Menu
Economia

Apoio à privatização é maior em São Paulo que no Brasil

A taxa de apoio às privatizações no estado de São Paulo também é mais alta entre homens, pessoas mais escolarizadas e com maior renda

FolhaPress

10/04/2023 8h22

De acordo com o estudo, contribuíram para o crescimento de Brasília os valores de IPTU, ISS e ICMS, que são mais baixos no DF em comparação com outras cidades do país | Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília

THIAGO BETHÔNICO
SÃO PAULO, SP

A taxa de apoio à privatização de empresas e serviços públicos é maior entre moradores do estado de São Paulo do que no restante do Brasil.

Pesquisa Datafolha mostra que 42% dos paulistas são a favor da transferência de estatais para o setor privado, enquanto 38% da população brasileira têm essa mesma opinião. Além disso, a oposição a privatizações é menor entre os paulistas: 43%, ante 45% no recorte nacional. A minoria (3%) diz ser indiferente, e 12% dos entrevistados não sabem (14% no país todo).

A pesquisa do Datafolha foi feita entre os dias 3 e 5 de abril, em 64 municípios de todas as regiões do estado de São Paulo. Foram realizadas 1.806 entrevistas presenciais, com pessoas acima de 16 anos. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.

O levantamento mostra que o apoio sobe para 51% dos moradores do estado que declaram saber o que é privatização e estar bem informados sobre o assunto. Nesse recorte, 46% dizem ser contra.

A taxa de apoio às privatizações no estado de São Paulo também é mais alta entre homens, pessoas mais escolarizadas e com maior renda.

A maioria dos entrevistados que ganham mais de dez salários mínimos (57%) apoia a privatização, enquanto 36% dos que recebem até dois salários dizem o mesmo.

Entre os que possuem curso superior, 48% concordam com a venda de empresas públicas -dez pontos percentuais a mais que entre pessoas com ensino fundamental.

Diferença semelhante é percebida em relação ao gênero. Quase metade dos entrevistados homens (47%) é a favor de privatizações, enquanto 37% das mulheres apoiam.

Em relação à taxa de rejeição, a oposição é mais alta entre os que reprovam o governo de Tarcísio de Freitas (65%), e entre os simpatizantes do PT (56%).

A pesquisa do Datafolha também ouviu a opinião dos entrevistados sobre a transferência de empresas e serviços específicos para a iniciativa privada.

Os resultados indicam que o apoio dos paulistas é maior para a privatização de estradas e aeroportos, e menor para os bancos públicos, Petrobras e Sabesp.

Estradas e rodovias tiveram a maior taxa de apoio, com 54% dos entrevistados dizendo ser favoráveis à privatização -39% contrários.

Metade dos paulistas (51%) também disse ser favoráveis à concessão de aeroportos.

Os dados mostram que os moradores do estado aprovam mais a privatização nesses setores do que o restante da população brasileira.

No país, 48% concordam com a transferência de estradas e rodovias para a iniciativa privada, e 47% aprovam no caso dos aeroportos.

Já a lista dos itens que tiveram maior rejeição é liderada pelos bancos públicos. A maioria dos entrevistados (55%) diz ser contra a privatização dessas instituições, enquanto 38% apoiam.

A Sabesp vem em sequência, com 53% dos paulistas declarando rejeição, e 40% apoio.

Proporção semelhante é vista quando o tema é a venda da Petrobras: 52% são contrários, 40% favoráveis.
O Datafolha também elaborou um índice para medir o grau de adesão à privatização de empresas e serviços estatais. A cada item em que o entrevistado dizia ser favorável à privatização era considerado um ponto. Quanto mais alta a pontuação, numa escala de 0 a 10, maior o grau de adesão -e vice-versa.

Os resultados indicam o perfil de quem apoia e rejeita a privatização no estado de São Paulo.

O grupo mais pró-privatização é composto por simpatizantes do PL (47%) -partido em que o ex-presidente Jair Bolsonaro disputou a eleição presidencial de 2022- e por apoiadores da gestão de Tarcísio no governo do estado (33%).

Já a visão antiprivatista prevalece entre as mulheres (42%), simpatizantes do PT (47%) e os que reprovam a administração do governador de São Paulo (49%).

A pesquisa também ouviu a opinião dos entrevistados sobre os benefícios da concessão de empresas e serviços estatais.

São 46% os que dizem que a privatização traz mais benefícios que prejuízos para a economia do Brasil.

Proporção semelhante (45%) diz o oposto: que o processo é mais nocivo que benéfico.

Os percentuais não são muito diferentes dos observados em relação à população brasileira.

No entanto, mais da metade dos entrevistados (57%) diz que os produtos e serviços de empresas privadas são melhores do que os oferecidos por companhias públicas. A percentagem chega a 62% entre jovens de 16 a 24 anos e a 64% entre os que tm de 25 a 34 anos.

Entre os de 60 anos ou mais, 50% dizem que produtos e serviços de empresas são melhores, enquanto 25% acham que são piores que os de companhias públicas.

A avaliação positiva dos produtos e serviços privados é maior também entre homens (64%), pessoas mais escolarizadas (68%) e que possuem renda familiar mensal entre cinco e dez salários mínimos (69%).

No quesito preço, 68% avaliam os produtos e serviços de empresas privadas como mais caros que os oferecidos pelas estatais. A percepção prevalece entre os que têm entre 16 e 24 anos (78%), e os que são contrários às privatizações em geral (80%).

Em relação à corrupção, a pesquisa Datafolha aponta que as opiniões ficam divididas. Para 42%, o nível de corrupção é menor em companhias privadas, enquanto 41% acreditam que as estatais têm menos casos.
Maioria diz que estradas privatizadas são melhores

SÃO PAULO

Para a maioria dos moradores de São Paulo, as estradas que foram privatizadas no estado são superiores às rodovias públicas em relação à qualidade.

Segundo o Datafolha, 70% dos entrevistados dizem que as vias que cobram pedágio são melhores do que as federais e estaduais -proporção que sobe para 77% entre os que dizem trafegar por essas estradas.

O levantamento mostra que a minoria (6%) diz que a privatização das rodovias não mudou a situação em relação ao que era antes, enquanto 15% afirmam que a qualidade piorou. Outros 10% não sabem.

Os dados refletem a percepção medida pela pesquisa de que é melhor uma estrada com pedágio, com mais recursos para asfalto de qualidade e boa sinalização do que o contrário. A grande maioria (89%) concorda com a afirmação.

Contudo, apesar da boa avaliação, os paulistas dizem ser contra a privatização de estradas vicinais -rodovias com pista simples, que ligam cidades ou bairros.

A maioria (55%) não concorda com a cobrança de pedágio para melhorar as condições dessas estradas, enquanto 42% apoiam.

O Datafolha também questionou se os entrevistados costumam usar os aeroportos de Cumbica, em Guarulhos, e de Viracopos, em Campinas.

A grande maioria disse não ter esse hábito: 72% não costumam pegar voos em Cumbica, e 87% em Guarulhos.

Como a maioria da amostra não frequenta os terminais, a avaliação geral sobre a qualidade dos serviços após a privatização ficou dividida.

Sobre Cumbica, 33% aprovam , 12% desaprovam e 23% consideram regular. Outros 32% dizem não saber.

Em relação a Viracopos, 30% afirmam que a privatização do aeroporto foi positiva, 9% negativa e 23% regular. Dizem não saber 38% dos entrevistados.

Contudo, entre os usuários, a percepção tende a ser positiva. Para a maioria dos respondentes que costumam pegar voo em Cumbica (53%), a concessão para a iniciativa privada foi ótima ou boa. Outros 26% avaliam como regular, e 12% como ruim ou péssima.

Entre os usuários de Viracopos, 56% dizem que a privatização foi positiva. Um em cada quatro (25%) acha que foi regular, e 10% avaliam negativamente.

O Datafolha ainda perguntou como os entrevistados avaliam empresas de energia como CPFL, Eletropaulo e Cesp, que foram privatizadas pelo estado de São Paulo na década de 1990.

Os resultados indicam uma divisão. Para 39%, a privatização foi ótima ou boa, 29% veem como regular, e outros 24% como ruim ou péssima. Dizem não saber 8%.

A aprovação tende a ser maior entre os que têm 60 anos ou mais (42%), com ensino superior completo (44%), e que recebem entre cinco e dez salários mínimos (51%).

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado