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Economia

BNDES quer consolidar novo tipo de financiamento para diversificar disputa em leilões

Um dos pilares é o avanço do financiamento que pode ser acionado quando as garantias do empréstimo são sustentadas pelo próprio projeto

Redação Jornal de Brasília

11/01/2022 7h28

O Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) quer consolidar em 2022 um tipo de financiamento que busca migrar o status do mercado de infraestrutura do Brasil de local para global. Como mostrou o Estadão/Broadcast, um dos desafios do governo federal neste ano é diversificar o número de investidores que disputarão as concessões, especialmente de rodovias, que exigirão investimentos de mais de R$ 80 bilhões. O salto planejado pelo BNDES tem como um dos pilares o avanço do chamado ‘project finance’, financiamento que pode ser acionado quando as garantias do empréstimo são sustentadas pelo próprio projeto.

A diferença é que hoje, geralmente, as garantias estão atreladas ao balanço das companhias, o que limita a capacidade de tomada de empréstimo pelas empresas, principalmente para quem é de fora. A virada de chave, portanto, está amparada na consolidação de projetos de infraestrutura refinados, que suportam as próprias dívidas, com foco na prestação de serviços de infraestrutura. “O efeito colateral disso é atrair o investidor que é de fora do Brasil. Que tem balanço robusto lá fora, mas não tem aqui dentro”, afirmou o diretor de infraestrutura, concessões e PPPs do BNDES, Fabio Abrahão.

Além de atrair empresas estrangeiras, esse tipo de projeto também abre espaço para fundos de investimento e companhias nacionais de menor porte disputarem os ativos brasileiros, avaliou o diretor. “Nós conseguimos fazer isso em saneamento. E achamos que conseguiremos fazer a mesma coisa com rodovias”, disse Abrahão.

Na área de transportes, o BNDES deu um passo importante com o ‘project finance’ a partir da operação da Linha 6-Laranja do metrô de São Paulo. A instituição concedeu em dezembro um empréstimo de R$ 7 bilhões ao projeto. “Foi a primeira operação relevante [de project finance]. Esses movimentos combinados colocam o Brasil numa outra esfera de capacidade de atração de operadores de outros mercados”, afirmou o diretor do banco.

Para que esse tipo de financiamento “pare em pé”, são necessários três ingredientes principais, explica o banco. Um projeto de ótima qualidade, um bom pacote de garantias e bons acionistas responsáveis pelo empreendimento. A redução de riscos é crucial para quem irá conceder o financiamento.

“O que a gente quer é, nos cenários de desvio, estar salvaguardado. A qualidade do projeto diminui esses riscos. Aí você consegue ter um pacote de garantias que dê conforto para o sistema financeiro e o mercado de capitais”, afirmou ao Estadão/Broadcast o superintendente de Saneamento, Transporte e Logística da Diretoria de Crédito à Infraestrutura do BNDES, Leonardo Pereira. “O projeto é estruturado para ter estresses e aguentar”.

O ‘project finance’ é uma das apostas do governo para diversificar a concorrência nos leilões de rodovias neste ano. Isso porque, à medida que as disputas vão ocorrendo e as empresas comprometem seus balanços com os novos ativos, fica mais difícil haver disputa forte nos próximos certames, apontou a secretária de Planejamento, Desenvolvimento e Parcerias do Ministério da Infraestrutura, Natália Marcassa. “Então no que precisamos avançar agora é a estruturação do financiamento”, disse Marcassa.

No BNDES, a avaliação é de que os projetos que estão sendo colocados na praça, com o auxílio da estruturação do banco, comportam esse tipo de financiamento. “Acoplamos essa ferramenta, que foi desenhada ao longo do último ano e meio. Isso tudo é um fluxo. Começamos a ver que o filme está mudando com operadores de médio porte bidando [dando lance em leilões] para algumas rodovias. Isso já mostra o início da mudança”, afirmou Abrahão.

Estadão Conteúdo

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