Menu
Economia

Mercadante fala em ‘nova relação Entre Estado e mercado’

E também para o financiamento a grandes empresas eleitas como “campeãs nacionais”, de setores selecionados pelo governo

Redação Jornal de Brasília

22/01/2024 21h43

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Brasília, 22 – O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) será o grande artífice do pacote anunciado nesta segunda-feira, 22, pelo governo, mobilizando R$ 250 bilhões dos R$ 300 bilhões previstos em créditos ao setor produtivo. Desse total, R$ 77,5 bilhões já foram aprovados em 2023, sendo R$ 67 bilhões do banco de fomento e R$ 10,5 bilhões da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), que administra o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT).

Nas gestões anteriores de Lula e Dilma Rousseff, o Tesouro injetou recursos no BNDES para irrigar linhas de empréstimos com crédito subsidiado para a compra de máquinas e equipamentos e caminhões. E também para o financiamento a grandes empresas eleitas como “campeãs nacionais”, de setores selecionados pelo governo.

A estratégia foi alvo de críticas de economistas pelo custo elevado. Entre 2008 e 2014, o Tesouro emprestou R$ 440,8 bilhões ao BNDES, recursos que foram devolvidos gradualmente nos últimos anos.

Questionado sobre se o governo vai reeditar essa mesma política, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, disse que “não escolhe o parceiro”. Mercadante rebateu as críticas ao programa e defendeu a volta do investimento estatal, afirmando que outros países também estão nesse caminho. “Eu quero perguntar a esses que escrevem todos os dias dizendo que estamos trazendo medidas antigas. Por que a China é o país que mais cresceu no mundo nos últimos 40 anos? Me explique a política econômica americana. Já são US$ 2 trilhões na década em subsídio, incentivo, em investimento público para atrair empresas, inclusive empresas brasileiras”, afirmou.

“Não tem como rever a indústria brasileira sem uma nova relação de Estado e mercado. Não é substituir o mercado, não é não acreditar na importância do mercado. Mas o Brasil precisa da participação do Estado diante de desafios históricos, da transição digital acelerada, do imenso desafio da crise ambiental e da transição para a economia verde.”

Mercadante afirmou que o valor de R$ 300 bilhões é “piso” do que o governo deseja aplicar na política industrial e que os demais bancos estatais – Banco do Brasil e Caixa -, além da Finep, “trabalharão de forma coordenada no mesmo objetivo”.

O chefe da Casa Civil, Rui Costa, fez referência ao caso de empreiteiras brasileiras que acabaram envolvidas em escândalos de corrupção no Brasil e em países vizinhos para criticar o que chamou de “criminalização” da política de estímulo à indústria.

“Nós vimos nos últimos anos um questionamento sobre apoio e participação do governo no desenvolvimento industrial, questionando, quando não criminalizando, essa ação pública de apoio e incentivo à industrialização e à indústria nacional. Muitas vezes colocando de forma pejorativa: ‘O Brasil está financiando a venda de um produto para outro país, financiando uma obra em outro país’. É importante que se pergunte: qual nação desenvolvida não está fazendo isso hoje em dia?”, disse Costa.

 

Estadão Conteúdo

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado