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Mundo

Brasileiro testemunha nova fase na Itália: “É o vírus da solidão”; veja entrevista

A confeiteiro Marcos Arcoverde mora há 30 anos em Brescia, numa das regiões mais afetadas pela pandemia

Redação Jornal de Brasília

13/05/2020 6h00

Atualizada 12/05/2020 18h30

Por Mayariane Rodrigues
Jornal de Brasília / Agência UniCEUB

O confeiteiro Marcos Arcoverde, brasileiro microempresário em Brescia, na Itália, experimenta, desde a semana passada, o relaxamento das medidas restritivas de circulação no país em que mora há 30 anos. Até essa nova realidade, sabe que o caminho de uma nova “normalidade” ainda é longo.

Passaram as dores da doença e o temor pela família. Ele frisa a importância do isolamento social para a contenção da doença. “É o vírus da solidão. Quando você está doente, você fica sozinho, ninguém entende o que você está passando e não tem ninguém ali do seu lado”. Ele, a esposa e filho testaram positivo para o coronavírus.

Assista abaixo a trechos da entrevista

A Itália já começou a fase 2 da reabertura econômica na semana passada. Esta nova fase relaxa as medidas e restrições do isolamento social e estabelece a reabertura de comércios, desde que não façam aglomeração e que sigam os protocolos de segurança impostos pelo governo da Itália. Escolas permanecem fechadas até setembro. 

Ele mora em Bréscia, uma província da Lombardia, a região mais afetada pelo coronavírus na Itália. Ele completa que não houve tempo para assimilar a quarentena e o que estava acontecendo pois foi algo do dia para a noite. Marcos relembra que uma semana após o primeiro surto na cidade de Bérgamo, sua província foi afetada. “A Lombardia foi decretada como zona vermelha. Eu fiquei doente e não tive percepção do que estava acontecendo”, relata.

Economia

O país foi considerado o epicentro do coronavírus na Europa e foi o primeiro país a entrar inteiramente em confinamento. Após dois meses, aos poucos a economia volta a funcionar após dados constatarem a menor perda econômica do país desde a segunda guerra mundial. A Itália teve uma queda brusca de 4,7% no seu PIB (Produto Interno Bruto) e sua economia é uma das mais frágeis da Europa atualmente.

O confeiteiro relata que sua confeitaria está fechada há três meses, porém ele continua realizando entregas. “Muitas empresas estão falindo. Eu vi a última relação e houve fechamento de cinco milhões de empresas. Ontem, estava falando com meu amigo e ele vai fechar, ele estourou o orçamento e não tem condições de manter a empresa”.

Ainda existem 100 mil pessoas diagnosticadas com o Covid-19 na Itália, mas o governo adotou medidas de segurança para a reabertura do comércio. O chefe da Defesa Civil, conforme noticiário local, disse que o governo ordenou que estabelecimentos vendessem máscaras por 50 centavos de euro e que a Itália focaria na produção do produto. Bares e restaurantes foram autorizados para fazer entregas dentro das normas da OMS, de fornecer álcool em gel e máscara para os clientes e funcionários.

Em relação ao transporte público, o governo informa que somente 25% do espaço dos transportes serão ocupados para respeitar a distância mínima entre os usuários. Lugares que promovam aglomerações, como shoppings, bares, restaurantes, ainda permanecem fechados. A previsão da volta às aulas é de que elas voltem em setembro. Essa segunda fase de relaxamento do isolamento social não tem data prevista para acabar.

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