégica. Na segunda (23), disse que Washington seguia comprometida com a defesa militar de Taipé.

Houve reações dos chineses, que disseram que Biden brincava com fogo e que não seguia seu próprio discurso. Quando admoestou Xi Jinping a não apoiar o aliado Vladimir Putin na Guerra da Ucrânia, o americano reiterou ao líder chinês que os EUA se mantinham firmes no respeito à política de “uma só China” de Pequim –de resto, aceita no papel por praticamente todo o mundo, salvo 14 Estados.

Só que, na prática, a política americana é acompanhada pelo compromisso em armar e defender Taiwan, um dos principais fatores de dissuasão contra uma invasão chinesa para tomar para si a ilha para onde fugiram os derrotados pela Revolução Comunista de 1949.

Mais do que reclamar, os chineses fizeram um desafio ao promover uma patrulha conjunta com os russos perto do Japão e da Coreia do Sul, utilizando bombardeiros de emprego nuclear, num recado pouco discreto sobre sua insatisfação e o renovado apoio a Moscou. Xi já disse que quer o fim da guerra, mas nunca condenou Putin e ataca o regime de sanções ocidentais aplicado à Rússia.

Isso ocorreu na terça (24), quando Biden se encontrava com o grupo que reformulou para enfrentar os chineses, o Quad, que inclui Japão, Austrália e Índia. No dia seguinte, Pequim anunciou um exercício surpresa de mobilização de forças aeronavais perto do estreito de Taiwan, alegando a necessidade de dar um “alerta solene” ao “conluio entre EUA e a ilha” e, agora, fez a incursão.

No caso desta segunda, a área da ação chinesa foi mais ao sul, próximo das ilhas Pratas, controladas por Taiwan e vistas por muitos como um alvo possível de uma ensaio de invasão do território taiwanês –que, além de ter o apoio americano, é bastante bem defendido militarmente e pela natureza, que não dá mais de 10% de costa com praias favoráveis a desembarques anfíbios e coalhou a ilha de montanhas.

Taiwan é uma das linhas de frente principais da Guerra Fria 2.0 entre China e EUA, na qual a Rússia se engajou em apoio a Pequim de forma oficial meros 20 dias antes da invasão da Ucrânia. Isso leva muitos analistas a suspeitar que os chineses observam o que se passa na Europa não só como oportunidade geopolítica, pois trouxeram o Kremlin de vez para seu lado, mas também para aferir como o Ocidente reagiria no caso de uma ação análoga em Taiwan.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado