Menu
Economia

Guedes defende desoneração da folha na saúde e diz que impacto ‘não é espantoso’

O ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu a desoneração da folha de pagamento na área da saúde, para compensar pagamento da enfermagem

FolhaPress

14/10/2022 8h37

Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

THIAGO AMÂNCIO
WASHINGTON, EUA

O ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu nesta quinta-feira (13) a desoneração da folha de pagamento na área da saúde, prometida pelo presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), para compensar o custo do pagamento do piso salarial da enfermagem.

Guedes afirmou que recebeu um telefonema de Bolsonaro pela manhã sugerindo o corte de impostos, que já existe para outras 17 categorias, e afirmou que o impacto na arrecadação do governo deve ficar entre R$ 1,5 bilhão e R$ 2,5 bilhões. “O número não é espantoso. Como é um número comum, falei ao presidente que parece razoável.”

“Tem candidato aí prometendo uma porção de coisas que não vai fazer nunca, por que o presidente não vai fazer uma coisa que pode ser feita?”, disse o ministro, que defendeu uma desoneração geral para tirar trabalhadores da informalidade.

Guedes está em Washington para participar das reuniões anuais do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do Banco Mundial. Nesta quinta (13), participou de reunião com o novo ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa. No evento, convocado pelos argentinos, segundo Guedes, Massa tratou de financiamentos de órgãos como o Banco Interamericano de Desenvolvimento para projetos na Argentina que podem beneficiar a região, e pediu apoio do Brasil em pleitos do tipo –é o caso de um gasoduto na região de Vaca Muerta, na Patagônia, por exemplo. “A Argentina tem muito gás e o Brasil procura reindustrialização em energia barata”, afirmou Guedes.

Para o ministro, a linha ideológica do governo portenho, comandado pelo esquerdista Alberto Fernández, de quem Bolsonaro é crítico contumaz, não tem sido um impeditivo para diálogos comerciais. “É bom para a região”, disse Guedes, que voltou a afirmar que vislumbra um futuro com uma moeda única para a América, um “peso-real”, nos moldes do euro na Europa.

Questionado se pediu apoio da Argentina a uma indicação brasileira para a presidência do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), que o governo brasileiro deve fazer dentro das próximas duas semanas, Guedes negou, mas afirmou que tem tido conversas informais sobre o assunto.

Pela tarde, Guedes encontrou-se com o secretário-geral da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), Mathias Cormann –o Brasil pleiteia uma vaga no chamado clube dos países ricos. Com Cormann, discutiram o avanço da candidatura do país, com tratado tributário e de meio ambiente. A jornalistas o ministro disse esperar que a adesão seja concluída até o ano que vem.

Guedes também conversou com a diretora-geral da Organização Mundial do Comércio, Ngozi Okonio-Iweala. O ministro afirmou que vai indicar o embaixador Sarquis José Buainain Sarquis, hoje secretário de Comércio Exterior e Assuntos Econômicos do Itamaraty, para ocupar o cargo de delegado do Brasil junto à Organização Mundial do Comércio no lugar do diplomata Alexandre Parola, cujo mandato se encerra em breve. A indicação precisa de aval do Senado.

Mais cedo, pela manhã, Guedes participou de café da manhã com ministros das finanças do G20, convocado pela Índia. O ministro tem defendido, ao lado de Índia e Indonésia, a criação de um novo modelo de compensação ambiental pelo qual países ricos paguem pela preservação do meio ambiente, na compra por exemplo de créditos de carbono.

À tarde, reuniu-se no FMI o Conselho de Estabilidade Financeira (FSB, na sigla em inglês), que discute ameaças à estabilidade do mercado financeiro global. Segundo o ministro, houve consenso que os riscos vêm subindo cada vez mais, com o fim da Guerra da Ucrânia fora do horizonte próximo.

Na quarta (12), Guedes já havia participado de duas reuniões do G20, em que voltou a defender o papel do Brasil na garantia da segurança alimentar e energética do mundo, e afirmou que o país está em transição para uma economia digital e verde.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, também participou do evento. Ele está com agenda cheia na capital americana e se encontrou nesta quinta com chefes de uma série de fundos de investimento –BlackRock, Discovery Capital Management, Kirkoswald e Roubini Macro. Também participou de jantar promovido pelo Fed, o banco central americano, com presidentes de uma série de bancos centrais.

Na sexta (14), participa de encontros com investidores organizados pelo Itaú e pelo banco UBS-BB, além de evento no Departamento do Tesouro. Guedes também falará com executivos em evento promovido pelo Itaú, além de participar das reuniões do FMI.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado