Menu
Economia

Microempreendedores pedem mais crédito, garantia de direitos e políticas de inclusão produtiva

Lideranças e atores do ecossistema empreendedor se reuniram no Fórum Brasileiro de Microempreendedorismo para discutir os desafios e gerar soluções. Último dia do evento levará a discussão para a Câmara dos Deputados

Redação Jornal de Brasília

18/05/2023 15h14

Foto: Divulgação

Institutos, fundações, empresas e organizações sociais, autoridades do Governo Federal e gestores de Governos Estaduais e Municipais, micro e pequenos empreendedores, além de outras lideranças se reuniram na quarta-feira (17) em Brasília para discutir medidas para alavancar o empreendedorismo de base no país. Menos burocracia – aprovação facilitada de empréstimos – valores mais altos de crédito individual – e instrumentos de segurança para que empreendedores em situação de vulnerabilidade possam começar e manter seus negócios foram as principais medidas requeridas pelo grupo durante a quinta edição do Fórum Brasileiro de Microempreendedorismo, organizado pela Aliança Empreendedora.

Francismeire Melo, que já viveu em situação de rua e hoje empreende no ramo de artesanato em Pernambuco, sendo uma liderança na região com o empreendedorismo feminino e fundadora da Associação das Mulheres Empreendedoras de Caruaru, contou sua trajetória e pediu apoio dos governos para a criação de políticas públicas acolhedoras. “Não é fácil empreender e muitas vezes a vontade é de desistir. É preciso que haja instrumentos que apoiem os micro e pequenas empreendedoras porque na maioria das vezes empreender é o único caminho para sair da fome”, disse.

A passagem da informalidade para a formalidade também foi tema do Fórum. Paola Loureiro, assistente social e diretora da Rede Brasileira de Renda Básica (RBRB), indicou a importância de políticas públicas que permitam que pessoas em situação de vulnerabilidade possam empreender formalmente. “Muitas mulheres chefes de família que recebem o Bolsa Família começam seus negócios em casa de forma informal e não querem passar para a formalidade porque temem perder o benefício. Isso não pode continuar. Não podemos fazer com que as pessoas temam perder um direito previsto na Constituição e deixem de gerar renda de forma mais organizada”, disse.

O evento também contou com a presença de representantes do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social e Combate à Fome e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços que alertaram para a necessidade de rever a taxa de juros do país. “A taxa de juros hoje do Brasil é insuportável. Por isso a inadimplência é cada vez maior. Muitos empreendedores ficam presos a ciclos de crédito e não têm condições de manter seus negócios”, disse Luiz Carlos Everton, Secretário Nacional de Inclusão Socioeconômica do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social e Combate à Fome.

“O Fórum foi muito rico porque tivemos a oportunidade de perceber com muita profundidade quais são os pontos que precisam ser melhorados para garantir que pessoas, de todo o território nacional e de situações de vulnerabilidade, possam empreender e gerar renda de forma segura e estável. Tivemos participação de empreendedores, representantes do poder público e privado, assistentes sociais; todos com esse olhar” resume Lina Useshe Kempf, cofundadora da Aliança Empreendedora.

A potência das favelas na geração de renda

Kalyne Lima, presidente nacional da Central Única das Favelas (CUFA), destacou o grande potencial empreendedor que existe nas favelas. Segundo ela, as favelas são o quarto maior estado do Brasil, pois são mais de 18 milhões de pessoas que movimentam juntas cerca de 200 bilhões de reais por ano. “99% das pessoas da favela sonham e desse total 71% acreditam que vão realizar seus sonhos. O sonho mais recorrente é a casa própria, seguido pelo negócio próprio, uma vez que é uma alternativa que proporciona mais autonomia e segurança, além de o mercado de trabalho exigir uma qualificação que algumas vezes elas não têm acesso”, comenta a Presidente.

Segundo levantamento do Data Favela, 7 em cada 10 pessoas que vivem na favela desejam empreender neste território. São cerca de 5,2 milhões de empreendedores, mas apenas 3% deles possuem CNPJ. Entre os principais negócios nas favelas, temos: alimentação (15%), estética (10%) e comércio de roupas e acessórios (8%). Kalyne destacou também que a pesquisa diagnosticou que mais de 6 milhões de favelados sonham em empreender. “Isso nos mostra que existe uma possibilidade promissora dentro desses territórios. A prática de empreender já existe há muito mais tempo na favela, é o que chamávamos de ‘desenrolar, dar seus pulos’ ”, comenta.

Encontro na Câmara dos Deputados

Nesta quinta-feira (18), segundo dia do Fórum Brasileiro de Microempreendedorismo, especialistas do ecossistema microempreendedor e microempreendedores participarão do Encontro do Empreendedorismo de Base e pelo Empreendedor Informal, a ser realizado no plenário II, anexo II, da Câmara dos Deputados, às 14h. A Deputada Any Ortiz presidirá o encontro que contará com a participação de representantes das empresas Bank of America, Meta, Instituto Assaí, Fundação Arymax e Sebrae. Também falarão em plenária Marcus Barão (Presidente da CONJUVE), Isabel Baggio (Presidente da Abcred), Lilian Prado (Fundadora da Acreditar Microcrédito), Helena (co-fundadora e Presidente da Aliança Empreendedora) , Fernanda Ribeiro (Afro Business) e Celia Kano (Rede Mulher Empreendedora) e Edson Leite ( Gastronomia Periférica).

Os dois dias do evento, que são uma iniciativa da Aliança Empreendedora, em parceria com o Bank of America, Meta, Instituto Assaí, Fundação Arymax, Caixa Econômica Federal e Sebrae, contará com a presença de cerca de 400 participantes, entre representantes de empresas, institutos e fundações empresariais, autoridades e representantes do Governo Federal, Estadual e Municipal, lideranças de organizações de apoio ao microempreendedor Brasileiro, e microempreendedores.

Sobre a Aliança Empreendedora

A Aliança Empreendedora acredita que todos os brasileiros podem empreender de forma digna e justa, e sabe que o empreendedorismo é uma ferramenta poderosa de inclusão socioeconômica. Para isso, capacita e apoia gratuitamente microempreendedores formais e informais em comunidades e periferias de todo o país, gerando inclusão e desenvolvimento econômico social, em parceria com empresas, governos, organizações sociais e interessados na causa. Saiba mais em www.aliancaempreendedora.org.br.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado