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Economia

Alcançar equilíbrio entre mulheres e homens exigiria US$ 360 bi por ano, diz ONU

Relatório também aponta que 340 milhões de meninas e mulheres podem cair em situação de extrema pobreza

Redação Jornal de Brasília

08/09/2023 20h42

Foto: Agência Brasil

DOUGLAS GAVRAS
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Para que seja atingido o equilíbrio entre mulheres e homens seria necessário um investimento de US$ 360 bilhões (R$ 1,8 trilhão) por ano até 2030, segundo o mais recente relatório anual “The Gender Snapshot”.

O documento, divulgado nesta quinta-feira (7), foi produzido em conjunto por dois braços das Organizações das Nações Unidas: a ONU Mulheres e o Desa (Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas).

O cenário traz os desafios que países, como o Brasil, ainda enfrentam para atingir os planos de ações globais previstos na Agenda 2030, que reúne objetivos para o desenvolvimento sustentável.

Nesse sentido, o relatório também aponta que, caso as tendências atuais se mantenham, mais de 340 milhões de meninas e mulheres (ou 8% da população feminina mundial) vão viver em situação de extrema pobreza até 2030. Para o estudo, foi considerado que a extrema pobreza ocorre quando as pessoas contam com até US$ 2,15 por dia (pouco menos de R$ 11).

Os autores estimam que 1 de cada 4 mulheres deve experimentar algum grau de insegurança alimentar até 2030. “O mundo está falhando com mulheres e meninas”, diz a ONU.

Os dados não tratam separadamente do Brasil, mas indicam que, apenas na América Latina e no Caribe, 13 milhões a mais de mulheres podem ser empurradas para a pobreza até 2050 e pode faltar comida para mais 20 milhões delas, caso o cenário atual seja mantido.

Por outro lado, um esforço para reduzir as disparidades de gênero em sistemas agroalimentares pode, além de reduzir a insegurança alimentar, impulsionar o PIB (Produto Interno Bruto) global em quase US$ 1 trilhão (R$ 4,9 trilhões), segundo a ONU.

Um dos principais fatores que dificultam a redução de desigualdade é a falta de acesso à educação, os dados apontam que 110 milhões de meninas e mulheres jovens estarão fora da escola em 2030.

No mercado de trabalho, a diferença global entre rendimentos também é persistente: para cada US$ 1 (R$ 4,98) que um homem ganha por seu trabalho, uma trabalhadora mulher recebe praticamente a metade, cerca de US$ 0,51 (R$ 2,54).

Além disso, enquanto 90% dos homens em idade de trabalhar se encontram na força de trabalho, apenas 61,4% das mulheres fazem parte dela, ainda segundo perspectivas globais.

O tempo empregado em funções sem remuneração também varia entre homens e mulheres e isso deve se manter nos próximos anos. A próxima geração de mulheres deve gastar, em média, 2,3 horas a mais por dia que os homens em trabalhos domésticos e em outras atividades não remuneradas da chamada economia do cuidado.

Os dados apontam que a chegada das mulheres a postos de liderança segue travada: cerca de 28,2% delas exercem funções de comando em seus locais de trabalho, 35,5% fazem parte de governos locais e 26,7% ocupam cadeiras em Parlamentos.

Ainda segundo a ONU, as mudanças climáticas podem fazer com que até 158,3 milhões de mulheres caiam na pobreza até a metade do século -quase 16 milhões a mais que o total de homens e meninos que devem passar pela mesma situação.

A instituição também conclui que nenhum país está totalmente preparado para erradicar a violência doméstica, e que apenas 27 contam com sistemas eficazes que garantem recursos para políticas públicas de igualdade de gênero e empoderamento feminino.

Em nota à imprensa, Sarah Hendriks, vice-diretora executiva da ONU Mulheres, diz que o momento atual é crítico para a questão de gênero e que é preciso que os países tomem atitudes para minorar os efeitos da desigualdade.

“Devemos agir coletiva e intencionalmente agora para vivermos em um mundo onde todas as mulheres e meninas tenham direitos, oportunidades e representação iguais. Para alcançar isso, precisamos construir um compromisso inabalável, criar soluções inovadoras e colaborar em todos os setores.”

Maria Francesca Spatolisano, secretária-geral adjunta para Coordenação de Políticas do Desa, lembra que a igualdade de gênero é a base de uma sociedade justa.

“Ao quebrar as barreiras que têm impedido a plena participação de mulheres e meninas em todos os aspectos da sociedade, liberamos o potencial inexplorado que pode impulsionar o progresso e a prosperidade para todos.”

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