Menu
Economia

Nova política reduz dividendos da Petrobras em cerca de R$ 5 bilhões

A política anterior previa o pagamento de 60% desse indicador. O Ineep calcula que, se mantida, geraria dividendos de quase R$ 20 bilhões

Redação Jornal de Brasília

03/08/2023 23h45

Atualizada 04/08/2023 6h09

Foto: Reprodução/ Flickr

NICOLA PAMPLONA
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS)

A nova política de remuneração aos acionistas da Petrobras reduziu em cerca de R$ 5 bilhões o valor dos dividendos distribuídos no segundo trimestre, segundo cálculo do Ineep (Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).

A estatal anunciou que pagará R$ 15 bilhões pelo resultado do período, já de acordo com a política que garante aos acionistas 45% do fluxo de caixa livre, diferença entre a geração de caixa e os investimentos feitos pela companhia no trimestre.

A política anterior previa o pagamento de 60% desse indicador. O Ineep calcula que, se mantida, geraria dividendos de quase R$ 20 bilhões. Maior acionista da estatal, o governo também perdeu dividendos: teria direito a R$ 5,7 bilhões na política anterior e acabará ficando com R$ 4,3 bilhões.

No primeiro trimestre de 2023, ainda com a política de remuneração antiga e lucro 24,6% superior, a empresa distribuiu R$ 24,7 bilhões.

“O menor valor distribuído na forma de dividendos no segundo trimestre reflete, em primeiro lugar, a queda nos preços do barril no mercado internacional e dos derivados no mercado interno, o que afetou a receita da empresa e, em segundo lugar, a mudança na política de remuneração dos acionistas”, disse o diretor técnico do Ineep, Mahatma dos Santos.

Promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a mudança nos dividendos da Petrobras foi sacramentada em reunião do conselho de administração da companhia na sexta-feira (28).

A diretoria propôs um percentual entre 40% e 50% do fluxo de caixa livre e enfrentou resistências dos representantes de acionistas minoritários, contrários à mudança. Por fim, chegou-se ao valor intermediário.

A alteração, porém, foi bem recebida pelo mercado financeiro, que entende que a regra estabelecida garante previsibilidade a investidores, ao mesmo tempo que não reduziu drasticamente a remuneração.

“O mercado sempre precifica o pior, mas muito pouco mudou”, disse no dia seguinte o assessor de investimentos Gabriel Meira, da Valor Investimentos. “O valor dos dividendos ainda é muito grande e o governo também é acionista. Se houver uma redução drástica, o governo também deixa de arrecadar.”

Com a nova política, a Petrobras se aproxima de concorrentes internacionais que usam o indicador de fluxo de caixa como parâmetro e, segundo levantamento do Goldman Sachs, distribuem entre 25% e 40% do indicador.

A gestão petista defende que uma parte maior da geração de caixa seja destinada a novos investimentos em segmentos abandonados por gestões anteriores, como energias renováveis e petroquímica.

Por isso, a estatal incluiu na nova política a possibilidade de contabilizar como investimentos a aquisição de participações em outras empresas, indicando uma disposição ao crescimento via aquisições após anos de elevados desinvestimentos.

A regra atual foi criada ainda no início da gestão Jair Bolsonaro (PL) e levou a empresa a adquirir o status de “vaca leiteira”, como são chamadas as boas pagadoras de dividendos. Em 2022, a Petrobras foi a segunda maior pagadora de dividendos do mundo, segundo a gestora Janus Henderson.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado