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Economia

Ibovespa sobe 1,29% e avança 2,04% na semana; dólar cai, mas permanece acima de R$ 4,90

Hoje, vindo de leves perdas de 0,12% e de 0,08% nas sessões anteriores, subiu 1,29%, aos 120.568,14 pontos

Redação Jornal de Brasília

10/11/2023 18h49

Foto: Divulgação

O Ibovespa fechou a terceira semana de avanço consecutivo, desta vez com ganho de 2,04%, após altas de 4,29% e de 0,13% nos intervalos precedentes. Hoje, vindo de leves perdas de 0,12% e de 0,08% nas sessões anteriores, subiu 1,29%, aos 120.568,14 pontos, no maior nível de fechamento desde 3 de agosto (120.585,77), com giro financeiro a R$ 23,6 bilhões nesta sexta-feira. No mês, o índice da B3 avança 6,56% e, no ano, ganha 9,87%. Hoje, oscilou entre mínima na abertura a 119 035,85 e máxima aos 120.822,77 pontos.

Em meio à retração dos rendimentos dos Treasuries, o ganho de fôlego dos índices de ações em Nova York à tarde e a virada que chegou a ser esboçada por Petrobras na B3 deram mais dinamismo ao Ibovespa na etapa vespertina. Entre as ações de maior peso e liquidez na Bolsa brasileira, apenas as de Petrobras (ON -0,32%, PN -0,46%) e Bradesco (ON -1,26%, PN -1,44%), que assim como a estatal também apresentou balanço trimestral na noite de quinta-feira, destoaram do sinal positivo no fechamento.

No encerramento, destaque para Soma (+6,62%), MRV (+6,30%) e Dexco (+5,88%), enquanto Locaweb (-5,30%), Lojas Renner (-4,35%) e São Martinho (-3,14%) puxaram a fila oposta. Entre os carros-chefes do Ibovespa, Vale ON subiu hoje 1,53% e, entre os grandes bancos, destaque para Itaú (PN +1,20%) – o terceiro maior peso individual na carteira Ibovespa, atrás apenas de Vale e Petrobras – e também para Banco do Brasil (ON +1,47%) e Santander (Unit +1,19%).

“Tivemos uma sessão bastante positiva para a Bolsa, com curva de juros fechando e dólar caindo, uma combinação que reflete a descompressão de risco, que colocou em destaque, na sessão, ações do setor financeiro, mas também com boa reação de outros segmentos, como o de varejo”, diz Lucca Ramos, sócio da One Investimentos.

“Dia de pouca volatilidade, o que acabou ajudando, desde o exterior, com o avanço firme visto em Nova York à tarde, que contribuiu para a correlação de dólar em queda e Bolsa em alta por aqui, favorecida também, ainda de manhã, pela leitura abaixo do esperado para a inflação em outubro”, diz Gabriel Meira, sócio da Valor Investimentos.

O dia começou bem com a leitura comportada do IPCA em outubro, que reforça a percepção de que o Copom terá condições de efetivar mais dois cortes de meio ponto porcentual na Selic nas duas próximas reuniões de política monetária, em dezembro e janeiro. Em alta de 0,24% no mês, o IPCA de outubro trouxe núcleos com “qualitativo benigno para a medição, dentro da meta de inflação”, diz Ariane Benedito, economista e RI da Esh Capital.

“O dado de outubro veio melhor do que as expectativas, o que deve favorecer as implícitas e a curva de juros, sem mudar o sentido da política monetária para a próxima reunião do Copom. No entanto, a continuidade de desaceleração gradual da inflação e de ancoragem das expectativas aumenta as chances de intensificação dos cortes na taxa de juros para o início de 2024”, acrescenta a economista.

“De forma geral, o resultado do IPCA foi lido de forma positiva, tendo ficado abaixo do consenso de mercado para o mês, ainda que não tenha sido uma surpresa muito grande”, diz Rachel de Sá, chefe de economia da Rico Investimentos. “Não fossem o risco fiscal e o cenário internacional bastante incerto, principalmente em razão das taxas de juros de longo prazo nos Estados Unidos, ainda em nível muito alto, o BC até poderia acelerar o ritmo de cortes da Selic”, acrescenta.

As expectativas do mercado financeiro para o comportamento das ações no curtíssimo prazo voltaram a ficar mais divididas no Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira. A maioria de 57,14% participantes acredita que a próxima semana será de alta para o Ibovespa e 28,57% esperam estabilidade, enquanto para 14,29% o índice deve acumular queda. No Termômetro anterior, o quadro era simétrico entre os que previam ganhos (50%) e os que estimavam variação neutra (50%), sem respostas apontando perda.

Dólar

Uma onda de apetite ao risco no exterior e o avanço de commodities como minério de ferro levaram o dólar a recuar no mercado doméstico de câmbio nesta sexta-feira, 10, embora a divisa ainda permaneça acima da linha de R$ 4,90. Com o movimento de hoje, a moeda devolve parcialmente os ganhos de ontem, quando foi impulsionada por declarações do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, que abriram possibilidade de nova alta de juros nos EUA.

Operadores relataram entrada de fluxo estrangeiro para a bolsa doméstica, que voltou a superar a marca dos 120 mil pontos, alinhada aos mercado em Nova York, internalização de recursos por exportadores e realização de lucros no mercado futuro. A leitura benigna do IPCA de outubro também teria contribuído para o apetite por ativos domésticos.

Tirando uma alta pontual no início dos negócios, quando superou os R$ 4,95 na máxima (R$ 4,9548), o dólar à vista operou em baixa ao longo do dia. Com mínima a R$ 4,9040 no início da tarde, a moeda fechou em baixa de 0,51%, cotada a R$ 4,9145. A divisa encerra a semana com leve alta (0,37%), mas ainda acumula desvalorização de 2,52% em novembro.

“O dólar acompanha a descompressão do prêmio de risco no exterior, após subir na sessão de ontem impulsionado pelas declarações de Powell inclinadas à alta de juros nos EUA. Essas declarações vieram uma semana após o presidente do Banco Central americano indicar que o ciclo de aperto monetário atual está próximo do fim”, afirma o CEO da corretora de câmbio Transferbank, Luiz Felipe Bazzo.

À tarde, a presidente do Fed de São Francisco, Mary Daly, ecoou as palavras de Powell ontem ao dizer que não há certeza de que a política monetária já estará em nível suficientemente restritivo e que uma eventual persistência da inflação poderia justificar mais aumentos de juros. Analistas ponderam que as falas recentes de dirigentes do Fed, incluindo as declarações de Powell ontem, buscam mais conter apostas em início de um ciclo de corte da taxa básica americana no primeiro semestre de 2024 do que propriamente sinalizar aumento adicional dos FedFunds.

No Brasil, o IPCA de outubro ratifica a perspectiva de corte da taxa Selic ao ritmo de 0,50 ponto porcentual da taxa Selic pelo menos nas duas próximas reuniões do Copom. Apesar disso, a avaliação é a de que tanto a taxa real quanto o diferencial de juros interno e externo seguirão elevados – o que, ao lado do saldos comerciais robustos, dá sustentação ao real.

O IPCA desacelerou de 0,26% em setembro para 0,24% em outubro – abaixo da mediana de Projeções Broadcast (0,29%). A variação do índice em 12 meses é de 4,82%, ligeiramente abaixo da mediana das projeções, de 4,87%

Para o Goldman Sachs, o dólar perderá força em relação ao real nos próximos meses, enquanto a moeda brasileira se beneficia de juros reais ainda elevados, contas externas sólidas e atividade econômica resiliente. O banco espera que a divisa americana caia a R$ 4,80 nos próximos três meses. Em seis meses, a cotação deve ceder a R$ 4,70 e, em 12 meses, a R$ 4,60.

“Mesmo enquanto as taxas de juros se normalizam, o peso mexicano, o real e o peso colombiano deverão ser as moedas mais protegidas da erosão de carry real no ano que vem”, dizem em relatório os estrategistas do Goldman Sachs.

Juros

Os juros futuros terminaram o dia em queda, acumulando baixa também na semana em relação aos ajustes da última sexta-feira. Tanto o ambiente externo quanto o doméstico contribuíram para o alívio nos prêmios de risco da curva local. Lá fora, as taxas dos Treasuries estiveram relativamente comportadas e, aqui, o IPCA de outubro veio abaixo da mediana das estimativas e com leitura benigna dos preços de abertura, consolidando a ideia de que há conforto para o Banco Central seguir com seu plano de voo

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 encerrou em 10,735%, de 10,805% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026 caiu de 10,59% para 10,50%. O DI para janeiro de 2027 fechou com taxa de 10,62% (10,71% ontem) e o DI para janeiro de 2029, com taxa de 10,99% (11,09% ontem).

As taxas mostraram ritmo de queda consistente durante toda a sessão, mantido inclusive após o aumento da cautela no mercado de Treasuries à tarde. A taxa da T-Note de 10 anos, que mais cedo operava abaixo de 4,60%, voltou a superar levemente este nível e o retorno da T-Note de 2 anos se firmou em alta. De todo modo, considerando que semanas atrás a T-Note de 10 aos chegou a romper 5%, os 4,60% são vistos como aceitáveis.

O economista da Guide Investimentos Victor Beyruti diz que, exceto pelo estresse ontem com declarações do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, que recolocaram na mesa a possibilidade de novo aumento de juros, as taxas longas lá fora se acomodaram em níveis mais bem comportados na semana, o que foi fator importante para o desenho da curva. “E hoje tivemos o impulso do IPCA, abaixo do consenso e com composição benigna”, disse.

O IPCA de outubro subiu 0,24%, arrefecendo levemente em relação a setembro (0,26%) e aquém da mediana das estimativas de aceleração a 0,29%. Em 12 meses, a taxa acumulada caiu de 5,19% para 4,82%, também abaixo da mediana (4,87%).

Economistas do Bradesco, em relatório, observam que nas métricas mais sensíveis ao ciclo econômico, a inflação também mostra uma trajetória benigna e se aproximando de 3%. “Os serviços subjacentes, medida que tem sido seguida com atenção pelo Banco Central, estão rodando em 3,4% nos últimos três meses anualizados”, disseram.

Nesse cenário, o ‘forward guidance’ do Copom, de novas reduções de 0,50 ponto porcentual da Selic nos encontros de dezembro e janeiro, parece assegurado. Adiante, o quadro é incerto, principalmente pelo cenário fiscal. O esforço do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para defender a meta de déficit zero em 2024 é valorizado pelo mercado – ontem, ele afirmou que a meta no Brasil é para ele “programática” e “não precisa nem estar na lei para perseguir” – mas o risco de mudança, na percepção dos agentes, segue latente. Embora o texto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) aprovado na Comissão Mista de Orçamento (CMO) tenha preservado o objetivo, há possibilidade de o governo apresentar uma emenda na comissão até 16 de novembro.

Estadão Conteúdo

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