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Economia

Déficit do setor externo de agosto é o menor para o mês desde 2007, diz BC

Agência Estado

26/09/2016 16h09

Atualizada

O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Tulio Maciel, destacou nesta segunda-feira, 26, que déficit em conta corrente de agosto, de US$ 579 milhões, foi o menor para o mês desde 2007. Já os rombos acumulados no ano até agosto (US$ 13,119 bilhões) e em 12 meses até agosto (US$ 25,838 bilhões) são os menores desde 2009. <p><p>Maciel destacou que o resultado para agosto ficou próximo do que previa o Banco Central, que projetava déficit em conta de US$ 800 milhões. Segundo ele, o País segue numa dinâmica de obtenção de resultados interanuais bem melhores e o ajuste no balanço de pagamentos segue em andamento.<p><p>O chefe do Departamento Econômico do BC afirma que a queda da atividade econômica é fundamental no ajuste das contas externas, assim como as mudanças no câmbio. <p><p>As projeções do BC para o ano de 2016 também foram atualizadas nesta segunda e, de acordo com Maciel, a mudança cambial (queda mais recente do dólar ante o real) foi importante para a mudança na projeção de gastos líquidos de brasileiros no exterior, de US$ 6,0 bilhões para US$ 7,5 bilhões. <p><p>Houve ainda ajuste nas projeções para o total importado pelo Brasil em 2016, de US$ 140,0 bilhões para US$ 141,0 bilhões. "Ajuste em importação e viagens foi importante para nova projeção da conta corrente", comentou Maciel. Para o ano, a projeção de déficit passou de US$ 15 bilhões para US$ 18 bilhões. <p><p>"Na atividade econômica, estamos mais perto da estabilização. E hoje temos a taxa de câmbio em outro patamar, e isso tem efeito em diversas contas", comentou Maciel. "Câmbio e atividade balizam projeções." <p><p><b>IDP</b><p><p>O Banco Central prevê o ingresso de US$ 6,5 bilhões em Investimento Direto no País (IDP) no mês de setembro. O dado preliminar com dados até o dia 22 sinaliza ingresso de US$ 4,6 bilhões.<p><p>Ao apresentar os números, Túlio Maciel ressaltou que o ingresso de investimento produtivo alcançou US$ 7,2 bilhões no mês passado, ligeiramente melhor que a estimativa do próprio BC de entrada de US$ 7 bilhões. Com esse desempenho, o IDP de agosto foi o melhor para o mês desde 2014.<p><p>Os números observados até agora dessa fonte de recursos para o financiamento das contas externas, segundo Maciel, estão alinhados com a previsão da casa de entrada de US$ 70 bilhões no ano de 2016. Até agosto, a cifra alcança US$ 41,1 bilhões.<p><p><b>Ajuste</b><p><p>Durante a apresentação dos números do mês de agosto, Tulio Maciel ressaltou que continua o ajuste das contas externas do Brasil. Boa parte desse fenômeno, diz, tem sido gerado pela balança comercial. Segundo Maciel, cerca de 70% desse processo observado em 2016 é gerado pelo comércio exterior.<p><p><b>Saída pela renda fixa</b><p><p>O chefe do Departamento Econômico do Banco Central chamou atenção, durante coletiva para apresentação dos dados da Nota do Setor Externo, para a saída de recursos do Brasil por meio da renda fixa. Este ano, já foram US$ 15,551 bilhões líquidos para o exterior, de janeiro a agosto. <p><p>"Essa saída pela renda fixa é destaque e contrasta com o visto em 2015", comentou Maciel. No ano passado, de janeiro a agosto, o País havia recebido US$ 18,719 bilhões pela rubrica de renda fixa.<p><p>De acordo com Maciel, o resultado da renda fixa pode estar refletindo o fato de, nos dois anos anteriores, o País ter registrado forte ingresso de recursos pela renda fixa. Agora, segundo ele, é possível que esteja havendo alguma realização de lucros, o que é "natural". Maciel afirmou ainda que a perda do grau de investimento do Brasil, entre o fim do ano passado e o início deste ano, também pode estar se refletindo na renda fixa.<p><p><b>Parciais</b><p><p>Em setembro, até o dia 22, o Brasil registra saída pela conta de renda fixa de US$ 2,865 bilhões. No caso das ações, há saída de US$ 446 milhões. A taxa de rolagem no período, de acordo com Maciel, está em 96%.<p><p><b>Despesas com viagem</b><p><p>A recente valorização do real e o aumento da confiança dos consumidores começam a encorajar brasileiros a tirar o passaporte da gaveta. Números do Banco Central apresentados nesta segunda-feira mostram que o gasto em viagens internacionais aumentou no mês passado pela primeira vez desde 2015. Dado preliminar mostra que a tendência continua com ainda mais força em setembro.<p><p>Em agosto, as despesas totais de brasileiros no exterior alcançaram US$ 1,292 bilhão. O valor é 2,3% maior que o observado em igual período do ano passado. "A novidade é que as despesas em termos anuais voltaram a crescer. Isso não acontecia desde janeiro de 2015. Desde então, o valor sempre registrou recuo", disse Tulio Maciel. "Aparentemente, há retomada nesses gastos de brasileiros no exterior". <p><p>Os números preliminares de setembro confirmam a tendência. Até o dia 22, brasileiros gastaram US$ 973 milhões em viagens internacionais. Se a tendência se mantiver nos próximos quatro dias, as despesas terão crescimento de 8,1% na comparação com setembro de 2015. <p><p>No mesmo período até o dia 22, estrangeiros em viagem ao Brasil gastaram US$ 339 milhões. Assim, a conta de viagens internacionais registra saldo líquido negativo de US$ 634 milhões no dado preliminar de setembro. <p><p>Para Maciel, a retomada dos gastos no exterior pode ser explicada por dois fatores. O primeiro é a taxa de câmbio, já que o real mais forte reduz os gastos na conversão para a moeda nacional. "A taxa de câmbio determina grande parte dos custos lá fora. Da própria viagem, como os gastos em si como hospedagem e transporte", disse Maciel. "O câmbio significa redução de custo. A regra é: câmbio mais caro, custo maior".<p><p>Além disso, Maciel nota que a reação da confiança ajuda a melhorar o ambiente para os turistas. "A confiança do consumidor pode ajudar na margem. Comparativamente, isso mostra uma reação importante. E temos de notar que estamos partindo de um patamar reduzido".<p><p>Questionado sobre eventual impacto do maior gasto de brasileiros no exterior no câmbio, Tulio Maciel disse que o reflexo é "modesto". "A conta de viagens é importante, mas o impacto é modesto e o ajuste das contas externas segue o curso." <br /><br /><b>Fonte: </b>Estadao Conteudo

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