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Mundo

Califórnia chora seus mortos após ataques com armas de fogo contra comunidade asiática

Em visita a Monterey Park, o governador da Califórnia, Gavin Newsom, criticou a proliferação incontrolável de armas de fogo no país

Redação Jornal de Brasília

24/01/2023 18h52

Em menos de 48 horas, dois ataques a tiros deixaram pelo menos 18 mortos na Califórnia. No sábado, os alvos foram salões de dança nos arredores de Los Angeles e, na segunda-feira, fazendas perto de San Francisco. Ambos tinham em comum a origem asiática da maioria das vítimas e dos dois autores.

Depois de expressar sua indignação e ordenar que as bandeiras fossem hasteadas a meio mastro no domingo, o presidente dos EUA, Joe Biden, pediu a aprovação “rápida” de um projeto de lei que restrinja o acesso a fuzis de assalto.

“O flagelo da violência armada nos Estados Unidos exige uma ação mais contundente”, disse Biden.

Em visita a Monterey Park na segunda, o governador da Califórnia, Gavin Newsom, criticou a proliferação incontrolável de armas de fogo no país.

“É uma vergonha”, afirmou o democrata. “Deveríamos estar fazendo melhor do que isso, deveríamos estar liderando o mundo, não apenas respondendo a essas incontáveis crises e dizendo, de novo e novo, orações e condolências”.

“Estou no hospital me reunindo com as vítimas de um tiroteio em massa quando me chamam para informar sobre outro tiroteio. Desta vez em Half Moon Bay. Tragédia após tragédia”, lamentou Newsom no Twitter.

Fazendas e salões de dança

O assassinato de segunda-feira em Half Moon Bay, a pouco mais de 40 quilômetros de San Francisco, ocorreu em duas fazendas.

As sete vítimas são trabalhadores agrícolas chineses e uma oitava pessoa ficou gravemente ferida, de acordo com a imprensa americana.

O suspeito, um homem de 67 anos chamado Chunli Zhao, foi levado sob custódia, disse a xerife do condado de San Mateo, Christina Corpus, acrescentando que uma pistola semiautomática foi encontrada em seu veículo. Corpus também observou que ele havia trabalhado em uma das fazendas.

A tragédia ocorreu menos de 48 horas depois de um homem abrir fogo na noite de sábado no Star Ballroom Dance Studio, em Monterey Park, 600 quilômetros ao sul, um estabelecimento frequentado por asiáticos.

O agressor disparou 42 tiros, matando 11 homens e mulheres, todos com mais de 50 anos.

Após o massacre, no qual também ficaram feridas nove pessoas, o atirador, Huu Can Tran, de 72 anos, tentou continuar com os assassinatos em outro estúdio de dança próximo, mas foi desarmado, fugiu e acabou se suicidando em sua van, cercado pela polícia.

As autoridades ainda trabalhavam nesta terça-feira para determinar as motivações dos agressores.

“Ainda não temos um motivo”, admitiu o xerife do condado de Los Angeles, Robert Luna, na segunda-feira em uma coletiva de imprensa no caso do estúdio de Monterey Park.

Os investigadores avaliam atualmente a ligação entre o assassino e os dois estúdios de dança, segundo o Los Angeles Times, que citou fontes policiais.

Extrema vigilância

A porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, disse na segunda-feira que o presidente havia sido informado sobre o ataque em Half Moon Bay e “solicitado às forças da ordem federais que fornecessem qualquer assistência necessária às autoridades locais”.

Dada a origem asiática da maioria das vítimas dos dois episódios, o Ministério das Relações Exteriores da China afirmou ter ativado um sistema de proteção consular com seus consulados nos Estados Unidos.

Recomendou, ainda, que seus cidadãos prestem atenção especial à situação local e estejam extremamente vigilantes, em particular evitando ir a locais de reunião, de acordo com uma publicação enviada nesta terça pela plataforma chinesa WeChat.

Cerca de 49 mil pessoas foram mortas a tiros nos Estados Unidos em 2021 contra 45 mil em 2020, ano que já tinha registrado um recorde. Isso representa mais de 130 mortes por dia, das quais mais da metade são suicídios.

No entanto, são os ataques a tiros em massa que mais se destacam, ao ilustrarem a divisão ideológica que separa conservadores e progressistas na questão de como evitar tais tragédias.

A história recente dos Estados Unidos é marcada por massacres, sem que nenhum lugar do cotidiano pareça seguro, da empresa à igreja, do supermercado à boate, da via pública ao transporte coletivo.

© Agence France-Presse

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