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Economia

Campos Neto alerta para possível ruptura nos mercados e defende esforço fiscal global

O chefe da instituição também elencou diversas pressões que afetam a trajetória da inflação pelo mundo

Redação Jornal de Brasília

10/10/2023 16h38

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

NATHALIA GARCIA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, defendeu nesta terça-feira (10) uma atuação coordenada entre os países no aspecto fiscal e alertou para o risco de ruptura dos mercados antes do fim do processo de desinflação global.

O chefe da instituição também elencou diversas pressões que afetam a trajetória da inflação pelo mundo e levantou questões sobre como o cenário internacional desafiador pode impactar as economias emergentes.

“A mensagem é que os governos precisam começar a endereçar o aspecto fiscal. Acho que somos muito coordenados no aspecto da política monetária, mas não somos muito coordenados na política fiscal”, afirmou.

“Se não formos capazes de endereçar isso de uma forma que as pessoas olhem para frente em termos de preços de mercado e vejam que teremos equilíbrio, pelo menos no médio prazo, nós podemos ter uma ruptura nos mercados antes de atingirmos o [fim do] processo de desinflação”, complementou.

Campos Neto participou de um painel sobre o estado da economia global e suas implicações para as economias de mercados emergentes no evento 2023 Global Meeting, organizado pelo Emerging Markets Forum, em Marrakech, no Marrocos.

O presidente do BC fez ainda um histórico dos desafios enfrentados pelos países desde a eclosão da pandemia de Covid-19 até os choques mais recentes, como o impacto sobre o preço do petróleo em meio ao conflito entre Israel e o grupo terrorista palestino Hamas.

Em sua fala, Campos Neto também destacou o alto custo de transição energética, maior incerteza no mercado de energia com as questões geopolíticas, além dos efeitos das mudanças climáticas sobre os preços dos alimentos, citando o impacto das chuvas na produção de arroz na região Sul.

“Daqui para frente, de onde vai vir a desinflação? O petróleo vai ficar mais caro, a transição verde custa dinheiro, a produtividade não está aumentando, acho que está diminuindo”, disse.

“O processo de desinflação pode parar em níveis mais altos globalmente? Se for verdade, o que vai acontecer? Viveremos com altas taxas de juros por mais tempo? O que isso vai significar para a economia emergente?”, acrescentou.

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