Menu
Economia

Caixa e setor imobiliário se unem para pressionar BC por mais crédito

Essa demanda vem sendo defendida pelas empresas desde o começo do ano, mas sem acolhimento da autoridade monetária

Redação Jornal de Brasília

28/09/2023 20h55

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Os representantes das construtoras ganharam um aliado de peso no pleito para a redução do compulsório bancário como forma de irrigar os financiamentos imobiliários. A Caixa entregou no início desta semana a mesma proposta ao Ministério da Fazenda, e, segundo a presidente do banco, Rita Serrano, a discussão vai envolver também o Banco Central (BC). Essa demanda vem sendo defendida pelas empresas desde o começo do ano, mas sem acolhimento da autoridade monetária.

“É necessário repensar o compulsório. Propusemos liberar o compulsório desde que vinculado ao financiamento imobiliário”, disse Serrano, durante participação em fórum organizado em São Paulo pela Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), que reuniu mais de 600 agentes do mercado.

A presidente da Caixa admitiu que o crédito imobiliário tem sido afetado pela perda de recursos da caderneta de poupança, que é a principal fonte de dinheiro para abastecer os empréstimos destinados à compra e à construção de moradias. “Já listei para o presidente do Banco Central (Roberto Campos Neto) a necessidade de repensar o produto da poupança para que volte a ser atrativo”, disse.

O depósito compulsório obriga bancos e instituições financeiras a depositarem parte dos recursos captados dos clientes, via depósitos à vista, a prazo ou poupança, em uma conta do BC. Os recolhimentos podem ser usados pelas instituições financeiras em momentos de crise.

Iniciativa

“O pedido partindo de um agente desse porte, líder em crédito imobiliário, engrossa a demanda existente no mercado”, disse o presidente da Abrainc, Luiz França. Pelas regras do Banco Central, 65% dos recursos da caderneta de poupança vão para os financiamentos imobiliários, enquanto 20% são guardados como colchão de liquidez na forma de depósitos compulsórios. Os 15% restantes são de uso livre pelas instituições.

A proposta em debate é de diminuir em 5% o compulsório, liberando os recursos para os bancos concederem crédito imobiliário. Isso poderia injetar R$ 38 bilhões em recursos no mercado, pelos cálculos do setor. 

Em baixa

Os financiamentos imobiliários com recursos das cadernetas estão em queda. No mês de agosto, atingiram R$ 13 bilhões, recuo de 22% na comparação com o mesmo mês do ano passado. Já no acumulado de janeiro a agosto, a baixa foi de 16%, chegando a R$ 100 bilhões. 

A proposta de mudança nas regras do compulsório foi levada ao BC pelo setor em março. No entanto, não houve apoio do BC porque a principal preocupação era diminuir a liquidez da economia a fim de combater a inflação. Só que o cenário mudou, diz França. “Liberar o compulsório lá atrás poderia até soar como uma medida esquisita. Agora, não. O juro está caindo, estamos vendo um afrouxamento. E o dinheiro vai ser usado para financiar o mercado imobiliário, que movimenta a economia e gera emprego.”

Estadão Conteúdo

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado