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CPI da covid: Roberto Dias paga fiança e é liberado da prisão

Senadores da base aliada do governo pediram ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), para tornar nula a prisão do ex-diretor. No entanto, o presidente preferiu não interferir na decisão

Marcus Eduardo Pereira

07/07/2021 23h26

Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

Após o presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), o senador Omar Aziz (PSD-AM), dar voz de prisão ao ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, o detido pagou fiança de R$ 1.100 e foi liberado da sala da Polícia do Senado Federal, na garagem do Congresso.

Senadores da base aliada do governo pediram ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), para tornar nula a prisão do ex-diretor. No entanto, o presidente preferiu não interferir na decisão.

Dias depôs à Comissão na tarde desta quarta-feira (7) e, durante depoimento, afirmou que o encontro com o representante da Davati Medical Supply, Luis Paulo Dominghetti, foi “acidental”. Nesse encontro, que ocorreu em fevereiro deste ano em um restaurante de Brasília, Dominghetti afirma ter recebido um pedido de propina de Dias de U$ 1 por dose da vacina.

Porém, essa afirmativa foi desmentida por áudios que estavam no celular de Dominghetti e foram revelados pela CNN que mostram que o encontro não foi acidental, como ele havia dito. no dia 23 de fevereiro, dois dias antes do encontro, Dominghetti envia um áudio para “Rafael”, uma pessoa que não se sabe quem é, às 16h22. “Rafael, tudo bem? A compra vai acontecer, tá? Estamos na fase burocrática. Em off, pra você saber, quem vai assinar é o Dias mesmo, tá? Caiu no colo do Dias… e a gente já se falou, né? E quinta-feira a gente tem uma reunião para finalizar com o Ministério”, diz Dominghetti.

Dois dias depois, no dia 25, Dominghetti afirma, também em áudio, que a reunião com Dias já está marcada para “finalizar com o Ministério”. Ele ainda fala que quem irá assinar o contrato é o próprio Dias. Ainda no dia 25, Dominghetti recebe um áudio de um aliado, Odillon, o homem que supostamente o ajudou a fazer contato com militares e abrir as portas do Ministério. Na mensagem, Odillon pergunta sobre a reunião.

No dia 26, um dia após o encontro, Dominghetti volta a entrar em contato com “Rafael”, afirmando que havia acabado de sair do Ministério. Na agenda oficial, o encontro é registrado. “Rafael, acabei de sair aqui do Ministério. Tudo redondinho. O Dias vai ligar pro Cristiano (representante da Davati no Brasil) e conversar com o Herman (CEO da Davati) ainda hoje, tá. Ele tá afinando essa compra aí, várias reuniões certificando a turma de que a vacina já está à disposição do Brasil”, diz Dominguetti.  O policial finaliza o áudio dizendo que estão discutindo como seria o pagamento. “Se for da AstraZeneca, melhor ainda.”

A advogada de Dias afirmou que o pedido é um “absurdo” e ele deu “contribuições valiosíssimas”. Senadores tentaram continuar as perguntas, porém a advogada afirmou que, se ele realmente estiver agora como investigado, Dias não responderá mais.

Senadores da base governista argumentam que a decisão de deter Dias ocorreu durante sessão do plenário da Casa, o que é proibido pelo regimento interno. “O presidente da CPI, em ato arbitrário, e ao meu ver, clássico caso de abuso de autoridade, determinou a prisão do depoente sem um fato que justifique e em momento absolutamente ilegal, face o funcionamento da CPI concomitantemente com o funcionamento do plenário do Senado Federal. Peço a vossa excelência que, em razão do caráter de ilegalidade desse ato arbitrário, determine o seu desfazimento”, pediu o senador Marcos Rogério (DEM-RO).

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