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Economia

Sobre Argentina, Campos Neto diz não conseguir ver como acabar com todas as funções de um BC

Campos Neto relembrou que, na União Europeia, mesmo com uma moeda única, os países têm seus próprios bancos centrais

Redação Jornal de Brasília

22/11/2023 16h56

Foto: Banco de Imagens

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quarta-feira, 22, que não vê como eliminar todas as funções que são executadas por um banco central e que é preciso entender melhor qual é o plano do presidente eleito da Argentina, Javier Milei. Desde a época de campanha, Milei tem prometido fechar o BC argentino.

“É óbvio que, com a dolarização, uma função do BC deixa de existir, mas um banco central tem o mandato de estabilidade da moeda e de estabilidade financeira. Isso significa que o BC faz função de conduta, supervisão e regulação financeira, que alguém tem que fazer”, argumentou Campos Neto. “Há também uma parte de controle de fluxos internacionais, de entrada e saída de moeda, independente da sua moeda.”

Campos Neto relembrou que, na União Europeia, mesmo com uma moeda única, os países têm seus próprios bancos centrais, com função de regulação e supervisão individual. “Não consigo ver como eliminar todas essas funções. Acho bem perto do impossível”, disse.

O presidente do BC reiterou que não conhece o plano de Milei, mas que entende que há necessidade de buscar uma âncora de credibilidade no país, sobre a proposta de dolarização. “O peso perdeu totalmente a função de credibilidade e é uma economia que já é basicamente dolarizada. As pessoas pensam em dólar, mesmo que negociem em peso”, afirmou.

O banqueiro central também analisou que há uma percepção na Argentina de que o banco central local foi em parte responsável pela degradação da moeda, “ao ser usado como instrumento para financiar o governo de forma obscura por muito tempo.” Ele frisou que isso não seria possível no Brasil, devido à autonomia do BC.

O processo de perda de credibilidade da Argentina foi longo e começou com a perda de independência do BC, defendeu. Campos Neto frisou, porém, que seria importante não acabar com o banco central, mas sim ter uma instituição que funcionasse.

O banqueiro central emendou que essa é uma lição importante para o Brasil. “É importante ter um BC autônomo, robusto e com bons funcionários, pessoas capacitadas. É importante cumprir e ter credibilidade também no cronograma de metas fiscais para indicar uma trajetória de dívida sustentável.”

Campos Neto participou de café da manhã com a Frente Parlamentar pelo Livre Mercado, no Senado Federal.

Estadão Conteúdo

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