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Ajuda humanitária chega a áreas controladas por rebeldes na Síria após terremoto

Mais de uma semana depois do terremoto de magnitude 7,8, as esperanças de encontrar sobreviventes nos escombros são escassas

Redação Jornal de Brasília

14/02/2023 15h32

Foto: Adem ALTAN / AFP

Um novo comboio de ajuda humanitária chegou, nesta terça-feira (14), às zonas rebeldes do norte da Síria, oito dias depois do terremoto que a Organização Mundial da Saúde (OMS) descreveu como a “pior catástrofe natural em um século na Europa”. Até o momento, o número total de mortos chega a 35.331, sendo 31.643 óbitos na Turquia, e 3.688, na Síria.

Mais de uma semana depois do terremoto de magnitude 7,8, as esperanças de encontrar sobreviventes nos escombros são escassas, e a atenção se concentra agora em fornecer alimentos e refúgio aos desabrigados.

Ativistas e equipes de emergência no noroeste da Síria criticaram a resposta lenta da ONU em áreas controladas por rebeldes, em contraste com os aviões de ajuda humanitária que chegaram aos aeroportos controlados pelo governo. 

Na Síria, pela primeira vez desde 2020, um comboio de ajuda entrou em áreas do norte controladas por rebeldes através da fronteira de Bab al-Salam com a Turquia nesta terça-feira (14), observou um jornalista da AFP. 

O comboio é composto por 11 caminhões de ajuda humanitária da Organização Internacional para as Migrações (OIM), disse um porta-voz dessa agência do sistema ONU, com sede em Genebra.

Cresce a preocupação em ambos os lados da fronteira, especialmente sobre as crianças. Mais de sete milhões delas teriam sido afetadas pela tragédia, segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), que expressou seu temor de que “muitos milhares” mais tenham morrido. 

“Está claro que os números continuarão crescendo”, disse James Elder, porta-voz do Unicef, também em Genebra.

Por sua vez, o secretário-geral da ONU fez um chamado a doações de quase 400 milhões de dólares para aliviar, durante “três meses”, as “necessidades imensas” das populações vítimas do terremoto na Síria. 

“Todos sabemos que a ajuda que salva vidas não entra na velocidade e na escala necessárias”, afirmou António Guterres.

Riscos sanitários

O “pior desastre natural” em 100 anos na região europeia, nas palavras da OMS, também teve consequências psicológicas entre a população.

Serkan Tatoglu conseguiu salvar os quatro filhos do violento terremoto que destruiu sua casa no sudeste da Turquia. A família está em segurança no momento, mas a filha de seis anos não para de perguntar: “Papai, nós vamos morrer?”, conta à AFP o homem de 41 anos.

Ao sofrimento mental soma-se a dura realidade de sobreviver em cidades arruinadas, em meio às geadas do inverno. 

Em Kahramanmaras, no sul da Turquia, grandes multidões dependiam de um único banheiro ainda em funcionamento em uma mesquita. 

“Eu ando cinco quilômetros todos os dias para vir aqui”, conta Erdal Lale, de 44 anos.

Uma psicóloga voluntária que trabalha em um centro de ajuda na província de Hatay (sul) disse que vários pais procuravam desesperadamente os filhos desaparecidos. 

“Recebemos milhares de ligações sobre crianças desaparecidas”, disse Hatice Goz. “Mas se a criança ainda não fala, a família não consegue encontrá-la”.

‘Milhões’ precisam de alimentos

Na cidade turca devastada de Antakya (sul), as equipes de limpeza continuam retirando os escombros e instalando banheiros básicos. A rede de telefonia voltou a funcionar em algumas partes da cidade.

“Enviem todo o possível, porque aqui há milhões de pessoas, e todas precisam de alimentos”, afirmou o ministro do Interior da Turquia, Suleyman Soylu, no domingo (12).

As cidades de Antakya e Kahramanmaras começaram a receber alimentos e outros suprimentos, segundo os correspondentes da AFP.

O custo econômico da catástrofe pode superar US$ 84 bilhões (R$ 432 bilhões), incluindo US$ 70 bilhões (R$ 360 bilhões) que corresponderiam às moradias, de acordo com a federação empresarial Turkonfed.

A situação também é grave na vizinha Síria, já em colapso por mais de uma década de guerra civil.

Isolado e alvo de sanções, o presidente sírio, Bashar al-Assad, pediu ajuda internacional para reconstruir as infraestruturas do país, onde a ONU calcula que mais de cinco milhões de pessoas ficaram sem ter onde morar.

Antes do terremoto de 6 de fevereiro, quase toda a ajuda humanitária crucial para as mais de quatro milhões de pessoas que vivem nas áreas do noroeste da Síria controladas pelos rebeldes chegava por apenas uma passagem de fronteira.

Ajuda para a Síria

Mais de uma semana depois do terremoto, e contra todas as expectativas, continuam aparecendo histórias de pessoas encontradas vivas entre os escombros. 

Na segunda-feira (13), caminhões com kits de ajuda cruzaram da Turquia para o noroeste da Síria.

De acordo com o Ministério dos Transportes da Síria, 62 aviões de ajuda já pousaram no país, e outros são aguardados nos próximos dias, procedentes, sobretudo, da Arábia Saudita.

Nesta terça-feira, um avião da Arábia Saudita com ajuda para as vítimas do terremoto pousou em Aleppo, norte da Síria.

© Agence France-Presse

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