Menu
Economia

Bolsa tem maior alta diária em seis meses e dólar fecha a R$ 5 com inflação abaixo do esperado

A inflação de março, abaixo do esperado pelos economistas, fez a Bolsa disparar nesta terça-feira (11). O Ibovespa teve sua maior alta diária

FolhaPress

11/04/2023 19h25

Renato Carvalho

São Paulo, SP

A inflação de março, abaixo do esperado pelos economistas, fez a Bolsa disparar nesta terça-feira (11). O Ibovespa teve sua maior alta diária em mais de seis meses, com os analistas enxergando uma porta para um corte de juros pelo BC (Banco Central) com os preços em desaceleração.


O Ibovespa fechou em alta de 4,29%, a 106.213 pontos. É o maior avanço diário do índice desde o dia 3 de outubro de 2022, dia seguinte ao primeiro turno da eleição presidencial, segundo levantamento feito pela plataforma TradeMap.


O dólar comercial à vista caiu 1,16%, a R$ 5,007. Esta é a menor cotação de fechamento para a moeda americana frente o real desde junho de 2022.


Nos mercados futuros, os juros também reagiram à inflação. Nestas negociações, o mercado tenta antecipar o comportamento da Selic nos próximos anos, de acordo com o vencimento de cada contrato.


Nos contratos para janeiro de 2024, a taxa passou dos 13,22% do fechamento desta segunda-feira (10) para 13,14%. No vencimento em janeiro de 2025, os juros recuaram de 11,99% para 11,78%. Para janeiro de 2027, os juros caíram de 11,98% para 11,75%.


O índice oficial de inflação do Brasil teve pressão da gasolina em março, mas desacelerou a alta para 0,71%, após avanço de 0,84% em fevereiro.


É o que apontam os dados do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) divulgados nesta terça-feira (11) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).


Com o novo resultado, o IPCA acumulou inflação de 4,65% em 12 meses -o avanço era de 5,60% até fevereiro. Trata-se do menor nível desde janeiro de 2021, quando o índice estava em 4,56%.


Alexandre Maluf, estrategista Macro da XP Investimentos, afirma que a surpresa positiva não veio só do índice cheio. “A média dos núcleos de inflação ficou em 0,36%, abaixo da nossa projeção de 0,44% na variação mensal”, diz Maluf.


Mesmo assim, a XP mantém a projeção de que uma queda de juros pode vir somente a partir do terceiro trimestre do ano.


“Mantemos as projeções de 6,2% para o IPCA de 2023 e de 5,0% para 2024. Elas partem da hipótese de aumento da meta de inflação para 4,5% para 2024, e que o BC buscará a convergência para esse índice apenas em 2025”, diz Maluf.


Camila Abdelmalack, economista chefe da Veedha Investimentos, destaca a forte desaceleração na inflação de serviços, que passou de 1,4% em fevereiro para 0,25% em março.


“Precisamos ver se esta é uma tendência que vai continuar. Mas pela importância do setor de serviços, este é um indicador importante de desaceleração da atividade econômica provocada pela alta dos juros”, afirma Abdelmalack.


Segundo Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos, a inflação serviu para melhorar as perspectivas para os investidores. “Representa o vislumbre dos primeiros sinais que abrirão as portas para o corte da Selic em junho, se juntando ao otimismo com o andamento da proposta do novo arcabouço fiscal.”


Celso Pereira, diretor de investimentos da Nomad, acredita que mesmo com a desaceleração recente do IPCA, o cenário para os juros ainda é incerto.


“É importante destacar que nos meses de julho, agosto e setembro do ano passado tivemos uma deflação, algo que não deve voltar a acontecer neste ano”, afirma Pereira.


André Fernandes, diretor de renda variável e sócio da A7 Capital, acredita que o comportamento da inflação pode ter influência no discurso do BC, nas próximas reuniões sobre juros.


“Podemos ver um discurso mais leve na próxima reunião do Copom, mesmo com a manutenção da Selic no patamar atual. Isso deve aliviar as tensões entre BC e governo”, diz Fernandes.


Na avaliação de Alan Dias Pimentel, especialista em Renda Variável da Blue3 Investimentos, o dado anima muito o mercado, e influencia principalmente as ações de varejistas, que são mais sensíveis à inflação. Destaque para a ação ordinária do Magazine Luiza, que sobe mais de 11%.


“Agora, começa a se afastar a possibilidade de alta de juros, que surgiu após a última reunião do Copom. A expectativa de juros acaba caindo também, o que aparece nas taxas futuras”, afirma Pimentel.


Outro assunto que está no radar dos investidores é o novo arcabouço fiscal. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), tornou-se um dos maiores apoiadores do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Em repetidos encontros com autoridades de Brasília, ele tem repetido que o comandante da economia tem “conversado muito, se mostrado aberto” e “razoável”. Lira é peça fundamental para a aprovação das novas regras pelo Congresso.


Para Guilherme Paulo, especialista da Manchester Investimentos, as notícias sobre o andamento das novas regras fiscais também colaboraram para o desempenho do Ibovespa nesta terça-feira. “Precisamos que este arcabouço seja bem estruturado para que o mercado veja credibilidade na política fiscal”, afirma.


Nos Estados Unidos, o tema principal também é a inflação, mas no caso, a expectativa pela divulgação do índice de preços ao consumidor, o CPI, referente a março nesta quarta-feira (12).


Os índices de ações em Nova York mostram que os investidores atuam em compasso de espera nesta terça-feira, aguardando o CPI para firmar um posicionamento em relação à próxima reunião do Fed (Federal Reserve, o banco central americano), marcada para maio.


Não houve uma tendência definida entre os principais índices. O Dow Jones fechou em alta de 0,29%. O S&P 500 terminou o dia estável, enquanto o Nasdaq fechou em baixa de 0,43%.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado