SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
O dólar abriu em alta nesta sexta-feira (21) após os EUA anunciarem a retirada da sobretaxa de 40% sobre 212 produtos brasileiros, incluindo carne bovina, café e frutas.
A medida foi comemorada por associações e entidades de exportadores, enquanto o Itamaraty divulgou que continuará a negociação para excluir as tarifas que seguem vigentes sobre outros produtos.
Às 9h09, a moeda norte-americana subia 0,43%, cotada a R$ 5,3605. Na quarta-feira (19), o dólar fechou em alta de 0,36%, cotado a R$ 5,337, e a Bolsa caiu 0,72%, a 155.380 pontos.
Antes de o feriado fechar o mercado na quinta-feira, o foco do mercado esteve na ata da última reunião de política monetária do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos).
O documento mostrou que, em um comitê dividido, a decisão pelo corte de 0,25 ponto percentual passou por uma discussão sobre o que juros mais baixos significariam para o processo inflacionário.
“Muitos participantes foram favoráveis à redução”, apontou a ata, mas alguns deles também teriam ficado satisfeitos em manter a taxa básica inalterada. Ao mesmo tempo, outros se opuseram ao corte, “expressando preocupação com a estagnação do progresso em direção à meta de inflação de 2%”.
Além da possível trava na convergência da inflação ao objetivo, outros ainda levantaram a hipótese de que juros mais baixos poderiam, inclusive, causar um repique nas expectativas de inflação de longo prazo.
Na análise de André Valério, economista-sênior do Inter, o documento reforçou uma percepção que tem se tornado mais popular: há uma divisão clara entre os membros do comitê. A ausência de dados mais conclusivos, além da percepção de que há riscos elevados tanto de enfraquecimento do mercado de trabalho quanto de repique inflacionário, “também tem levado o Fed a adotar uma postura mais cautelosa no proceso de decisão”.
“Tudo indica que a decisão de dezembro será bastante dividida.”
É o que mostravam também as apostas do mercado. Na ferramenta Fed Watch, os operadores estavam no meio-a-meio: 50,9% deles apostavam em um corte de 0,25 ponto em dezembro, enquanto os 49,1% restantes viam a manutenção como mais provável.
Após a ata, a balança pendeu para o lado da manutenção. As probabilidades na quarta eram de 31,6% e 68,4%, respectivamente.
Reduções nos juros dos EUA costumam ser uma boa notícia para os mercados globais e o oposto também é verdadeiro. Como a economia norte-americana é vista como a mais sólida do mundo, os títulos do Tesouro, também chamados de “treasuries”, são um investimento praticamente livre de risco.
Quando os juros estão altos, os rendimentos atrativos das treasuries levam operadores a tirar dinheiro de outros mercados. Quando eles caem, a estratégia de diversificação vira o norte, e investimentos alternativos ganham destaque.
Outro destaque da agenda era o balanço da Nvidia, que foi publicado após o fechamento do mercado na quarta e mostrou um aumento de 62% na receita do terceiro trimestre na comparação com o mesmo período do ano anterior.
Investidores estão cada vez mais preocupados se o boom de inteligência artificial está superando os fundamentos, e a Nvidia, fabricante de chips de IA, é o termômetro da vez para os mercados globais.
“A cada trimestre que passa, o resultado da Nvidia se torna mais importante em termos de esclarecimento sobre para onde a IA está se movendo e quanto investimento está sendo feito”, disse Brian Stutland, diretor na Equity Armor Investments.