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Economia

Rotatividade no mercado financeiro cai após salto do pós-pandemia

Isso elevou a rotatividade para 60% em bancos privados, fintechs e gestoras da metade de 2021 até o final de 2022

Redação Jornal de Brasília

19/04/2024 9h43

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

JÚLIA MOURA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Ao fim da pandemia, muitos profissionais e empresas aproveitaram o momento para mudar de equipes.

No mercado financeiro local, o chamado ‘turnover’ foi ainda mais expressivo, dada a rápida expansão de produtos de investimento fora do tradicional por conta da Selic baixa e de bancos digitais.

Isso elevou a rotatividade para 60% em bancos privados, fintechs e gestoras da metade de 2021 até o final de 2022, de acordo com a Michael Page, multinacional britânica de recrutamento para cargos de alta e média gerência, ante uma média de 40% para a última década. Ou seja, seis a cada dez profissionais do mercado financeiro no Brasil mudaram de emprego em busca de melhores condições, como reposicionamento na carreira ou uma melhor remuneração.

Tamanho turnover levou a um arrefecimento logo em seguida. Em 2023, a troca de emprego no setor privado foi apenas de 20%.

“Uma rotatividade de dois a cada dez é pouco, considerando histórico de Brasil”, diz Juliana França, diretora-executiva e headhunter da Michael Page.

Segundo Juliana, dois motivos explicam a queda. O primeiro é a recente troca de emprego por grande parte dos profissionais. “Ficar menos de um ano, um ano e meio em um emprego pode manchar o currículo.”

A outra explicação é o cenário macroeconômico. Juros altos nos Estados Unidos e a expectativa de uma redução menor na Selic levam as empresas deste setor a adotarem uma certa moderação. “Escutamos dos clientes um ‘otimismo cauteloso'”, diz a executiva.

Segundo a agência de recrutamento, que tem escritórios em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Recife e Campinas, o ganho salarial ofertado nas propostas de emprego também caíram.

As propostas costumavam ser de um ganho salarial de 20% a 25% de aumento em 2022 e até metade do ano passado, no pós-pandemia, e, agora, são de 10% a 15%.

“Isso leva menos pessoas a aceitarem essas propostas. Cerca de 80% dos profissionais procurados nega a primeira proposta e quer renegociar. Exige mais trabalho da nossa parte”, diz Juliana

Segundo ela, as atuais contratações são pontuais. “As empresas têm buscado perfis mais interdisciplinares, com novas demandas e projetos, como inteligência artificial e inovação.”

A busca por profissionais, porém, não se estende para os que já estão no setor público. “Não faz muito sentido esse tipo de mudança, são profissionais com estabilidade e cultura muito diferente. Quem vem de carreira pública tem um excelente currículo, mas há o choque cultural do público para o privado e isso pode pegar no momento da entrevista”, diz a headhunter.

“O que será muito avaliado é o quanto esse profissional está aberto a passar de uma estabilidade na carreira para estabilidade quase zero”, completa.

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