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Economia

Não há garantia de que montadoras vão conseguir compensar créditos tributários, diz Anfavea

As montadoras reclamam há anos que estão com bilhões de créditos represados

Redação Jornal de Brasília

06/06/2023 16h40

Foto: Divulgação / Nissan

Ao invés de cortar impostos federais, o governo decidiu autorizar créditos tributários para reduzir os preços dos carros, optando por dar o estímulo a partir de um canal que representa uma das maiores reclamações da indústria. As montadoras reclamam há anos que estão com bilhões de créditos represados.

A estimativa atual, feita pela Anfavea, a entidade que representa o setor, é de algo em torno de R$ 15 bilhões em créditos que os fabricantes de veículos ainda não conseguiram compensar, sendo R$ 8 bilhões em tributos federais e R$ 7 bilhões em ICMS dos Estados.

Na apresentação dos resultados de maio à imprensa, o presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, reconheceu que não há garantias de que as montadoras vão conseguir compensar os créditos desta vez. Ele avaliou, porém, que o programa deve, em geral, atender bem o setor, sem prejudicar o caixa das empresas.

A explicação da tranquilidade transmitida pelo executivo é que os créditos tributários federais – não recuperados na maioria das vezes em exportações – representam um volume baixo nas vendas de automóveis que custam no máximo R$ 120 mil, teto dos carros que terão descontos patrocinados pelo governo.

“Não há garantias, mas não será algo que vai penalizar as montadoras”, disse o presidente da Anfavea. “A maioria das montadoras não possui créditos acumulados nesse segmento até R$ 120 mil”, acrescentou.

A expectativa pela apresentação de medidas de apoio do governo, que inicialmente seria uma tentativa de resgate do carro popular, durou três semanas e levou a um deslocamento, da segunda quinzena de maio para junho, de aproximadamente 27 mil veículos que seriam vendidos no mês passado. Isso porque o consumidor adiou a compra, à espera dos preços mais baixos.

A indústria formou estoques, que chegaram ao total de 251,7 mil veículos, para atender a aguardada corrida às concessionárias, que, pela previsão dos fabricantes, deve consumir em cerca de um mês todos os recursos autorizados para os descontos de automóveis: R$ 500 milhões. “Agora, temos que correr para faturar, e o consumidor correr para comprar”, frisou Leite, ao alertar que os bônus podem acabar rapidamente.

Segundo a Anfavea, a formação dos estoques, junto com os quatro dias úteis a mais e a retomada de fábricas que estavam paradas, levou a um aumento de 27,4% da produção das montadoras na passagem de abril para maio. “Praticamente não tivemos paralisações em maio”, comentou Leite.

Ele considerou natural o mercado “travar” no fim de maio, mas disse que foi por um “bem maior”: a oferta de produtos a um custo mais acessível. A expectativa, continuou o executivo, é que o mercado tenha um crescimento considerável, pelo menos enquanto durar o programa.

O presidente da Anfavea reafirmou, sem citar nomes, que três montadoras decidiram suspender paralisações para atender a demanda, porém algumas fábricas podem voltar a parar para ajustar excessos de estoque.

Entre elas, a General Motors (GM) vai parar nas próximas duas semanas as fábricas de São José dos Campos (SP) e Gravataí (RS), esta responsável pela produção do Onix, o carro de passeio mais vendido do País.

Já a Volkswagen suspendeu na segunda-feira um turno da unidade de São José dos Pinhais, no Paraná, onde produz o utilitário esportivo T-Cross. A paralisação parcial pode durar de dois a cinco meses, período em que os contratos dos trabalhadores afetados estarão suspensos.

Estadão conteúdo

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