A paralisação dos caminhoneiros autônomos deve começar a afetar o abastecimento de hortifrútis no Rio Grande do Sul a partir da próxima semana. A previsão é da estatal Centrais de Abastecimento do Estado (Ceasa RS). Segundo o presidente da entidade, Paulino Olivo Donatti, até agora foram registrados “atrasos pontuais”, sem falta de nenhuma mercadoria.
Os protestos que dificultam o trânsito de caminhões pelo Estado ocorrem desde a última quarta-feira, mas ganharam maiores proporções no começo desta semana, com o aumento no número de pontos de bloqueio e interrupção da passagem de caminhões na BR-101. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, nesta terça-feira, o trânsito de veículos de carga na rodovia foi liberado por volta do meio-dia.
Os supermercados avaliam que não terão problemas de falta de produtos, em razão da diversidade de fornecedores de um mesmo item, mesmo para produtos perecíveis, avalia Antonio Cesa Longo, presidente da Associação Gaúcha de Supermercados. Segundo ele, a situação está sob controle e os estoques ainda são suficientes para aproximadamente dois dias no Estado.
No caso da distribuição de combustíveis, o setor também não enxerga dificuldades no curto prazo. O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis no Estado (Sulpetro), Adão Oliveira, disse que os transportadores seguem trabalhando no Estado e apenas encontram algumas dificuldades em trechos das estradas, mas nada que os impeçam de realizar as entregas.
A visão otimista de que o mercado se mantém abastecido contrasta com o discurso do representante do Movimento União Brasil Caminhoneiros (MUBC) na Grande Porto Alegre, Osmar Lima, e também com o posicionamento do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística no Estado do Rio Grande do Sul (Setcergs).
Para as duas entidades, o Rio Grande do Sul está parado. José Carlos Silvano, presidente do Setcergs, disse que alguns caminhões não estão saindo das garagens para não entrar em conflito com os manifestantes. Para ele, a partir de quarta-feira o Estado começará a sentir pressão nos preços, especialmente de produtos vindos de outras regiões. “O abastecimento local chega, mas o de outros Estados, não”.