Manuela Rolim e Ludmila Rocha
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O enterro da menina Clarice, que não resistiu após esperar quase dois dias por um leito em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal, será hoje, no cemitério Campo da Esperança. A expectativa era que nesta época amigos e familiares estivessem comemorando o nascimento da criança, mas, em função da demora para que sua mãe realizasse uma cesariana – indicada pelo alto risco da gestação -, lamentam agora a morte. O secretário de Saúde, João Batista de Sousa, determinou abertura de sindicância para apurar as circunstâncias do óbito e do atendimento à gestante.
Segundo a Secretaria de Saúde (SES), o Distrito Federal possui 84 leitos de UTI neonatal, sendo 69 em hospitais regionais, quatro em hospitais universitários e 11 na rede contratada. E mais, atualmente, a média de pacientes por dia que aguardam por vaga em leito de UTI da rede pública de saúde gira em torno de 60. “Hoje (ontem), 79 pacientes estão inscritos na Central de Regulação, sendo 66 com necessidade de UTI adulto, dois de UTI pediátrica e 11 de UTI neonatal. Porém, o número de pacientes que aguardam por leito de UTI muda constantemente ao longo do dia”, afirma a assessoria da pasta.
Convênio
O órgão esclarece que, no total, a Secretaria de Saúde conta com 440 leitos de UTI, sendo 290 regulados e próprios da SES, 49 eletivos, ou seja, reservados para pacientes em pós- operatório que necessitam de UTI, e 87 leitos das unidades conveniadas e contratadas da pasta.
O número, no entanto, é insuficiente para as demandas, como mostra o Relatório Analítico das Contas do GDF, feito pelo Tribunal de Contas em 2013. O documento atesta que a secretaria administrava de maneira insuficiente as 432 UTIs do Distrito Federal. Ainda segundo o relatório, naquele ano, 64% das solicitações de internação não foram atendidas. Além disso, constatou-se que havia retenção indevida de pacientes, que já haviam recebido alta.
De acordo com o defensor público Ramiro Santana, nos casos de urgência, a Defensoria do DF costuma entrar com ação no mesmo dia, o que não significa que o atendimento será imediato. “O núcleo da saúde tem um plantão que atua quando existe alguma situação de emergência. E os casos mais comuns são os que envolvem leitos de UTI”, afirma.