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Economia

Ibovespa inicia semana em leve baixa de 0,13%, aos 120.410 pontos

Ibovespa sustentou a linha dos 120 mil pontos nesta segunda-feira, em leve viés negativo no fechamento, em dia sem sinal único

Redação Jornal de Brasília

13/11/2023 19h04

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Vindo de alta de 1,29% na sessão anterior, e de três semanas de ganhos consecutivos – no que foi sua melhor série desde os nove avanços seguidos, entre abril e junho -, o Ibovespa sustentou a linha dos 120 mil pontos nesta segunda-feira, em leve viés negativo no fechamento, em dia sem sinal único e de variações contidas também para as referências de Nova York.

Hoje, o índice da B3 oscilou dos 119.878,23 aos 120.606,30 pontos, saindo de abertura aos 120.561,18. Ao fim, mostrava baixa de 0,13%, aos 120.410,17 pontos, com giro a R$ 19,0 bilhões, em sessão com poucos catalisadores disponíveis, aqui e no exterior, para orientar os negócios. No mês, o Ibovespa sobe 6,42% e, no ano, tem alta de 9,73%.

Na B3, o desempenho das ações de Petrobras (ON +2,24%, PN +2,79%), com o avanço um pouco abaixo de 1,5% para as cotações do petróleo, contribuiu para mitigar o sinal majoritariamente negativo de outros setores de peso no índice, como o metálico (Vale ON -0,21%, CSN ON -0,24%, Gerdau PN -0,88%) e o financeiro à exceção, entre os grandes bancos, de Santander (Unit +1,31%, na máxima do dia no fechamento).

Na ponta ganhadora do Ibovespa, Petz (+3,41%), Lojas Renner (+3,01%) e Totvs (+2,83%), à frente das duas ações de Petrobrás e de CSN Mineração (+2,49%). No lado oposto, B3 (-4,09%), à frente de Magazine Luiza (-3,89%), Casas Bahia (-3,85%) e CVC (-3,62%) no fechamento.

O BTG Pactual rebaixou a ação ordinária da B3 de compra para neutro, destacando que o papel acumulou altas expressivas recentemente, de 5% na última sexta-feira e de cerca de 15% no mês de novembro. O preço-alvo para 2024, contudo, permanece em R$ 14,00, o que representa alta de 8% sobre o fechamento de sexta-feira, 10.

“O dia foi paradão, de ‘mais ou menos’ para ‘ruim’ lá fora, e aqui o mercado acompanhou. O destaque desde cedo foi a mudança da perspectiva do rating dos Estados Unidos por uma das agências de classificação de risco de crédito, com a nota para a dívida soberana colocada em revisão, o que resultou a princípio em abertura das curvas de juros lá fora”, diz Larissa Quaresma, analista da Empiricus Research, acrescentando que tal movimento de aversão a risco chegou a ser revertido no exterior ao longo do dia, o que ajudou também, em parte, as bolsas.

No fechamento desta segunda-feira, Dow Jones apontava leve alta de 0,16%, enquanto S&P 500 e Nasdaq ainda cediam 0,08% e 0,22%, respectivamente.

“Aqui, a curva de juros subiu, principalmente nos vértices intermediários, de três a sete anos, o que afetou, hoje, em especial as ações de menor capitalização de mercado, as small caps, enquanto o setor de energia, com Petrobras à frente, foi favorecido pelo avanço dos preços da commodity na sessão”, acrescenta a analista.

No quadro doméstico, a semana será mais curta no Brasil, com o feriado da quarta-feira, 15, pela Proclamação da República. No dia seguinte, 16, é “o final do prazo para a definição da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) pelo relator, deputado Danilo Forte, e há expectativa de mudança na meta fiscal para o ano que vem, de déficit zero para algo entre 0,50% e 0,75% do PIB, como saldo negativo, o que deve vir por emenda de parlamentar, não do governo”, avalia Julio Hegedus Netto, economista da Mirae Asset

No exterior, “a agenda começa a ganhar tração a partir de amanhã, com destaque para a divulgação de dados sobre a inflação ao consumidor, o CPI, nos Estados Unidos”, diz Gabriela Sporch, analista da Toro Investimentos.

“A agenda de hoje foi muito modesta e os mercados acionários pareceram corrigir os movimentos da semana passada, com um rali forte especialmente na Nasdaq, em Nova York, que tinha registrado seu maior ganho diário desde maio, na sexta-feira. Nesta semana, haverá novos dados de inflação não apenas nos Estados Unidos, mas também na Europa”, diz Dennis Esteves, sócio da Blue3 Investimentos, acrescentando que a cautela nessa abertura de semana decorreu, em especial, da decisão da agência Moody’s de colocar a nota de crédito dos EUA em revisão, com viés negativo.

No Brasil, o Boletim Focus, divulgado na manhã de hoje, trouxe queda nas expectativas de mercado para a inflação em 2023, após a divulgação da mais recente leitura sobre o IPCA, referente a outubro. “O Banco Central entende que a inflação começa a arrefecer e que deve chegar perto da meta em 2024, o que contribui para o trabalho de corte da taxa de juros, o que deve levar a Selic a 11,75% no fechamento de 2023”, diz Piter Carvalho, economista-chefe da Valor Investimentos.

Dólar

Após ensaiar um alta mais forte pela manhã, quando se aproximou do teto de R$ 4,95 na máxima (R$ 4,9425), o dólar à vista perdeu fôlego à tarde e encerrou a sessão desta segunda-feira, 13, em baixa de 0,14%, cotado a R$ 4,9078. Na mínima, a moeda desceu até R$ 4,9062. Operadores ressaltam que a liquidez foi bem reduzida, o que revela pouca disposição dos investidores por apostas mais contundentes. Principal termômetro do apetite por negócios, o contrato de dólar futuro movimentou menos de US$ 9 bilhões.

