Menu
Brasília

Falta de UTI na rede pública de saúde expõe vidas

Arquivo Geral

11/03/2015 6h40

Manuela Rolim e Ludmila Rocha
[email protected]

O enterro da menina Clarice, que não resistiu após esperar quase dois dias por um leito em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal, será hoje, no cemitério Campo da Esperança. A expectativa era que nesta época amigos e familiares estivessem comemorando o nascimento da criança, mas, em função da demora para que sua mãe realizasse uma cesariana – indicada pelo alto risco da gestação -, lamentam agora a morte. O secretário de Saúde, João Batista de Sousa, determinou abertura de sindicância para apurar as circunstâncias do óbito e do atendimento à gestante.

 Segundo a Secretaria de Saúde (SES), o Distrito Federal possui 84 leitos de UTI neonatal, sendo 69 em hospitais regionais, quatro em hospitais universitários e 11 na rede contratada. E mais, atualmente, a média de pacientes por dia que aguardam por vaga em leito de UTI  da rede pública de saúde  gira em torno de 60. “Hoje (ontem), 79 pacientes estão inscritos na Central de Regulação, sendo 66 com necessidade de UTI adulto, dois de UTI pediátrica e 11 de UTI neonatal. Porém, o número de pacientes que aguardam por leito de UTI muda constantemente ao longo do dia”, afirma a assessoria da pasta. 

Convênio

 O órgão esclarece  que, no total, a Secretaria de Saúde conta com 440 leitos de UTI, sendo 290 regulados e próprios da SES, 49 eletivos, ou seja, reservados para pacientes em pós- operatório que necessitam de UTI, e 87 leitos das unidades conveniadas e contratadas da pasta. 

 O número, no entanto, é insuficiente para as demandas, como mostra o Relatório Analítico das Contas do GDF, feito pelo Tribunal de Contas em 2013. O documento atesta que a secretaria administrava de maneira insuficiente as 432 UTIs do Distrito Federal. Ainda segundo o relatório, naquele ano, 64% das solicitações de internação não foram atendidas. Além disso, constatou-se que havia retenção indevida de pacientes, que já haviam recebido alta.

 De acordo com o defensor público Ramiro Santana, nos casos de urgência, a Defensoria do DF costuma entrar com ação no mesmo dia, o que não significa que o atendimento será imediato. “O núcleo da saúde tem um plantão que atua quando existe alguma situação de emergência. E os casos mais comuns são os que envolvem leitos de UTI”, afirma.

14 ordens judiciais para internação
 
Só neste ano,  a Defensoria Pública do DF já agilizou cerca de 250 ações referentes a leitos de UTI. Ainda assim,  ontem existiam 14 ordens judiciais para internação em leitos de UTI que estão aguardando cumprimento.
 
 Quanto aos pedidos mensais, os números são ainda mais alarmantes. Em média, foram feitos 37 atendimentos por mês em 2013 e 89 em 2014. Mais do que isso, apenas em fevereiro do ano passado, foram 71 solicitações, enquanto que no mesmo período deste ano  foram 156, o que comprova o aumento pela procura. Por fim, durante todo o ano de 2014, houve  1.068 atendimentos para leitos de UTI. 
 
Segundo a Secretaria de Saúde do DF, todos os pacientes são avaliados conforme os protocolos operacionais e clínicos. Portanto, os leitos são disponibilizados de acordo com as necessidades de cada caso.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado