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Economia

Ministro manda BC ‘estudar mais’ e vê ‘forma burra’ no controle da inflação

Já o “jeito inteligente” de controlar a inflação, na avaliação de Marinho, é pelo lado da oferta.

Redação Jornal de Brasília

27/03/2024 20h40

Luiz Marinho, ministro do Trabalho e Emprego – Foto: Agência Brasil

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, afirmou nesta quarta-feira (27) que o Banco Central precisa estudar melhor os fundamentos da economia e acrescentou que aumentar juros é a forma burra de se controlar a inflação.

Em entrevista a jornalistas após a divulgação dos dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), o ministro foi questionado sobre a última ata do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC, que fez referência a um mercado de trabalho mais apertado e o potencial impacto disso na inflação.

“Não estou nem criticando o Banco Central. Estou alertando que eles têm que olhar melhor, estudar mais. Está faltando estudar um pouco, fundamentos da economia”, disse o ministro.

Segundo ele, existem duas maneiras de controlar a inflação. “Uma forma é restringir, é aumento de juros, é corte de crédito. Isso aqui você controla a inflação, sim, mas é a forma burra de fazer.”

Já o “jeito inteligente” de controlar a inflação, na avaliação de Marinho, é pelo lado da oferta.

“Vai crescer a demanda de consumo, as empresas não devem esperar faltar mercadoria lá na gôndola do supermercado. Elas têm que antecipar a velocidade da linha contratando mais gente, botando mais oferta de produtos. É assim que controla a inflação de forma inteligente”, disse.

A questão da oferta e demanda de produtos é apenas uma das causas da inflação entre aquelas apontadas pelo Banco Central em seu site.

A alta de preços também pode ser gerada por pressões de custos -como salários que crescem mais que as receitas da empresa-, inércia inflacionária e expectativas de inflação, por exemplo.

Em sua página, o BC diz também que, com preços estáveis, há condições mais propícias para que a economia cresça, favorecendo a criação de empregos e o aumento do bem-estar na sociedade.

Os dados do Caged desta quarta mostram que o Brasil gerou 306.111 vagas formais de trabalho em fevereiro. O número supera com folga o resultado consolidado registrado em fevereiro do ano passado, quando foram abertas 252.487 vagas com carteira assinada no país.

Também é bem maior que o esperado pelos analistas econômicos: de 236 mil vagas. Para Marinho, o Brasil pode ultrapassar a linha de 2 milhões de empregos líquidos gerados ao final do ano.

“Esperamos que março venha reforçar ainda mais também para enxergarmos uma tendência do que pode acontecer neste ano”, afirmou.

Comemorada pelo governo, a força do mercado de trabalho soa como alerta para o BC e para as perspectivas sobre o ritmo de cortes na taxa básica de juros (Selic).

Na avaliação do Banco Central, a dinâmica do mercado de trabalho, com reajustes salariais acima da inflação e sem ganhos de produtividade correspondentes, pode retardar a convergência da inflação para a meta.

“Eu convido o Banco Central a aprofundar mais esse debate da produtividade do Brasil. Não por constatação, por números globais, é preciso dar uma aprofundada nas especificidades de cada setor para ver o que está acontecendo”, disse Marinho.

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