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Mundo

Ativistas evangélicos LGBTQIA+ se casam em Cuba

Os casais do mesmo sexo começaram a se casar em diferentes províncias da ilha desde o dia 25 de setembro

Redação Jornal de Brasília

14/10/2022 15h57

LGBTQIA+

Foto: AFP

Adiel, um teólogo de 32 anos, teve que romper com sua igreja batista e se transformar em um ferrenho ativista defensor dos direitos LGBTQIA+ para poder se casar com seu noivo Lázaro. Ambos protagonizam um dos primeiros casamentos homoafetivos de Cuba. 

Os casais do mesmo sexo começaram a se casar em diferentes províncias da ilha desde o dia 25 de setembro, quando Cuba ratificou o Código das Famílias em referendo, uma nova legislação que inclui o casamento igualitário, adoção por pessoas do mesmo sexo e gestação assistida.

“Para nós, que nos envolvemos tão diretamente” na aceitação do casamento gay em Cuba, “que tornamos isso parte do nosso cotidiano, que foi nosso pão de cada dia durante sete anos consecutivos, conseguir casar foi o encerramento, a culminação”, disse à AFP Adiel González, ao lado de Lázaro Gonzáles, um artista independente de 52 anos, em sua casa na cidade de Bolondrón, na província central de Matanzas, após o casamento.

“Sempre esperamos por esse momento porque era um sonho”, disse o noivo antes de se trocar para participar da cerimônia.

“Não caiu do céu”

O casal se casou na única sala de registro civil da cidade com cerca de 7.000 habitantes. Ambos assinaram a certidão de casamento em meio a brincadeiras. 

Na América Latina, o matrimônio homoafetivo é legal na Argentina, Uruguai, Brasil, Colômbia, Equador, Costa Rica, Chile e alguns estados mexicanos. 

Este tem sido um tema sensível em Cuba. O país ainda está marcado pela homofobia exacerbada durante as décadas de 1960 e 1970, quando o governo condenou muitos homossexuais ao ostracismo e os enviou para campos de trabalho agrícola militarizados.

Adiel pensa que, desde então, “Cuba mudou da noite pro dia”. Ter um presidente que diz publicamente ser “a favor do casamento igualitário, isso não caiu do céu”, mas é fruto do trabalho árduo de ativistas e acadêmicos que conseguiram influenciar as decisões políticas, acrescenta.

Esse ativista diz que também teve que enfrentar o fardo de ter nascido em uma família cristã “muito conservadora e fundamentalista”.

“Fui ensinado a rejeitar qualquer manifestação homossexual. Qualquer maneirismo, inclusive, era considerado um pecado”, narra, ao recordar que desde os 11 anos tentou mudar entregando-se à oração.

“Mas isso não aconteceu porque a orientação sexual não se escolhe, não se troca e estou convencido que a orientação sexual não importa para Deus”, conta ele com uma cruz no pescoço.

© Agence France-Presse

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