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Economia

Banco Central não faz política fiscal, mas joga luz ao debate, diz Campos Neto

Ele disse ainda que os diretores ficariam mais livres para expressar suas ideias quando o BC se tornasse autônomo e que essa seria uma forma de se preparar

Redação Jornal de Brasília

11/02/2021 13h53

Larissa Garcia

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, voltou a defender a disciplina fiscal e contrapartida caso o auxílio emergencial seja prorrogado. Entretanto, ele disse que a autoridade monetária não faz política fiscal, apenas joga luz ao debate.

“O Banco Central não faz política fiscal, o que podemos fazer é tentar jogar luz ao debate”, afirmou em evento do JP Morgan nesta quinta-feira (11).

“Você pode ter um programa em que se gaste mais e pensa que terá efeitos expansionistas, mas se a fragilidade do fiscal é alta o bastante para promover um desalinhamento dos preços, e isso é um impedimento para investimentos, esse efeito anula o de colocar dinheiro na economia”, justificou.

Além disso, Campos Neto justificou que as divergências entre os membros do Copom (Comitê de Política Monetária) na última reunião, em janeiro, detalhada na ata, faz parte da política de transparência e não significa um sinal de que o BC pode antecipar o ciclo de alta na taxa básica de juros. Ele esclareceu que a discussão era para março e não já em janeiro, como foi interpretado.

“Quando você olha a forma como os bancos centrais se comunicam, parece sempre ter consenso em tudo, mas isso nunca acontece. Se você coloca cinco economistas em uma sala, provavelmente eles vão discordar em muitas coisas. Pensamos que tornar isso mais transparente poderia melhorar a forma como nos comunicamos”, afirmou.

Ele disse ainda que os diretores ficariam mais livres para expressar suas ideias quando o BC se tornasse autônomo e que essa seria uma forma de se preparar.

“Sempre soubemos que existe um conflito entre ficar mais transparente e dar sinais confusos porque as pessoas iam ver a transparência como um sinal, já que usamos isso no passado”, disse.

Para ele, o mercado interpretou mal a divergência. “Nós fomos muito claros que isso não é um sinal”, completou.

“As pessoas interpretaram mal e imaginaram que [a discussão sobre a alta] seria já em janeiro e não em março e isso não faz sentido se olharmos o comunicado [da decisão]. Se os membros achassem que já deveria começar a alta em janeiro, eles não votariam para a manutenção [da Selic]”, afirmou.

Na ocasião, o BC manteve a Selic a 2% ano, mas alguns membros do comitê discutiram sobre se já não seria o momento de subir a taxa, alegando preocupação com o risco inflacionário.

Por fim, decidiram esperar a publicação de indicadores econômicos mais recentes para definir os próximos passos.

O evento foi realizado um dia depois de a Câmara ter aprovado o projeto que dá autonomia ao BC.

Caso o texto seja sancionado, Roberto Campos Neto poderá se tornar o presidente mais longevo da história da autarquia.

Pela nova regra, até 90 dias depois que a norma entrar em vigor, ele poderá ser nomeado, sem nova sabatina no Senado, e poderá permanecer no cargo até o fim 2024. Depois, ele poderá ser reconduzido por mais quatro anos, permanecendo como titular até 2028.

Como Campos Neto está na presidência desde fevereiro 2019, poderá completar nove anos e dez meses no cargo.

Até agora, o presidente que permaneceu mais tempo no cargo foi Henrique Meirelles (governo Lula), de janeiro 2003 a dezembro de 2010, oito anos ao todo.

As informações são da Folhapress

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