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Economia

Febraban e INSS devem anunciar força-tarefa para fazer pente-fino nos consignados

Segundo Isaac Sidney, será possível realizar um pente-fino nos empréstimos consignados sem interromper os contratos atualmente em vigor. “Nós não estamos diante de uma situação crítica, não há nada fora do controle”, afirmou

Redação Jornal de Brasília

12/05/2025 14h06

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Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

JÚLIA GALVÃO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O presidente da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), Isaac Sidney, afirmou que foi proposta a criação de uma força-tarefa para investigar possíveis irregularidades na concessão de empréstimos consignados ao ministro da Previdência, Wolney Queiroz, e ao presidente do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), Gilberto Waller Júnior.

Segundo Sidney, em entrevista à GloboNews, os ministros devem visitar a Febraban na próxima segunda-feira (19), acompanhados também pelo advogado-geral da União, Jorge Messias, e pelo ministro da CGU (Controladoria-Geral da União), Vinicius Marques de Carvalho, para discutir todos os processos relacionados ao consignado.

“Havendo qualquer tipo de irregularidade, vamos fechar as fragilidades para que a gente possa assegurar que o aposentado só receba o crédito se ele efetivamente solicitou”, afirmou o presidente da federação.

Segundo Isaac Sidney, será possível realizar um pente-fino nos empréstimos consignados sem interromper os contratos atualmente em vigor. “Nós não estamos diante de uma situação crítica, não há nada fora do controle”, afirmou.

O presidente da federação disse também que o empréstimo consignado é uma importante ferramenta de financiamento do consumo. “Os bancos têm todo o interesse em que qualquer que seja o crédito de consignado ao aposentado seja por ele autorizado. Nós não vamos compactuar com fraudes”, disse.

Ele reforçou que é preciso dimensionar corretamente a situação atual para evitar a geração de insegurança ou pânico entre os beneficiários. Caso sejam identificadas operações não autorizadas, os empréstimos serão cancelados, e os valores, estornados, garantindo o ressarcimento aos aposentados prejudicados.

A força-tarefa proposta investigará casos em que aposentados possam ter tomado crédito sem autorização e buscará dimensionar o volume total dessas operações. Sidney também destacou a importância de apurar eventuais envolvimentos de familiares nas movimentações indevidas ou de correspondentes bancários atuando junto a servidores do INSS.

INVESTIGAÇÕES SOBRE O CONSIGNADO

Conforme apurado anteriormente pela Folha, após a operação Sem Desconto, que desmontou esquema de descontos associativos ilegais, também passaram a ser investigadas investigações sobre fraudes envolvendo empréstimo consignado para aposentados e pensionistas.

Os descontos de consignados, assim como as mensalidades associativas, também são feitos diretamente do valor da aposentadoria e pensão do INSS e têm sido fonte de reclamações dos segurados da Previdência Social.

Na última quinta-feira (8), um primeiro passo na tentativa de frear irregularidades foi dado pelo próprio INSS, que determinou o bloqueio de todos os benefícios previdenciários para o registro do desconto de novos empréstimos.

No início de 2024, a CGU soltou um relatório apontando irregularidades na concessão de consignado para aposentados e pensionistas do INSS. No relatório, o órgão orientou o INSS a mudar as regras do consignado.

O relatório indicou fragilidades relacionadas à fidedignidade das informações registradas no consignado, possíveis averbações de empréstimos pessoal consignado em benefícios inelegíveis. Os testes feitos pela CGU também apontaram a possível existência de contratos celebrados com taxas de juros acima do teto e inclusões de despesas com taxas ou seguro indevidas nas parcelas descontadas.

O trabalho não foi conclusivo em razão de possíveis falhas de validação do e-consignado do INSS e do fato de que o envio de algumas informações registradas nos sistema foi incompleto ou inconsistente.

À Folha o presidente do INSS, Gilberto Waller Júnior, também disse que um grande debate sobre a continuidade do consignado deve ser feito, e afirmou que, pelo valor que o órgão recebe dos bancos hoje, é melhor que a modalidade acabe.

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