Com agenda doméstica esvaziada e sem definições no front fiscal, a formação da taxa de câmbio no mercado local foi muito influenciada pelo ambiente externo. O escorregão do real pela manhã se deu em meio à valorização global da moeda norte americana ao avanço das taxas dos Treasuries, ainda em resposta ao rebaixamento, na sexta-feira à noite, da perspectiva do rating AAA dos Estados Unidos, de estável para negativa, pela Moody’s. Além disso, há riscos associados à chamada disfuncionalidade da política americana. A Câmara dos Representantes dos EUA precisa votar até sexta-feira, 17, uma proposta para evitar paralisação parcial do governo (shutdown).

No início da tarde, o estresse já havia diminuído. Referência do comportamento da moeda americana frente a seis divisas fortes, o índice DXY virou para o campo negativo, com perdas do dólar em relação ao euro e a libra. As taxas dos Treasuries também trocaram de sinal e passaram a recuar. A maioria das divisas de exportadores de commodities se fortaleceu, em dia de valorização do minério de ferro e alta de mais 1% das cotações internacionais do petróleo. O peso chileno foi uma das raras exceções, com perdas de mais de 1%, diante da expectativa de uma postura mais branda do Banco Central do Chile, dada a desaceleração inflacionária recente.

É grande a expectativa para leituras de inflação nos EUA que saem esta semana, dado que dirigentes do Federal Reserve, incluindo o chairman Jerome Powell, adotaram um tom mais duro ao longo da semana passada, deixando aberta a porta para alta adicional da taxa de juros de referência nos EUA. Amanhã, 14, é divulgado o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) de outubro. Na quarta-feira, 15, é a vez do índice de preços ao produtor (PPI).

No Brasil, as atenções se voltam para a votação final da reforma tributária na Câmara dos Deputados, após aprovação com alterações no Senado. Especula-se também que pode haver mudança da meta de déficit zero para 2024 no projeto de Lei das Diretrizes Orçamentárias (LDO) nesta semana. A ala política do governo quer emplacar meta de déficit primário superior a 0,5% do PIB do ano que vem, com o objetivo de evitar contingenciamentos.

Juros

Os juros futuros fecharam com alta moderada, refletindo a expectativa com a agenda econômica nos próximos dias, em especial o índice de inflação ao consumidor (CPI, em inglês) nos Estados Unidos amanhã e, na área fiscal, a possibilidade de alteração da meta zero para 2024 no projeto de Lei das Diretrizes Orçamentárias (LDO) esta semana. E ainda com um feriado local entre os dois eventos. As taxas avançaram, mas com um giro de contratos fraquíssimo, num outro sinal de compasso de espera.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 encerrou a 10,750%, de 10,733% no ajuste de sexta-feira. O DI para janeiro de 2026 terminou com taxa de 10,53%, de 10,49% no ajuste anterior, e o DI para janeiro de 2027, com taxa de 10,65%, de 10,61%. A do DI para janeiro de 2029 subiu de 10,98% para 11,02%.

A alta mais firme das taxas locais se deu pela manhã, alinhada à trajetória dos Treasuries. À tarde o avanço dos yields perdeu fôlego, contribuindo para que as taxas aqui também desacelerassem o ritmo. Ainda assim, a curva doméstica não teve forças para engatar alívio consistente nos prêmios de risco.

“O quadro da semana vai mais pelo lado negativo, com o CPI de outubro amanhã, o fiscal aqui e o feriado entre as duas coisas”, resumiu Marianna Costa, economista-chefe do TC. A inflação americana vindo abaixo do esperado ou até em linha, explica, poderá ser a “pá de cal” nas apostas de nova alta de juros pelo Federal Reserve, especialmente se os dados de atividade também previstos para a semana apontarem desaceleração. “Se o CPI surpreender para cima, vai deixar a pulga atrás da orelha”, completou. A mediana das estimativas é de 0,1% para o índice cheio (3,3% no dado anual), de 0,4% e 3,7% em setembro. Para o núcleo, o consenso é de 0,3% e 4,1%, mesmas taxas de setembro.

No fim da tarde, o rendimento da T-Note de dez anos estava em 4,62%. Pela manhã, voltou a encostar nos 4,70%, ao bater máxima de 4,69%. Ainda que a Moody’s tenha revisado de estável para negativa a perspectiva para a nota AAA dos Estados Unidos na sexta-feira, a decisão é vista como pedra cantada, uma vez que o mesmo já tinha sido feito pela Fitch e pela S&P Global. “O problema é que, com esse timing, a Moody’s joga mais luz para a questão do shutdown”, explica Costa.

A Câmara dos Representantes dos EUA tem até sexta-feira para costurar um novo acordo que eleve o teto da dívida americana, evitando, assim, uma paralisação da máquina a partir de sábado.

A questão fiscal também é fator de cautela no Brasil. O governo tem até as 16h de sexta-feira, 17, se quiser mesmo alterar a meta de 2024 na LDO, apresentando uma emenda ao texto aprovado na Comissão Mista de Orçamento (CMO), que preservava o objetivo de zerar o déficit. O prazo se encerraria na quinta-feira, 16, mas o presidente do Senado e do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), levou em conta o feriado na quarta-feira, 15. A expectativa é que o parecer final do deputado Danilo Forte (União Brasil-CE) seja votado em 22 de novembro na CMO.

O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) apresentou nesta tarde emendas propondo alteração da meta zero para déficit de 0,75% ou 1% do PIB. Se acatadas, a decisão tende a ser mal recebida pelo mercado, cuja tolerância seria para um déficit de até 0,5%.

Estadão Conteúdo

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