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Economia

Indústria quer replicar sucesso das máscaras em embalagem anti-Covid

Neste cenário, diz ele, além de auxiliar na higienização das embalagens, o novo produto inativa outros tipos de vírus, como o SARS-CoV

Redação Jornal de Brasília

07/06/2021 13h15

Foto: Divulgação

Daniele Madureira
Brasília, DF

As mudanças de comportamento motivadas pela pandemia têm criado novas oportunidades de negócio para empresas. A necessidade de higienização das compras levadas para casa, por exemplo, levou a Irani a lançar uma embalagem de papel com tecnologia antiviral, antibacteriana e antifúngica.

“Vimos diversas mudanças no comportamento de consumo do brasileiro, que passou a fazer mais compras pelo ecommerce e via delivery, recebendo assim um maior volume de embalagens em casa” diz Sergio Ribas, diretor-presidente da Irani.

Neste cenário, diz ele, além de auxiliar na higienização das embalagens, o novo produto inativa outros tipos de vírus, como o SARS-CoV (Síndrome Respiratória Aguda Grave), o MERS-CoV (Síndrome Respiratória do Oriente Médio), o CCoV (gastroenterite em cães), o H1N1 (infecção respiratória) e o adenovírus (resfriado), e ainda fungos e bactérias.

A empresa não revela o investimento no produto, que deve custar cerca de 15% a mais em relação à embalagem comum de papelão. “É uma embalagem exclusiva e inédita no Brasil, com grande valor agregado”, afirma Ribas.

Hoje, por volta de 70% da demanda da Irani vem da indústria de alimentos. “Entre os segmentos com maior potencial de adesão à nova embalagem estão os frigoríficos e a indústria alimentícia”, diz ele, que também aposta na alta demanda por parte dos setores de comércio eletrônico e delivery.

“Apesar dos recentes estudos apontarem a baixa transmissão do novo coronavírus por superfícies, sendo maior a propagação pela exposição através do ar e do contato direto com outras pessoas, entendemos que a busca por maior higiene é uma nova demanda dos consumidores”, diz Andrea Quintana, gerente de marketing e inovação da Irani.

Neste primeiro momento, a aposta da Irani é cautelosa: a produção será de 150 toneladas por mês na fábrica de Vargem Bonita, em Santa Catarina, o que equivale a 1,4% do volume total, diz Jair Bilibio, gerente comercial de embalagem da Irani. “A companhia já vem operando com toda a sua capacidade produtiva. Temos certeza de que haverá aumento da demanda por este tipo de produto”, afirmou. Outra empresa que diversificou seu portfólio na pandemia foi a Lupo.

No primeiro trimestre da pandemia, em 2020, algumas confecções correram para oferecer a proteção antiviral. Havia muita incerteza ainda sobre a capacidade de transmissão do vírus por superfícies e a recomendação era trocar de roupa assim que se chegasse da rua.

Surgiram camisetas, calças, leggings, casacos, vestidos e até capinhas para celular feitas com tecido que garante a rápida inativação do vírus. Mas só a máscara de proteção vingou. “Vendemos 42 milhões de máscaras até agora, o que corresponde a um faturamento de R$ 192 milhões”, diz Liliana Aufiero, diretora presidente da Lupo. Os demais produtos, como meias, leggings, camisetas “não tiveram procura notável”, afirma.

“Como o vírus se transmite pela fala, ao se expelir perdigotos, entende-se a razão de a máscara ser mais procurada, uma vez que ela é feita com fio que inativa o vírus e é antibacteriana”, diz ela.

As máscaras da Lupo são fabricadas com o fio de poliamida Amni Virus-Bac OFF da Rhodia, que foi submetido a ensaios de avaliação antibacteriana e antiviral pelo Laboratório de Biotecnologia Industrial do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). Nos testes, o produto se destacou na capacidade de filtragem e respirabilidade.

Os consumidores já demonstraram sua aprovação. “Nossa fabricação está em 300 mil máscaras por dia e tenho fila de espera até agosto”, diz Liliana que, com o início da pandemia e o home office, deixou de produzir meia-calça para adaptar a produção às máscaras.

A versão infantil do produto praticamente desapareceu das lojas e do site da fabricante. “Em maio, as máscaras representaram 31% do meu faturamento. Mas eu espero que isso diminua cada vez mais e a venda dos meus outros produtos cresça”, diz Liliana, referindo-se à expectativa pelo controle da pandemia. “Quando lancei a máscara, achei que só venderia por 90 dias”, afirma a empresária, neta de Henrique Lupo, que fundou a fabricante há exatos cem anos.

Em outras confecções que lançaram toda uma linha de produtos antiviral, a máscara também se tornou o carro-chefe da coleção. “Das cerca de 800 mil peças que vendemos até hoje, 500 mil são máscaras”, diz Patrícia Calixto, gerente da marca Malwee. A linha Protege foi lançada em meados do ano passado, para o público infantil e adulto, com camisetas, calças, casacos, conjuntos e vestidos.

“Nós mantemos a linha porque entendemos que é uma proteção para a família e vamos expandi-la, diversificando os atributos”, diz ela. Até agosto, na coleção primavera deste ano, a Malwee vai lançar camisetas e pijamas com propriedade antiodor (tecnologia NanoxClean) e repelente (Repelltex).

Na grife de roupas fitness Live!, a propriedade antibacteriana, que evita o odor, aliada à antiviral garantiu que a linha continue no portfólio. “A tecnologia empregada na Live! Care permite a eliminação dos vírus e bactérias em apenas um minuto, o que atende o desejo do público por maior assepsia”, diz a gerente de marca da Live!, Sylvia Gatti.

A confecção lançou uma coleção de legging, blusa moleton e máscara com a proteção. “A máscara saiu mais porque tem um custo menor, em torno de R$ 40”, diz ela, destacando que a coleção se tornou permanente. Ainda assim, diminuiu de tamanho: dos 30 itens originais para 15.

As tecnologias NanoxClean e Repelltex, que vão estar na próxima coleção da Malwee, são desenvolvidas pela Nanox, empresa especializada em materiais inteligentes, nanotecnologia e antimicrobianos, que também desenvolveu com a Irani a solução antiviral para o papelão.

Neste caso, o papel conta com micropartículas de prata responsáveis por oxidar a camada externa do vírus. Com isso, o vírus é desativado em cinco minutos em 99,9% dos casos. “A Nanox já havia desenvolvido a tecnologia em tecidos, mas em papel foi inédito”, diz o gerente de pesquisa e desenvolvimento da Irani, Roberto Friesen. Na etapa final de concepção do produto, os testes foram conduzidos pela Quasar Bio, especializada em ensaios com o SARS-CoV-2, realizados em laboratório de biossegurança de nível 3 (NB3) do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (USP).

Segundo Friesen, o produto atende as exigências nacionais e internacionais -tanto da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) quanto do FDA, a agência regulatória americana para alimentos e medicamentos.

A durabilidade é um diferencial, diz Friesen: a proteção antiviral permanece ativa durante toda a vida útil do papel e da embalagem, mesmo se entrar em contato com o álcool ou outras substâncias. “O produto foi feito com fibras recicláveis, é reciclável e repoupável -ou seja, pode voltar a ser papel”, diz ele.

A iniciativa da Irani, que completa 80 anos este ano, integra o Irani Labs, programa de conexão com startups lançado pela companhia em 2020, para buscar soluções inovadoras e tecnológicas para o segmento de papel e embalagem.

As informações são da Folhapress

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