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Universidades internacionais: especialista explica o passo a passo para uma vaga em instituições no exterior

Hoje, mais do que nunca, é necessário que pensemos em um processo mais individualizado para cada aluno e suas ambições acadêmicas

Redação Jornal de Brasília

27/03/2024 12h02

Por Valmir Gomes

Por muito tempo, estudar fora do Brasil como parte da educação básica ou superior era algo reservado somente a quem teria poder aquisitivo para fazê-lo. Ou, mais importante ainda, a quem tem acesso à informação de como fazer parte dessa realidade. De fato, esse acesso continua hoje limitado, quando pensamos proporcionalmente em relação a toda a população brasileira. Porém, hoje vivemos em um mundo globalizado e extremamente conectado, o que faz com que tenhamos muito mais noção das possibilidades de estudo e crescimento profissional ofertados por instituições educacionais estrangeiras. Hoje, mais do que nunca, é necessário que pensemos em um processo mais individualizado para cada aluno e suas ambições acadêmicas e profissionais.

Há alguns pontos fundamentais que precisam ser cuidadosamente analisados para que o aluno possa tomar uma decisão assertiva: país, universidade e curso de escolha, estudo da comunidade escolar e estudo de possíveis benefícios futuros.

Comecemos pela escolha do país, porém, o processo de escolha não necessariamente segue essa ordem. Nesse contexto, o ponto de partida para a escolha da universidade é fazer uma análise sobre o país de destino. Importante observar a cultura do país de escolha, a região onde as possíveis universidades se situam, o clima de tal região, o acolhimento de estrangeiros nessa cultura e os custos para se morar em tal país. Todos esses pontos precisam ser avaliados para evitar que o estudante opte por um país que não condiz com o perfil da família. Não é incomum alunos se mudarem para países com clima bastante frio, por exemplo, e não se adaptarem a essa nova realidade.

É importante entender também que cada país tem um processo específico de seleção para entrada no ensino superior. Na minha carreira, sempre ajudei escolas, famílias e alunos a terem esse entendimento para planejarmos um plano individual de acordo com o plano de cada família. As opções são muitas e variadas, no último ranking de universidades internacionais, por exemplo, entre os 30 países mais bem posicionados no mundo, estão EUA, Inglaterra, França, Suíça, Singapura, Japão, China, Austrália, Canadá e China (Hong Kong).

Depois de definidos os possíveis países, o estudante precisa pesquisar as principais universidades de interesse. Sempre convido alunos e pais a fazerem um estudo mais aprofundado. O mais comum é que as famílias procurem as universidades de maior renome. Por exemplo, nomes como Harvard, Stanford, Princeton, MIT nos EUA, ou Oxford, Cambridge na Inglaterra, são universidades que, de fato, podem oferecer grandes ganhos para os alunos que lá estudam, porém precisamos entender que não são as únicas possibilidades, sem mencionar que o ingresso nessas universidades é extremamente competitivo.

Na verdade, somente nos EUA e na Inglaterra, por exemplo, há milhares de outras universidades em uma grande variedade de regiões e com cursos tão bem, senão mais bem ranqueados que os cursos dessas instituições. Somente nos EUA, temos 5999 instituições de ensino superior que variam de região, de especialidade, de custo, de possibilidades, de bolsas para estrangeiros e de relacionamento com o mercado de trabalho.

O curso ideal

Antes mesmo da escolha dos possíveis países e universidades, é a escolha do curso ou possíveis áreas de atuação. Atualmente, temos pelo mundo vários outros centros de excelência de ensino superior, como mencionado acima. Quando focamos em áreas específicas, esse leque de oportunidades se amplia mais ainda.

Analisemos o caso da inteligência artificial. No último ranking lançado pela US News, empresa estadunidense que gera relatórios sobre níveis de universidades dos Estados Unidos e globais por área, dentre as 10 instituições com melhores programas de inteligência artificial estão 5 chinesas (dentre elas a #1 mundial nessa área que é a Tsinghua University), 1 de Hong Kong, 2 de Singapura e 2 da Austrália.

Interessantemente, se mudamos o foco para Negócios e Economia, os EUA lideram com 8 universidades (a #1 sendo Harvard), 1 Inglesa e 1 Holandesa. O foco no curso trará a possibilidade de ampliarmos a gama de opções. Importante ressaltar que, mesmo nas universidades em países que não falam inglês, há cursos na língua inglesa para trazer maior internacionalização ao seu campus.

Tendo noção dos possíveis cursos, países e universidades, o próximo passo envolve fazer um aprofundamento da comunidade escolar. Qual a porcentagem de estrangeiros nessa universidade? Quais são as línguas faladas no campus? Como funcionam os dormitórios? Quais os serviços de apoio ao estudante que existem na universidade? A universidade oferece apoio psicológico, apoio de carreira, oportunidades de estágio, oportunidades de educação continuada? O aluno se vê florescendo nesse ambiente educacional? Todas essas perguntas ajudam a guiar o estudante e sua família para melhor calibrar as expectativas e entender o que esperar da experiência de aprendizagem da instituição de escolha.

Ter acesso a todas essas informações equipa as famílias para tomarem uma decisão informada sobre o destino acadêmico de seus filhos, os possíveis ganhos por se expor a uma nova cultura, a um novo ambiente acadêmico e a possibilidade de desenvolvimento de uma rede de contatos que os auxiliará em sua vida adulta.

Participação da escola

Todos esses estudos devem fazer parte de um processo de acompanhamento vocacional individualizado onde os alunos irão começar a estudar possibilidade, se conhecer melhor e entender o que almejam, junto com seus familiares, pois é um investimento familiar. Nesse processo, os alunos precisam fazer um planejamento reverso junto com a escola.

Tanto durante a seleção de cursos, universidade e países, quanto após a decisão ter sido tomada, a escola deve auxiliar o aluno para que ele entre na universidade de sua escolha, seja em uma universidade portuguesa utilizando a nota do ENEM, seja passando pelo processo de seleção de uma universidade estadunidense que requer preparo específico (provas padronizadas internacionais, análise de histórico escolar, cartas de recomendações de professores, carta de convencimento escrita pelo aluno para explicar a motivação por trás de seu interesse naquela universidade, dentre outros pré-requisitos).

Para melhor preparar o aluno nessa tomada de decisão, a escola precisa de um programa de acompanhamento vocacional para criar meios oficiais para informar e guiar os alunos no processo de aplicação para universidades estrangeiras. Muitas universidades querem alunos internacionais para aumentar a diversidade cultural do campus e dar oportunidades para alunos com habilidades específicas, o que facilita o processo de bolsas escolares. Esse processo também deve ser meticulosamente estudado e acompanhado pela escola e responsáveis.

Atividades de extensão

Exemplos de atividades sugeridas para que esse acompanhamento seja bem sucedido são idas à feiras universitárias, programas de verão nas comunidades desejadas com foco em alunos do ensino médio, cursos online, contato online com oficial de admissões das universidades estrangeiras, contato com alunos que estão frequentando as universidades (sempre por intermédio da escola, por segurança), e ainda cursos no ensino médio na área de interesse. Todo esse processo precisa ser feito de maneira individual e intencional, em parceria com alunos e familiares durante todos os anos do ensino médio.

As universidades querem que os talentos as escolham. Assim, os alunos precisam saber que toda sua trajetória no ensino médio importa, pois servirá de evidência de seu comprometimento com a aprendizagem, preparação para a vida universitária e demonstrará o seu potencial de crescimento. Quando a escola acompanha e guia os alunos em suas trajetórias conseguimos garantir que eles consigam ir para a universidade de sua escolha, seja no Brasil ou em qualquer lugar do mundo.

*Valmir Gomes é educador e líder educacional com experiência em escolas internacionais no Brasil, China e EUA. Já foi professor de Ensino Fundamental 1, Ensino Fundamental 2 e Ensino médio. Lecionou cursos de Língua Inglesa, Humanidades, Tecnologia e Design Digital. Em cargos de liderança já foi coordenador de ensino médio e fundamental 2, especialista em tecnologia educacional e, mais recentemente, Reitor Acadêmico em escola internacional na cidade de Shenzhen na China, Vice-diretor Geral em escola internacional em Washington, DC, EUA e, atualmente, Diretor de Inteligência e Inovação no Colégio Everest Brasília. Ele é formado em Letras Português/inglês pelo Uniceub, pós-graduado em gestão escolar e possui certificado de ensino de Tecnologia Europeu. Também tem mestrado em educação e certificado de liderança educacional pela Universidade do Estado de Nova Iorque. Algumas de suas experiências educacionais mais recentes incluem a Escola das Nações, Escola americana de Brasília, Ningbo International School, Whittle School & Studios Shenzhen, Whittle School & Studios Washington DC e em projetos independentes de consultoria nos EUA e no Brasil.

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